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FOTO: Valquir Aureliano/SMCS

A história de Zulmiro, o pirata britânico que teria vivido em Curitiba, continua a fascinar o imaginário popular e inspirou até a criação de um parquinho temático pela Prefeitura. Recentemente, um novo capítulo dessa história foi escrito com a descoberta de um importante documento: o croqui do Lote 614, um mapa oficial da cidade com mais de 100 anos.

A peça foi encontrada por servidores da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU) e tornou-se uma chave para pesquisadores que buscam comprovar a existência do Pirata Zulmiro e seu tesouro perdido.

O Lote 614 foi encontrado na equipe de arquivos do Departamento de Cadastro Técnico (UCT) da SMU, localizado no Alto da Glória. A SMU vem realizando um trabalho de preservação e digitalização de documentos históricos, o que tem permitido resgatar informações sobre a evolução da cidade ao longo de seus 331 anos de história. A servidora e engenheira cartógrafa Elza Kruchelski, após ouvir um podcast sobre o Pirata Zulmiro, decidiu procurar pelo documento mencionado pelo pesquisador Marcos Juliano Ofenbock, que há 21 anos pesquisa sobre a figura lendária.

O croqui foi feito em papel manteiga, com traços vermelhos que delimitam a área de terras pertencentes a João Francisco Inglez, nome pelo qual Zulmiro teria se apresentado no Brasil. O documento, registrado na Prefeitura em 1923, refere-se a uma área de 49,8 mil m² no bairro Pilarzinho, mas acredita-se que seja uma transcrição de um registro ainda mais antigo.

Novas Descobertas

A descoberta do croqui trouxe novas pistas sobre a história do Pirata Zulmiro. De acordo com Ofenbock, a partir do croqui, ele e outros pesquisadores conseguiram encontrar documentos ainda mais antigos, datados de antes de 1871. Entre esses achados está a solicitação de Zulmiro por um terreno para cultivo, na área que hoje é um conjunto habitacional. Além disso, os pesquisadores descobriram uma certidão de 1829, na qual Zulmiro renuncia à religião anglicana para casar na igreja católica com uma jovem de 14 anos chamada Rita. Este é o documento mais antigo encontrado com a assinatura de “John Francisco”.

Outros achados incluem informações sobre a vida de João Francisco, como o fato de ele ter sido jornaleiro e ter dois filhos. O Censo de 1836 o descreve como morador da região do Pilarzinho, onde cultivava milho e feijão. Em 1889, foi registrado o falecimento de um “João Francisco Inglez” aos 90 anos, reforçando a possibilidade de sua existência real.

O fascínio em torno do tesouro perdido do Pirata Zulmiro ainda atrai muitos estudiosos e aventureiros. O próprio Marcos Juliano Ofenbock lidera uma expedição com o objetivo de resgatar as riquezas que Zulmiro teria enterrado na Ilha da Trindade, no Espírito Santo, após saquear um navio espanhol. Para isso, Ofenbock contou com o apoio de várias instituições, como a Marinha do Brasil, o Consulado Britânico e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), e iniciou um processo de pedido de autorização junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para realizar a caça ao tesouro, prevista para 2027.

As descobertas sobre Zulmiro e seu suposto tesouro continuam a movimentar a pesquisa histórica e a imaginação popular, com novas pistas surgindo a cada descoberta.