Em meados do século XIX, Charles Darwin agitou todo o conjunto de idéias sobre a evolução da vida e de nossas origens.
Quase ninguém notou na hora, mas o mundo mudou no dia 1º de julho de 1858. Nascia a teoria da evolução pela seleção natural. Darwin sugeria que todos os organismos da Terra do mais rudimentar protozoário até os seres humanos, descendiam de um único ancestral.
Homem e macaco na passagem mais famosa da época, compartilhavam um ancestral comum (mais tarde o bispo de Oxford questionaria a Thomas Huxley, amigo de Darwin, se ele descendia de um macaco por parte de avô ou de avó).
Vale mencionar, o papel pouco lembrado, mas não menos importante de Alfred Russel Wallace. Esse naturalista-explorador escrevera a Darwin, em 1856, compartilhando que ele também havia lido Malthus (população em PG, alimento em PA) e experimentava agora um repentino vislumbre provocado por aquela mesma teoria. As idéias de Wallace sobre evolução, resumidas em doze páginas, eram exatamente paralelas às de Darwin.
O pesquisador foi aconselhado a fazer uma apresentação conjunta (Wallace-Darwin) sobre o assunto na Sociedade Linnean. Wallace concordou e foi o que se fez.
Darwin demorou a publicar suas idéias, porquê, ao contrário de Wallace, procurou confirma-las através de um grande número de evidências. Foi devido a essa base de evidências, fundamentadoras de maneira estruturada de seus escritos, que seu nome tornou-se o principal expoente da teoria da evolução.
Atualmente, os ensinamentos centrais da teoria evolucionista tornaram-se o eixo de praticamente toda a pesquisa biomédica.
Devido às teorias de genética e evolução de populações, a medicina farmacogenética ou “medicina individualizada” tem rapidamente se desenvolvido nos últimos anos. Hoje é possível investigar diferenças genéticas entre pessoas e usar esses dados para escolher que remédios serão mais eficazes e terão menos efeitos colaterais para cada paciente.
Evolução e seleção natural são a causa pela qual não há cura para a AIDS e o porquê estamos perdendo a guerra contra as bactérias resistentes a antibióticos.
A procura das causas genéticas de doenças é hoje pesquisada usando os genomas de múltiplas espécies e buscando trechos de DNA que foram mantidos intactos durante longos períodos evolutivos.
Enfim, em 1889, Wallace publicou um excelente trabalho sobre seleção natural. O título escolhido por ele foi: Darwinismo.
Darwin e Wallace defenderam que a variedade entre os indivíduos numa população surge ao acaso. Indivíduos portadores de características que os favoreçam na “ luta pela vida” tenderão a deixar mais descendentes. O acúmulo de modificações ao longo das eras acaba gerando novas espécies. Dessa maneira, não há necessidade de invocar a atuação divina na criação de todos os seres. Nota-se que a teoria elimina o sobrenatural da biologia, criando uma separação que se aprofundaria nos anos seguintes.
Em 2009, o mundo comemora o “Ano de Darwin”, com os 150 anos da “Origem” e o bicentenário do nascimento do naturalista. A revolução darwinista teve sua gênese de forma tímida, no mundo científico em 1858, no qual o próprio Darwin desempenhou um mero papel secundário.
Os anos mostraram como uma idéia tão poderosa e transformadora surgiu de um começo tão simples.
FILMOGRAFIA ATUALIZADA
– GATTACA
– O REPLICANTE
– PONTO DE MUTAÇÃO
Curiosidades:
Darwin ou Wallace?
Wallace tinha seu trabalho pronto para publicação muito antes de Darwin. As anotações de Darwin, de 1844, mostram no entanto, que ele havia desenvolvido suas idéias sobre a seleção natural antes de ter lido o manuscrito de Wallace. O próprio Wallace sempre reconheceu que cabia a Darwin a maior parte do crédito por esse conceito inovador. (Silva, César da ; César Sezar – 2002 – biologia 3)
* Pedro Virgílio Constâncio – Professor de Biologia do Curso Dom Bosco