Morria, em 07 de março de 1999, um dos maiores diretores da história do cinema (senão o maior): Stanley Kubrick. O seu olhar e a sua técnica estavam acima de toda e qualquer convenção e, justamente por causa disso, as suas obras conseguiram um alcance e uma influência difíceis de se mensurar.
O seu passado como fotógrafo possibilitou a construção de diversas camadas visuais em seus filmes, tornando-os todos diferentes entre si, mas unificados no sentido de transportar o público para dentro da história, como se estivesse participando de maneira camuflada da ação. Talvez por isso seja difícil atribuir a Kubrick um estilo próprio. Cada filme fala por si só, graças à apuração e excelência do trabalho do diretor, que desnudou como poucos as neuroses e absurdos da sociedade moderna.
O fato de ser uma figura controversa e avessa à convivência falsamente pacífica de Hollywood transformou Kubrick em uma sumidade, e a sua obra continua a se fazer presente em diferentes aspectos da cinematografia, mesmo após 20 anos de seu falecimento.
Nesta pequena homenagem ao diretor, listo os seus filmes, do pior ao melhor. Nem tanto baseado no meu gosto pessoal, mas sim, na admiração geral e repercussão que cada obra causou, tanto para mim quanto para outras pessoas. Fique à vontade para discordar, ou, num sentido maior, descobrir/redescobrir as obras de um cineasta que, por mais clichê que possa soar a frase, estava anos-luz à frente de seu tempo.
13º) Medo e Desejo (Fear and Desire, 1953)
Primeiro filme de Kubrick. Apesar das limitações na produção, é nítida a perfecção que tomaria conta da carreira do diretor.
12º) A Morte Passou por Perto (Killer’s Kiss, 1955)
Incursão de Kubrick pelo film noir. O diretor brinca com os clichês do gênero e acaba construindo uma narrativa acima da esperada.
11º) Lolita (Lolita, 1962)
Adaptado do livro de Vladimir Nabokov (que também assinou o roteiro), Kubrick abordou, em uma época conservadora ao extremo, a relação entre uma adolescente de 14 anos e um homem de meia-idade, apelando para a situação mais inteligente possível: instigando a imaginação do público pela subjetividade.
10º) Spartacus (Spartacus, 1960)
Indicado a 6 Oscars, o filme foi um grande sucesso de bilheteria, mesmo com cerca de 3 horas de duração. Kirk Douglas o considerava um dos trabalhos em que mais gostou de atuar.
09º) De Olhos Bem Fechados (Eyed Wide Shut, 1999)
O último filme da carreira de Kubrick, lançado postumamente, não foi visto com bons olhos na época de seu lançamento. Mas a obra estrelada pelo então casal Tom Cruise e Nicole Kidman antecipou, com muita propriedade, as neuroses surgidas a partir da diversidade sexual que tomou conta do novo milênio.
08º) O Grande Golpe (The Killing, 1956)
Quentin Tarantino já afirmou em algumas entrevistas que se inspirou na edição não-linear desse filme para construir a montagem de Pulp Fiction. Na época em que foi lançado, a obra causou polêmica por essa inovação, mas anos depois alcançou o status de cult.
07º) Nascido para Matar (Full Metal Jacket, 1987)
Considerado um dos grandes filmes de guerra da história do cinema, a visão mordaz de Kubrick sobre a Guerra do Vietnã injeta humor negro e uma certa beleza para inserir o público dentro dos horrores do acontecimento histórico.
06º) Barry Lyndon (Barry Lyndon, 1975)
Um fracasso de bilheteria em sua época, “Barry Lyndon” ganhou ares de superprodução com o passar dos anos. Novamente, o olhar apurado de Kubrick retrata com exatidão outro momento importante da História: a falência social e moral da aristocracia europeia.
05º) Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, 1971)
Baseado no livro de Anthony Burgess, Kubrick trouxe toda a sua acidez na discussão sobre os limites da manipulação da mente, em relação a uma juventude sem perspectivas sociais e culturais.
04º) Glória Feita de Sangue (Paths of Glory, 1957)
Primeira parceria de Kubrick com Kirk Douglas, aqui o diretor analisa, com uma mistura de cinismo e sentimentalismo, a barbárie da Primeira Guerra Mundial.
03º) O Iluminado (The Shining, 1980)
Adaptando o livro de Stephen King (numa versão detestada pelo escritor), Kubrick traçou um dos mais brilhantes estudos sobre a loucura através de Jack Torrance (Jack Nicholson em sua melhor atuação). Um dos grandes filmes de terror da história do cinema.
02º) Dr. Fantástico (Dr. Strangelove or: How I Learned To Stop Worring and Love the Bomb, 1964)
Contando com Peter Sellers se dividindo em três papéis, o filme foi escolhido pelo crítico Roger Ebert como a melhor sátira política da história do cinema.
01º) 2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odissey, 1968)
O filme mais influente da história do cinema, sem mais.