Agenor Miranda de Araújo Neto. Lendo este nome, talvez não lhe cause muito impacto, mas com certeza se falarmos Cazuza, você vai saber de quem estamos falando. Agenor é o nome verdadeiro de Cazuza, o cantor e compositor que mudou a cara da música brasileira na década de 80, sendo uma das personalidades mais controversas e corajosas da nossa história recente.

Se estivesse vivo, Caju, como era chamado pelos íntimos, completaria nesta quinta (04) 61 anos de idade. Em pouco mais de oito anos de trabalho intenso, Cazuza deixou uma extensa lista de canções que expuseram as realidades mais duras do país, além de marcar a vida de muita gente, com as suas belíssimas composições sobre a dor e a delícia de se amar.

Atualmente, no cenário musical um tanto quanto limitado em que vivemos (no qual bons artistas, novos e antigos, não conseguem o destaque de outrora), vale a pena revisitar a obra de uma das personas mais inteligentes e talentosas da música brasileira.

Em homenagem ao aniversário do grande poeta, fizemos uma mistura e selecionamos grandes canções pouco ou nada conhecidas de Cazuza, gravadas por ele, e as melhores gravações realizadas por outros artistas. Quinze músicas para se deixar levar pela emoção e pela alma. Mas todas as composições saídas da mente e do coração de Caju.

E, como diria o título da canção do Barão Vermelho (banda da qual Cazuza fez parte): O Poeta Está Vivo. E mais certeiro do que nunca!

GRAVAÇÕES DE CAZUZA

Bilhetinho Azul, do álbum Barão Vermelho (1982)

“Hoje eu acordei com sono e sem vontade de acordar/Como pode alguém ser tão demente, porra louca/Inconsequente e ainda amar/Ver o amor como um abraço curto pra não sufocar/Ver o amor como um abraço curto pra não sufocar”.

Largado No Mundo, do álbum Barão Vermelho 2 (1983)


“Na minha cabeça eu ouço Free Again/De esquina em esquina, de vintém em vintém/Mando mensagens quase sempre em vão, palavra que eu sou bom/Ah, eu sou tão…Largado no mundo/Eu vivo largado no mundo/Largado no mundo, e nessa trip eu vou fundo”.

Amor, Amor, tema do filme Bete Balanço (1984)


“Meu caminho nesse mundo, eu sei/Vai ter um brilho incerto e louco/Dos que nunca perdem pouco/Nunca levam pouco/Mas se um dia eu me der bem/Vai ser sem jogo.”

Milagres, do álbum Maior Abandonado (1984)


“As crianças brincam com a violência/Nesse cinema sem tela que passa na cidade/Que tempo mais vagabundo esse agora/Que escolheram pra gente viver”.

Não Amo Ninguém, do álbum Maior Abandonado (1984)


“Se todo alguém que ama, ama pra ser correspondido/Se todo alguém que eu amo, é como amar a lua inacessível/É que eu não amo ninguém/Não amo ninguém/Eu não amo ninguém, parece incrível/Não amo ninguém/E é só amor que eu respiro”.

Mal Nenhum, do álbum Exagerado (1985)


“Não escondam suas crianças/Nem chamem o síndico/Nem chamem a polícia/Nem chamem o hospício, não/Eu não posso causar mal nenhum, a não ser a mim mesmo/A não ser a mim mesmo/A não ser a mim”.

Ritual, do álbum Só Se For a Dois (1987)


“Ao mesmo Deus que ensina a prazo/Ao mais esperto e ao mais otário/Que o amor na prática é sempre ao contrário/Que o amor na prática é sempre ao contrário/Ah, pra que chorar/A vida é bela e cruel, despida/Tão desprevenida e exata/Que um dia acaba”.

Obrigado (Por Ter Se Mandado), do álbum Ideologia (1988)


“Obrigado por ter se mandado/Ter me condenado a tanta liberdade/Pelas tardes nunca foi tão tarde/Teus abraços, tuas ameaças/Obrigado por eu ter te amado/Com a fidelidade de um bicho amestrado/Pelas vezes que eu chorei sem vontade/Pra te impressionar, causar piedade”.

Gravações de outros artistas

MARINA LIMA

Preciso Dizer que Eu Te Amo, do álbum Virgem (1987)

“E até o tempo passa arrastado/Só pr’eu ficar do teu lado/Você me chora dores de outro amor/Se abre e acaba comigo/E nessa novela eu não quero ser seu amigo/É que eu preciso dizer que eu te amo/Te ganhar ou perder sem engano/Eu preciso dizer que eu te amo, tanto…”

Carente Profissional, do álbum O Chamado (1993)


“Levando em frente um coração dependente/Viciado em amar errado/Crente que o que ele sente é sagrado/E é tudo piada, e é tudo piada/Eu mereço um lugar ao sol/Mereço… ganhar pra ser carente profissional”.

LUIZ MELODIA


Codinome Beija-Flor, do álbum Pintando o Sete (1991)


“Pra que mentir, fingir que perdoou/Tentar ficar amigos sem rancor/A emoção acabou/Que coincidência é o amor/A nossa música nunca mais tocou”.

CÁSSIA ELLER

Malandragem, do álbum Cássia Eller (1994)


“Bobeira é não viver a realidade/E eu ainda tenho uma tarde inteira/E eu ando nas ruas/Eu troco cheque/Mudo uma planta de lugar/Dirijo meu carro/Tomo o meu pileque/E ainda tenho tempo pra cantar, pra cantar”.

Todo Amor Que Houver Nessa Vida, do álbum Acústico MTV (2001)


“Eu quero a sorte de um amor tranquilo/Com sabor de fruta mordida/Nós na batida, no embalo da rede/Matando a sede na saliva/Ser teu pão, ser tua comida/Todo amor que houver nessa vida/E algum trocado pra dar garantia”.

ADRIANA CALCANHOTTO


Mais Feliz, do álbum Maritmo (1998)


“O nosso amor não vai olhar para trás/Desencantar, nem ser tema de livro/A vida inteira eu quis um verso simples/P’ra transformar o que eu digo/Rimas fáceis, calafrios/Fure o dedo, faz um pacto comigo/Num segundo teu no meu/Por um segundo mais feliz”.

Mulher Sem Razão, do álbum Maré (2008)


Saia desta vida de migalhas/Desses homens que te tratam/Como um vento que passou/Caia na realidade, fada/Olha bem na minha cara/Me confessa que gostou/Do meu papo bom/Do meu jeito são/Do meu sarro, do meu som/Dos meus toques pra você mudar”.

Bônus
SILVA
Mais Feliz, do álbum Agenor – As Canções de Cazuza (2013)