As fotos e vídeos de uma cena inusitada numa rua de Curitiba de duas supostas adolescentes passeando, uma delas com uma coleira andando como um cachorro enquanto outra a guiava, viralizou rapidamente nas redes sociais nos últimos dias. A cena filmada por vários transeuntes foi postada com comentários, críticas e interpretações bastante diferentes.  Uns lamentavam dizendo que o mundo estava perdido porque os adolescentes não sabem o que inventar, outros alegavam ser mais uma atitude “de esquerda” e outros tantos comentários impublicáveis. Todos que postaram e comentaram não sabiam, mas estavam participando de uma experiência social e artística das estudantes de Artes Cênicas, Jauissa, Adi Lino, 25 anos, maranhense, e Joanes Pedro Baraúna, 20 anos, do Litoral do Paraná, que não são mulheres e muito menos adolescentes. Como trans não binárias e estudantes em Curitiba, elas decidiram investigar como o gênero sai para passear na sociedade com a performance ‘Levando o gênero pra passear’. O passeio por apenas quatro quadras da Rua Nicarágua, no bairro Bacacheri, rendeu muito mais do que as estudantes esperavam. 

“Demoramos duas semanas para montarmos a experiência, definirmos como faríamos a experiência, as roupas, o figurino”, explicou Jauissa à reportagem do Bem Paraná.  Os primeiros resultados da experiência puderam ser vistos na viralização. “Já tivemos uma parte das respostas, já que fomos vistas como adolescentes mulheres, sendo que somos adultas e trans não binárias. A reação, a violência dos comentários, das observações, no entanto, foram as mesmas que nós sofremos na nossa vida real”, comentou Joanes.

A experiência, no entanto, está em andamento, enquanto a repercussão continuar, segundo as estudantes. “O resultado dela ainda é nebuloso, precisamos observar durante mais tempo ainda o que vai acontecer, mas até agora a experiência já cumpriu parte do seu papel”, disse Joanes. “Não esperávamos uma repercussão tão grande e rápida nas redes sociais. Isso porque andamos apenas quatro quadras de um bairro de Curitiba”, completou Jauissa. As duas ainda não sabem se farão novas edições da ação artística que tomou conta das redes sociais.