Livro de autor paranaense discute imagens de casos sobrenaturais publicados pela imprensa

Em 1997, o jornal Tribuna do Paraná publicou uma série de reportagens sobre a aparição de uma criatura chamada de chupa-cabras no Paraná. Com imagens de ovelhas dilaceradas e reproduções em quadrinhos dos ataques, as notícias poderiam enganar o leitor de que de fato havia um monstro atacando chácaras e rodovias do estado.

A presença de criaturas sobrenaturais e narrativas fantásticas no jornalismo brasileiro é o tema do livro “A Zona Crepuscular: como a série Além da Imaginação pode ajudar as imagens de ficção fantásticas presentes no Jornalismo”. A obra é fruto de uma pesquisa de quatro anos do jornalista paranaense Rodolfo Stancki e sai pela editora Estronho, de Curitiba.

Além do caso do chupa-cabras, o livro discute a aparição do bebê-diabo, em São Paulo, em 1975. Na ocasião, o jornal Notícias Populares publicou o nascimento de um demônio no hospital do ABC Paulista. Durante semanas, manchetes diziam que a criatura estava solta pela cidade, provocando o caos.

Eventos como esse, em que o jornalismo se aproxima da ficção fantástica, mostram que nem sempre a profissão está comprometida com a verdade. Em seu livro, Stancki propõe uma maneira de compreender esses fenômenos, que sempre estiveram presentes na imprensa. Para o autor, tais casos lidam com uma área do imaginário social em que a fantasia interage com a vida diária.

Para compor a tese, o pesquisador empresta o conceito de Zona Crepuscular (Twilight Zone) do seriado Além da Imaginação. Criado pelo roteirista Rod Serling, em 1959, o programa televisivo trazia diferentes histórias para o público semanalmente. Contos sobre alienígenas, viagens no tempo e monstros interdimensionais povoavam a imaginação dos espectadores. Tais tramas, dizia o produtor, vinham de um lugar de interação entre possível e o impossível.

Em “A Zona Crepuscular”, esse mesmo ambiente de interação auxilia na compreensão da aparição do chupa-cabras, que surge de um lugar do imaginário que é o meio de campo entre o cotidiano e a fantasia. O jornalismo, ao invés de tratá-los como ficção, dá a eles uma aparência de verdade. O conceito, afirma o autor, pode servir, inclusive, para se entender o fenômeno das fake news.

Sobre o autor

Rodolfo Stancki é jornalista, pesquisador e escritor. Além do livro ‘A Zona Crepuscular – Como a série Além da Imaginação pode ajudar a entender as imagens de ficção fantástica presentes no Jornalismo’, também escreveu obras didáticas sobre gêneros jornalísticos e história do Brasil contemporâneo. É um dos organizadores do livro ‘O Melhor do Terror dos Anos 80’ e autor de uma coluna semanal sobre cinema de horror no portal de jornalismo cultural A Escotilha. É professor universitário de cursos de comunicação no UniBrasil – Centro Universitário e na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). É doutor em Tecnologia e Sociedade pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPPR). Apresenta o podcast mensal Hora do Espanto.

Serviço:

A Zona Crepuscular: como a série Além da Imaginação pode ajudar a entender as imagens de ficção fantástica presentes no Jornalismo, de Rodolfo Stancki

Editora Estronho, 2021, 176 p. / ISBN 978-65-77071-25-11

Disponível na Amazon, no Submarino e no site da editora Estronho