O enorme conjunto habitacional de tijolos vermelhos Cité Gagarine, com 370 apartamentos, construído nos anos 60 em Ivry-sur-Seine, nos arredores de Paris é o cenário do filme “Edifício Gagarine”, de Fanny Liatard e Jérémy Trouilh, que estreia dia 26 de agosto nos cinemas, com distribuição da Vitrine Filmes. O longa conta a história de Youri, um adolescente de 16 anos nascido e criado no prédio, que se une aos amigos Diana e Houssan para tentar salvá-lo da demolição. Com o sonho de se tornar um astronauta, é no Gagarine que Youri chega mais perto de realizá-lo, transformando-o em sua “nave espacial”.
O edifício recebeu esse nome em homenagem ao primeiro homem no espaço, o russo Yuri Gagarin, que esteve na inauguração do conjunto em 1963. Na época, edifícios altos estavam sendo erguidos para “limpar” as favelas da periferia da capital francesa. Com o passar dos anos, essas “utopias coletivas” se tornaram bairros frequentemente estigmatizados e marcados por uma renovação urbana. Em 2014, foi tomada a decisão de demolir Cité Gagarine, e os habitantes foram gradualmente realocados. As famílias partiram, levando consigo suas histórias de vida, de trabalho, de migração, esperança e decepção. Em 31 de agosto de 2019, as máquinas de demolição entraram no local, sob o olhar atento dos ex-moradores.
– Em nossas mentes, Youri, o adolescente, e Gagarine, o prédio, estão em um diálogo ininterrupto um com o outro. Quando pensamos em Youri, imaginamos seus pais se mudando para o conjunto habitacional antes de seu nascimento e sendo inspirados a lhe dar o nome do lugar. Youri foi criado lá e desenvolveu uma imaginação igual a do enorme arranha-céus. A perspectiva de seu desaparecimento significa, para ele, a morte de seus sonhos e memórias de infância. Também significa perder sua amada comunidade. Queríamos dar uma visão positiva de um lugar e uma geração que costumam ser caricaturados. Youri ama sua vizinhança. Para ele, o Gagarine não é uma utopia ultrapassada, é o seu presente e o solo do seu futuro. Sair significa perder tudo: abandonar sua família e seu mundo imaginário. Então ele assume a resistência – revelam os diretores.
A dupla conta ainda como a ideia do filme surgiu em meio a uma experiência real. “Alguns amigos arquitetos foram contratados para estudar a possível demolição de Gagarine. Eles nos pediram para gravar depoimentos de alguns moradores. Fomos imediatamente atraídos pelo lugar e pelas pessoas. Desde a nossa primeira visita, pensamos em fazer um filme, nunca tínhamos feito ficção, mas era evidente que era por aí que tínhamos de começar”, contam.
Exibido em mais de 25 festivais pelo mundo, entre eles o Festival de Cannes 2020 (seleção oficial), o filme vai além de um obra cinematográfica, segundo os diretores. Para eles, o longa virou um registro eterno de algo que não existe mais. “O filme também é uma ferramenta de lembrança, testemunhando a arquitetura do período, e principalmente para as pessoas que deram vida ao local. Eles estão em toda parte no filme – em arquivos visuais e de som, na tela e atrás da câmera. Tentamos mostrar que o prédio é importante, mas no final o que resta são as pessoas. A relação com o lugar perdura, aconteça o que acontecer. Isso é o que tentamos capturar e transmitir. Segurando um espelho que reflete a beleza e complexidade dessas vidas”, concluem.
Sinopse:
Youri, 16 anos, cresceu em Gagarine, enorme conjunto habitacional de tijolos vermelhos em Ivry-sur-Seine, onde sonha em se tornar um astronauta. Ao tomar conhecimento de que o lugar onde mora está ameaçado de demolição, Youri decide se somar a um movimento de resistência. Com a cumplicidade de Diana, Houssam e dos moradores, ele se atribui a missão de salvar o conjunto habitacional, transformando-o na sua “nave espacial”.
Ficha Técnica:
Direção: Fanny Liatard e Jérémy Trouilh
Roteiro: Fanny Liatard, Jérémy Trouilh e Benjamin Charbit
Produção: Julie Billy e Carole Scotta
Empresa Produtora: Haut Et Court (França)
Direção de Elenco: Judith Chalier
Direção de Fotografia: Victor Seguin
Edição: Daniel Darmon
Designe de Produção: Marion Burger
Mixagem de Som: Dana Farzanehpour
Mixagem de Regravação de Som: Melissa Petitjean
Edição de Som: Margot Testemale
Edição de Diálogo: Maxime Roy
Gerente de Produção: Denys Bondon
Figurino: Ariane Daurat
1ª Assistente de Direção: Lucile Jacques
Maquiagem: Pascale Guégan
Continuísta: Marielle Alluchon
Gerente de Locação: Juliette Hubert
Equipe Técnica e Artística: Donatienne De Gorostarzu, Gaëtane Josse, Virginie Montel
Consultor de Edição: Sophie Reine
Elenco: Alséni Bathily, Lyna Khoudri, Jamil McCraven, Finnegan Oldfield, Farida Rahouadj, Denis Lavant
International Sales: Totem Films
©2020 HAUT ET COURT – France 3 CINEMA
Festivais:
Cannes Film Festival, 2020 (França) – Seleção oficial
Festival Varilux de Cinema Francês, 2020 (Brasil)
European Film Awards, 2020 (Alemanha) – Nomeado: European Discovery
Sarajevo Film Festival, 2020 (Bósnia e Herzegovina)
19º Cinedays Festival of European Film, 2020 (Macedônia) – Prêmio Estrela de Ouro de Melhor Filme
Athens International Film Festival, 2020 (Grécia) – Prêmio City οf Athens de Melhor Diretor
Hamburg Film Festival, 2020 (Alemanha)
Zurich Film Festival, 2020 (Suíça)
Film Festival Cologne, 2020 (Alemanha)
Transatlantyk Festival, 2020 (Polônia)
Moscow International Film Festival, 2020 (Rússia)
Festival Effervescence, 2020 (França) – Prêmio da Juventude
Association Française des Cinémas d’Art et d’Essai, 2020 (França) – Menção especial do Prêmio Art House Cinema
Festival Jean Carmet, 2020 (França) – Prêmio do Júri de melhor atriz coadjuvante para Farida Rahouadj
Ghent Film Festival, 2020 (Bélgica) – Prêmio Explore
Festival International du Film Indépendant de Bordeaux, 2020 (França) – Prêmio Compositor de Música para Cinema
Alice nella Città International Film Festival, 2020 (Itália) – Menção Especial Camera d’Oro e Menção Especial DO Rising Star Award para Alseni Bathily e Prêmio Rolling Stone de Melhor Trilha Sonora
Busan International Film Festival, 2020 (Coréia do Sul)
Festival de Cinema Francês de Tübingen, 2020 (Alemanha) – Grande Prêmio da Competição Internacional
Seville European Film Festival, 2020 (Espanha) – Prêmio de Melhor Ator
Karlovy Vary International Film Festival, 2020
Cairo International Film Festival, 2020 (Egito)
Singapore International Film Festival, 2020 (Cingapura)
Göteborg Film Festival, 2021 (Suécia)
Rendez-Vous with French Cinema, 2021 (Estados Unidos)
Glasgow Film Festival, 2021 (Reino Unido)
Dublin International Film Festival, 2021 (Irlanda)
Sobre a Vitrine Filmes:
A Vitrine Filmes, em dez anos de atuação, já distribuiu mais de 160 filmes e alcançou mais de quatro milhões de espectadores. Entre seus maiores sucessos estão ‘O Som ao Redor’, ‘Aquarius’ e ‘Bacurau’ de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Outros destaques são ‘A Vida Invisível’, de Karim Aïnouz, representante brasileiro do Oscar 2020, ‘Hoje Eu Quero Voltar Sozinho’, de Daniel Ribeiro, e ‘O Filme da Minha Vida’, de Selton Mello. Entre os documentários, a distribuidora lançou ‘Divinas Divas’, dirigido por Leandra Leal e ‘O Processo’, de Maria Augusta Ramos, que entrou para a lista dos 10 documentários mais vistos da história do cinema nacional.
Além do cinema nacional, a Vitrine Filmes vem expandindo o seu catálogo internacional ao longo dos anos, tendo sido responsável pelo lançamento dos sucessos “O Farol”, de Robert Eggers, indicado ao Oscar de Melhor Fotografia; “Você Não Estava Aqui”, dirigido por Ken Loach, e premiado com o Oscar de Melhor Filme Internacional 2021: ‘DRUK – Mais uma rodada’, de Thomas Vinterberg.
Em 2021, a Vitrine Filmes apresenta mais novidades, começando a atuar diretamente na produção audiovisual e também na capacitação de profissionais, com o programa de formação Vitrine Lab. Entre as estreias deste ano estão a Sessão Vitrine edição especial de 10 anos com lançamento coletivo de quatro longas, entre eles “A Torre”, de Sérgio Borges, “Entre Nós, um Segredo”, de Beatriz Seigner e Toumani Kouyaté, “Chão”, de Camila Freitas e “Desvio”, de Arthur Lins; o novo documentário sobre o impeachment da Dilma, “Alvorada”, de Anna Muylaert e Lô Politi; “First Cow”, da diretora Kelly Reichardt; “O Livro dos Prazeres”, de Marcela Lordy e muitos outros títulos.