CULT Colin Hay
Colin Hay (centro) e o grupo Men At Work: “Tocar numa banda é ótimo” (Divulgação)

Ícone dos anos 1980, a banda australiana Men At Work chega ao Brasil em fevereiro, passando por Rio de Janeiro, São Paulo e, claro, Curitiba. Com mais de 30 milhões de discos vendidos, a banda se apresenta na capital paranaense no dia 20, terça-feira, para um show na Live Curitiba.
Na nova turnê, o público irá encontrar todos os hits da banda, como: “Who Can It Be Now?”, “Down Under”, “Be Good Johnny”, “Underground”, “High Wire”, “Overkill”, “It’s a Mistake”, “Dr. Heckyll and Mr. Jive” e “Man with Two Hearts”, entre muitas outras. Com realização da MCA Concerts, os ingressos estão à venda a partir de R$ 250, pela TicketMaster.
Com um repertório pop rock com influências de reggae e new wave, a banda é comandada por Colin Hay, remanescente da formação original. Em 2019, Hay, que continuava sua carreira solo e atuava como membro da “All Starr Band”, de Ringo Starr, retomou o Men At Work com seu grupo de músicos de Los Angeles.
Em entrevista ao ‘Bem Paraná’, o artista relembra da passagem pelo Brasil em 1996, comenta sobre estar de volta ao grupo e revela se pretende lançar novas músicas em breve.

Bem Paraná: Colin, Men At Work virá ao Brasil mais uma vez no próximo mês. Ao longo da sua carreira, você pôde trabalhar em uma banda, mas também como artista solo. Há algo diferente em estar numa banda? Qual é a sensação de voltar a tocar como Men At Work?
Colin Hay:
Tocar numa banda é ótimo, porque é muito imprevisível o que vai acontecer quando se tem pessoas diferentes tocando juntas na mesma sala. Foi o que aconteceu pela primeira vez quando fiz parte do Men At Work. Quando tínhamos uma sessão de ensaio, durante algumas horas escrevíamos uma música ou, pelo menos, um esboço. Depois, nós começávamos a tocá-la e as pessoas juntavam-se a nós e, de repente, tínhamos um som que era uma combinação de todos que tocavam. Isso sempre foi muito animador para mim. Tocar sozinho é diferente. Talvez seja um pouco mais introspectivo, porque você passa muito mais tempo sozinho e, mesmo que esteja gravando com outras pessoas, tende a fazer isso aos poucos. No momento, estou mais interessado em gravar novamente com músicos na mesma sala e ao mesmo tempo, mas tocar sozinho é um pouco mais pessoal.
Bem Paraná: Em 1996, você, Greg Ham e outros músicos vieram ao Brasil para um show gravado em São Paulo, que se tornou o álbum “Brazil”. Em alguns anos, a gravação celebra o seu 30º aniversário e foi certamente um momento muito especial para os fãs brasileiros. Você tem alguma recordação especial desse momento?
Colin Hay:
O que foi emocionante para nós quando viemos ao Brasil pela primeira vez foi o nível de empolgação do público. Foi uma turnê muito especial, porque nunca tínhamos feito uma turnê no Brasil antes como Men At Work. Foram 17 shows com milhares de pessoas. É uma ótima lembrança para mim. Além disso, eu estava tocando com o Greg Ham novamente, o que não fazia há muito tempo. Isso também foi emocionante.

Bem Paraná: O que você acha dos seus fãs brasileiros? E o que esse público tem de especial, diferente de outros fãs ao redor do mundo?
Colin Hay
: O público brasileiro é muito musical. Não sei por quê, mas talvez os brasileiros sejam naturalmente musicais. Parece haver algo interno na maneira como os brasileiros se expressam. Você certamente pode ver isso na maneira como jogam futebol, por exemplo. Parece haver mais uma dança envolvida, mais liberdade de expressão ou algum tipo de alegria na maneira como os brasileiros jogam futebol. E talvez seja assim na população em geral e talvez seja assim com a música também. Não tenho certeza, mas definitivamente existe algo especial nessa parte do mundo e no Brasil.

Bem Paraná: Colin, você conhece música brasileira? E você gosta?
Colin Hay:
No momento, não conheço muito bem a música brasileira, mas a minha esposa me indicava ou eu ouvia muito da música dos anos 1960, com a influência da bossa nova. Era algo que eu realmente gostava e algo que eu achava muito desafiador tocar, porque tinha certos níveis de sofisticação e complexidade. Mas não sou especialista em música brasileira, devo admitir.

Bem Paraná: Quando falamos de Men At Work, falamos muito sobre nostalgia, já que as músicas da banda formam a trilha sonora da vida de muitas pessoas. Como é escrever e lançar canções atemporais e que entram na vida das pessoas dessa maneira?
Colin Hay:
É muito gratificante. Não é algo que se possa prever e não é algo para qual você se planeja. Você simplesmente escreve essas músicas e espera que aconteça. Tudo o que você pode fazer é esperar que elas tenham ressonância com as pessoas e causem impacto. Você não sabe realmente se elas vão ter, então tudo o que você pode fazer é tentar. Quando você compõe uma música, você está tentando impressionar a si mesmo ou criar algo que você pense: “Ah, isso está bom. Acho que posso tocar isso para meu amigo, talvez ele goste e talvez outra pessoa goste”, mas é tudo um experimento. E muitas pessoas pegaram as nossas músicas, ouviram e ainda as ouvem e obtiveram algo delas que ainda parecem sentir. Portanto, sou muito grato por isso. Não tenho a pretensão de realmente entender isso totalmente, mas certamente me sinto muito grato por isso.

Bem Paraná: Podemos esperar os bons e velhos clássicos da banda, mas o que mais o público pode esperar dos shows realizados aqui no Brasil?
Colin Hay:
O Men At Work gravou apenas três álbuns e o terceiro não foi muito bem-sucedido. Logo, são apenas dois álbuns que aparecem bastante no show do Men At Work e há 20 músicas nesses discos. Então, em um show você provavelmente toca 17 ou 18 músicas, portanto, há muitas dessas músicas. Talvez eu toque algumas outras que não eram do Men At Work, que estão em discos solo, mas que soam muito bem nesse formato. Provavelmente tocaremos algumas delas, mas o show será basicamente do Men at Work, com as músicas desses dois álbuns. Então, se você está na estrada se apresentando, tem esse relacionamento íntimo com o público e por uma hora e meia ou duas horas é seu trabalho fazer com que eles se sintam bem por estarem ali.

Bem Paraná: Você também é um músico muito produtivo, já que lançou um grande número de canções e álbuns. Podemos esperar novas músicas num futuro próximo? Está trabalhando em algo novo?
Colin Hay:
Sim, tenho trabalhado. Tenho muitas músicas para trabalhar, mas tudo está em um estágio inicial no momento. Lancei um álbum chamado “Men At Work” há 20 anos e talvez haja outro “Men At Work II” em alguns meses. Não tenho certeza, mas estou fazendo muitas turnês nos primeiros seis meses do ano, então não tenho muito tempo para gravar. Mas espero que no segundo semestre deste ano eu tenha tempo para passar no estúdio e tentar lançar algo em um futuro não muito distante. Parece que sempre há música nova surgindo, então fico feliz que isso ainda esteja acontecendo também.

Serviço
Men At Work em Curitiba
Onde: Live Curitiba (Rua Itajubá, 143).
Quando: 20 de fevereiro de 2024 (terça-feira). Abertura da casa às 19h e show às 21h.
Quanto: ingressos variam de R$ 250 a 600, de acordo com o setor e modalidade.
Vendas: Ticketmaster ou bilheteria oficial no Hard Rock Café Curitiba.