Uma seleção de 19 filmes faz parte da programação da 16ª Mostra Internacional do Cinema Negro (MICN), que será realizada de 10 a 15 de novembro como evento cultural paralelo ao XI Congresso de Pesquisadores(as) Negros(as) (Copene). Esta edição do Copene, evento anual da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) (ABPN), tem cerca de 2 mil inscritos e será sediada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em duas fases: em formato digital, que vai de 9 a 12 de novembro, e presencial, em maio.

Os filmes serão transmitidos gratuitamente por meio da plataforma digital do Museu da Imagem do Som de São Paulo (Mis-SP), em parceria com o XI Copene. Por meio da plataforma do MIS/SP, cujo link fica aberto no período da mostra, os filmes estarão disponíveis para serem assistidos a qualquer hora.

Entre os filmes da mostra está uma produção de cineasta ligada à UFPR. Larissa Nepomuceno, mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação na linha de pesquisa “História e historiografia”, participa com o documentário “Megg, a margem que migra para o centro” (2018), do qual assina direção e roteiro com Eduardo Sanches. O curta produzido pela Beija Flor Filmes conta a história da professora Megg Rayara de Oliveira, do Setor de Educação da UFPR.

Além de ter sido a primeira travesti negra a se formar doutora na UFPR, Megg é autora do livro “Diabo em forma de gente”, em que retrata a trajetória de docentes que são alvo, ao mesmo tempo, de racismo e homofobia.

Preconceito

Larissa conta que se interessou a filmar a vida da professora movida por uma indagação pessoal. Depois, para retratar uma luta contra o preconceito.

“No primeiro momento, foi porque me perguntei ‘por que nunca uma pessoa trans me deu aula?’ Não fazia sentido que nenhuma outra travesti tivesse tido vontade de cursar mestrado e doutorado. Depois que conversei pessoalmente com a Megg, achei que poderia fazer o filme como uma extensão da militância dela: por um lado, para ser um incentivo para pessoas trans e travesti e, por outro, para tentar diminuir a imagem estereotipada que a sociedade cria das travestis”, conta.

Também serão transmitidas produções de 2020: “Maikan Pisi Pata”, de Éder Rodrigues, rodado em Roraima, na reserva Raposa do Sol; “Traçados”, de Rudyeri Ribeiro Pantoja (UFPA), rodado em Belém; e “Mariquinha no mundo da imaginação”, de Constantina Xavier (UFMS), filmado em Campo Grande.

Homenagem a Zé Keti

Nesta edição, o MICN prestará homenagem a nomes do cinema nacional, entre eles Grande Otelo, Ruth de Souza, Anselmo Duarte e José Carlos Bule. O destaque será Zé Keti, cantor e músico falecido em 1999 que levou o samba aos filmes nos anos 50, escolhido “grande homenageado” da mostra.

O músico Zé Keti, que levou o samba ao cinema brasileiro, é o grande homenageado da mostra. Foto: Correio da Manhã/Arquivo NacionalWikimedia Commons, 1967

A curadoria da mostra deste ano é de Celso Luiz Prudente, professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e pesquisador do Centro de Estudos Latino Americano de Comunicação e Cultura (Celacc) da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo Prudente, “o cinema negro é a filmografia de todas as minorias vulneráveis, que buscam na emergente categoria conceitual de dimensão pedagógica do cinema negro a construção da imagem de afirmação positiva, que é uma espécie de lugar de imagem, com a mesma lógica de lugar de fala”.

Sobre o Copene 2020

Neste ano, o Copene será realizado em duas fases, segundo reorganização necessária devido à pandemia de Covid-19.

A primeira será online, de 9 a 12 de novembro, com a conferência de abertura, no dia 9, com a escritora Conceição Evaristo, mesas redondas e a publicação do caderno de resumos das sessões temáticas As apresentações de trabalho foram transferidas para a Semana da África, de 24 a 26 de maio, no Campus Rebouças da UFPR, em Curitiba.

O congresso é realizado anualmente pela ABPN e, neste ano, tem organização da UFPR, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Também participa da promoção o Consórcio Nacional dos Núcleos de Estudos Afro-brasileiros, do qual faz parte o Neab da UFPR, e a Superintendência de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade (Sipad) da UFPR.

Há 20 anos a ABPN atua para o fortalecimento profissional de pesquisadores negros e a consolidação dos campos temáticos de pesquisas de forma a garantir multiplicidade de pensamento em todas as áreas do conhecimento.

(Foto: frame do documentário “Megg, a margem que migra para o centro”, de 2018)

SERVIÇO
“16 ª Mostra Internacional do Cinema Negro”
Quando: 10 a 15 de novembro
Onde: pela plataforma digital do Museu da Imagem do Som (Mis) de São Paulo (acesse de 10 a 15/11)

LINKS

Kit audiovisual (fotos de divulgação e entrevistas em áudio): https://bit.ly/2TU4R8i

Link do Mis/SP: https://www.mis-sp.org.br/programacao/e2f3077c-62c4-4bb3-8aa9-4f856fcd78e2/16a-mostra-internacional-do-cinema-negro