
O Sessões no Jardim, evento multicultural e plural realizado mensalmente no Petrisserie – Cultura & Gastronomia, em Curitiba, tem um novo e importante capítulo neste sábado (15), a partir das 16 horas. Depois de debater paranismo, ativismo na periferia, patrimônio cultural, identidade & gastronomia e física quântica, o tema desta edição é “O Fracasso da Guerra às Drogas e a Regulação Ideal dos Nossos Potenciais”, com quatro especialistas e interessados no tema, em suas respectivas áreas. Como atrações musicais, estão escaladas a poeta Diva Ganjah, integrante da Trupe Periferia, e a banda Vulcaniótica, que pesquisa formas de hibridismo entre música e teatro em suas apresentações sempre efervescentes. O Sessões no Jardim é gratuito e tem apoio da cervejaria curitibana Maniacs Brewing Co. e da Dale (marca de drink da Hambre Gin).
O painel, com mediação do jornalista Cristiano Castilho, será composto por Alexandre Liblik, músico da banda ruído/mm, médico, professor universitário e mestre em bioética; Maria Nysa, delegada de polícia e uma das coordenadoras do Movimento Policiais Antifascismo no Paraná; Helena Castro, doutora em Relações Internacionais que estuda o recorte da violência de gênero na “guerra às drogas”; e Diogo Busse, advogado e ex-diretor de políticas sobre drogas da Prefeitura de Curitiba.
“É importante compreender que o conceito de ‘drogas’ não é científico. Muitas destas substâncias têm propriedades terapêuticas conhecidas e sua proibição tem caráter unicamente moral, não corroborado pelos conhecimentos científicos mais atuais”, diz Liblik, adiantando um importante subtema sobre a questão, tão urgente em diversos sentidos: a negação da ciência em contrapartida a achismos morais de conveniência.
Diogo Busse, também ex-presidente da Comissão de Política de Drogas da OAB-PR, relembra que a abordagem equivocada em relação ao tema é um problema social da mais alta relevância. “É uma oportunidade importante para se discutir soluções de forma franca e honesta”, diz o advogado.
A relação íntima da chamada “guerra às drogas” com o crime organizado – não tão explícita no noticiário, e ao mesmo tempo explorada pelo sensacionalismo – é uma das abordagens de Maria Nysa. “A maioria das pessoas presas e processadas são pobres, pretas e periféricas, enquanto os verdadeiros beneficiados recebem o proveito do crime em dinheiro vivo”, destaca a delegada, também responsável pelo Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes na cidade de Paranaguá.
Há mais de 50 anos, é conduzida uma política de guerra às drogas que viola os direitos de indivíduos e comunidades tradicionais e promove a militarização e a violência nos territórios. Em nome de interesses transnacionais, algumas substâncias são proibidas e pessoas criminalizadas. Esta é a opinião da doutora e mestre em Relações Internacionais Helena Castro, para quem esse modelo falido de controlo precisa ser debatido, de forma democrática e sem tabus. “É uma grande oportunidade de ouvir e conversar e entender outras abordagens sobre drogas”, explica.
Música para rebater
Como sempre acontece, o Sessões no Jardim termina em música. A banda Vulcaniótica encerra a edição. Formado em Curitiba em 2014, o grupo pesquisa formas de contato entre música e teatro. No palco, seus integrantes assumem o papel de vulcões, numa performance que une música, ritual, presença e magia. Com canções autorais, o grupo de rock experimental busca criar relações diretas com o inconsciente coletivo e antigos rituais dionisíacos. A Vulcaniótica já se apresentou em festivais com o Psicodália, Forró da Lua Cheia e Libélula. O primeiro álbum foi lançado em 2021, e atualmente a banda está em cartaz com a peça “Admirável Mundo Novo”, no Teatro Cleon Jacques.
Relembre
O Sessões no Jardim é um projeto de autoria de Felipe Petri, chef e proprietário do Petrisserie, e de Cristiano Castilho, jornalista responsável pela curadoria e pela mediação dos encontros. Na primeira sessão, em maio, os convidados foram a cantora e compositora Aelle, o físico quântico Gabriel Guerrer e a cantora e compositora Janaina Fellini. No segundo episódio, em junho, participaram a Trupe Periferia, coletivo de teatro marginal formado por jovens poetas e músicos da periferia de Curitiba. E Marlos Soares, músico e compositor curitibano. Em julho, os convidados foram Dalmo Borba, especialista em contação de histórias; Iaskara S. Florenzano, arquiteta e urbanista autora do livro “Um Olhar Sobre o Patrimônio Industrial do Rebouças; e João Triska, músico e compositor que se inspira nas coisas do Paraná para criar seu folk rock universal. Em agosto, o papo foi sobre comida e imigração, com a cientista social Luciana de Morais e o empresário Beto Madalosso, com show de Rubia Divino. Em setembro, o ativismo e a militância na periferia estiveram em pauta. A apresentação musical ficou por conta do coletivo Imperador Sem Teto.
SERVIÇO
Sessões no Jardim – com Alexandre Liblik, Maria Nysa, Helena Castro, Diogo Busse
Shows e performances com Diva Ganjah e Vulcaniótica
Dia 15 de outubro, sábado
A partir das 16h
Petrisserie – Cultura e Gastronomia
Rua Tenente João Gomes da Silva, 405, Mercês
Gratuito
Apoio: Maniacs Brewing Co. e Dale