Ninguém encarna melhor o eterno jogo de gato-e-rato que Tom e Jerry, o clássico desenho animado feito por William Hanna e Joseph Barbera nos anos 40. Os já octogenários personagens estrelam ‘Tom e Jerrry – O Filme’, que estreia hoje em Curitiba. O longa-metragem marca não apenas a estreia de Tom e Jerry na telona em um filme live-action, com gente de verdade, depois de mais de 80 anos de história. Marca, também, a nova reabertura dos cinemas em Curitiba.
Devido à pandemia do coronavírus, os cinemas viveram meses de abre-e-fecha. Fecharam em março, reabriram em outubro – com diversos protocolos de segurança sanitária – e tiveram que fechar de novo no fim de novembro, quando Curitiba retomou a bandeira laranja como medida de combate à Covid-19. Os cinemas puderam reabrir na última semana, quando a cidade voltou à bandeira amarela. Mesmo assim, com o conhecido rosário de itens de segurança: lotação de máximo 50% das salas, álcool em gel em todos os cantos, distanciamento entre as poltronas e obrigatoriedade para o público usar máscara o tempo todo.
O abre-e-fecha de cinemas não apenas em Curitiba, mas em todo o mundo, colocou em parafuso todo o calendário de estreias de filmes desde março de 2020. Muitos lançamentos acabaram adiados, alguns por tempo indeterminado. E quem se arriscou quebrou a cara. O filme ‘Tenet’, de Christopher Nolan’, tinha grande potencial de arrecadação e estreou em outubro, na reabertura dos cinemas. Mas fracassou nas bilheterias, em boa parte porque as salas só podiam comportar 50% da lotação. ‘Mulher Maravilha 1984’, lançado perto do Natal, entrou praticamente só em cinemas drive-in. A Warner, dona do filme, tentou compensar o prejuízo e lançou em seu streaming, o HBO Max. Outros streamings também lançaram o filme, mas cobrando um dinheiro extra.
Nesse sentido, o filme ‘Tom e Jerry’ virou uma espécie de aposta da Warner – o mesmo estúdio de ‘Tenet’ e ‘Mulher Maravilha’. Embora seja um filme com personagens conhecidíssimos e carismáticos, não teve um orçamento tão grande assim como os outros dois. Tecnicamente, é a primeira estreia de peso nas telonas desde a última reabertura dos cinemas. Se der prejuízo, não será tão grande. Se der lucro, ótimo.
‘Tom e Jerry’ – o Filme’ é feito mais ou menos no estilo de ‘Uma Cilada para Roger Rabbit’, clássico dos anos 80 que mistura gente real e personagens animados. A vantagem de Tom e Jerry é o avanço tecnológico do cinema desde então, o que permite cenas e perseguições mais vertiginosas.
O filme começa quando Tom e Jerry deixam a casa onde se digladiavam há anos e o ratinho vai morar no hotel mais chique de Nova York. Só que, como se espera de um rato, ele começa a causar incômodos para os hóspedes. E isso ocorre bem às vésperas do “casamento do século” que o hotel vai receber. Isso leva a organizadora do evento, Kayla (Chloë Grace-Moritz), a pensar em duas soluções para o problema. Uma delas é chamar um exterminador para eliminar o rato. Outra é apostar no que ela denomina “evolução da natureza” e chamar um predador natural para eliminar o rato. Quem seria o predador? O gato Tom, é claro.
Por trás de tudo, porém, há um funcionário ambicioso que conspira contra ela. Isso pode até levar Tom e Jerry a fazer algo que parecia inimaginável: trabalhar juntos para se salvar. Mas isso é detalhe. Na verdade, o roteiro é quase uma desculpa para o espectador se divertir com o eterno jogo de gato e rato em meio a gente de verdade. Quanto mais surreal, melhor. Isso ajuda um pouco a esquecer a realidade da pandemia do coronavírus.
Tom e Jerry viram alvo de ‘fake news’, mas ainda estão ativos na televisão
O desenho de Tom e Jerry foi criado por William Hanna e Joseph Barbera em 1940 e virou um dos maiores clássicos da história da TV. Contudo, em anos recentes, o desenho – que ainda passa em canais de TV paga – virou alvo de “fake news”, inclusive com desdobramentos recentes.
Em 2013, surgiu uma notícia de que episódios de Tom e Jerry teriam sido tirados do ar. A notícia teria sido publicada no jornal ‘O Globo’ e foi citada por outros veículos de comunicação, como a ‘Veja São Paulo’, em 27 de fevereiro. O desenho Tom e Jerry teria sido considerado politicamente incorreto pelo canal pago Cartoon Network, dono dos direitos de exibição, porque estimularia a violência e isso seria um mau exemplo para crianças. Na época, a simples ideia de tirar episódios de Tom e Jerry do ar irritou internautas.
Até a última semana, porém, a notícia ainda estava ativa em alguns sites de notícias. Nesse período, influenciadores digitais e blogs de notícias requentaram a informação, endossando que essa decisão do Cartoon Network seria politicamente correta.
Uma análise da agência de checagem Lupa indica que a posição do Cartoon Network é falsa. A assessoria de imprensa do canal afirmou à agência, em nota, que a animação é exibida todos os dias no bloco da manhã, às 6 horas, de segunda a sexta-feira, e às 7h15, aos sábados e domingos. O canal ainda deverá programar filmes da franquia de animação a partir de 15 de fevereiro, de segunda a sexta, às 22 horas, aos sábados, das 13h às 16h e aos domingos, das 20h às 22h.
Outro canal, o Boomerang, também do grupo Warner, tem uma programação diária ainda maior: de segunda a sexta, às 7h, às 12h e às 17h. Nos finais de semana, Tom e Jerry vai ao ar às 9h e às 21h30.