
Aos 23 anos, Flora Camolese chegou em Dona de Mim já chamando atenção. A atriz entrou na trama das 19h da Globo após o 50º capítulo e assumiu o papel de Nina, personagem que movimentou a novela ao surgir de forma misteriosa.
Vindade Portugal, onde morava com a avó, Nina atravessa a mata que cerca a mansão dos Boaz, invade a casa e sobe até o quarto de Sofia (Elis Cabral), assustando Leona (Clara Moneke). O retorno inesperado trouxe tensão à história e revelou uma figura marcada por contradições.
“Ela é uma pessoa muito fria, com traços que não têm nada a ver comigo”, conta Flora. A atriz explica que, diferente de sua personagem, sempre confiou nas pessoas ao redor. “O que mais me chama atenção é essa necessidade da Nina de ser independente a qualquer custo. Eu também sou independente desde pequena, mas tenho essa troca, que ela não consegue ter.”
Segundo Flora, a relação de Nina com a mãe sustenta as camadas da personagem. “Tudo nela está amparado nesse repertório da falta, dos vazios. Essa complexidade é o que me atrai no trabalho. É o tipo de personagem que gosto de fazer, porque fala com muitos brasileiros.”
A atriz celebra ainda o ambiente nos bastidores. “Tenho colegas de trabalho inacreditáveis, tanto no elenco quanto na equipe. Isso faz toda diferença.”
Trajetória em crescimento
Apesar da carreira recente, Flora já soma papéis marcantes. Protagonizou a série A Vida Pela Frente, dirigida por Leandra Leal, como Beta, e brilhou em Vai na Fé, sua primeira parceria com a autora Rosane Svartman, interpretando Bia. Agora, em Dona de Mim, vive sua terceira personagem na Globo.
Para compor Nina, a atriz se envolveu desde a caracterização, contribuindo com ideias para o figurino. A moda, para ela, vai além da estética. “Eu me visto 100% para mim. Acho legal promover a ideia de que todo mundo consegue usar o estilo a seu favor. O jeito que me visto é um traço da minha personalidade, e gosto quando as pessoas se inspiram.”
Entre a atriz e a personagem
A rotina intensa de gravações também aproxima atriz e personagem. “Trabalhamos seis dias por semana, 11 horas por dia. Quase passamos mais tempo sendo personagem do que sendo nós mesmos”, reflete.
Flora admite que a carreira de atriz envolve riscos e incertezas. “É uma profissão muito insegura, você nunca sabe quando vai pegar o próximo trabalho. Muitas vezes, acho que quem escolhe ser ator é porque não consegue ser outra coisa, porque precisa disso. Eu sinto isso também.”
Ainda assim, ela prefere enxergar o ofício com leveza. “Ser um bom profissional é relativo ao que você faz com gosto. Mesmo se eu estivesse ferrada de grana, sendo atriz, pelo menos teria uma vida que vale a pena ser vivida. Isso é um dos grandes ensinamentos que meus pais me deram.”