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Foto: Reprodução/Globo

Depois de mais de uma década dedicada ao teatro, Ingrid Gaigher, 33 anos, faz sua estreia na teledramaturgia com a nova versão de Vale Tudo, da Globo. A atriz interpreta Lucimar, personagem que combina leveza, drama e crítica social. Para ela, o papel dá voz a milhões de brasileiras. “Lucimar representa mulheres que vivem histórias reais e pouco retratadas”, afirma.

Carioca do Catete, zona sul do Rio de Janeiro, Ingrid acredita que, mesmo em plena era digital, a novela continua insubstituível como produto cultural. “Ela informa, emociona e faz parte da nossa identidade, assim como o futebol. É algo que nos conecta como sociedade”, defende.

Uma mãe solo em cena

Na trama, Lucimar enfrenta as dificuldades da maternidade solo e da sobrecarga de responsabilidades — realidade de cerca de 11 milhões de mulheres no Brasil. “Muitas vezes não enxergamos o tamanho desse peso. A novela dá visibilidade a essa realidade”, explica a atriz.

O arco da personagem também abre espaço para refletir sobre responsabilização masculina. Lucimar decide dar uma segunda chance a Vasco (Thiago Martins), pai ausente que acumulava atrasos no pagamento da pensão. Antes da reconciliação, no entanto, ela o confronta sobre erros e consequências.

“Ele perdeu emprego, amigos, família. Foi cancelado. Quando não naturalizamos certas posturas, os homens podem se transformar. No caso do Vasco, ele mostrou com ações que queria melhorar. Essa construção é importante de retratar”, comenta Ingrid.

Ainda assim, a atriz mantém um olhar crítico fora da ficção: “Eu, Ingrid, tenho menos fé nos homens. Acredito que a sociedade os infantiliza muito. Mas, na novela, construímos essa trajetória para mostrar que mudanças podem acontecer quando há cobrança e vontade real de transformar atitudes.”

Contrastes do Brasil

Além da vida íntima dos personagens, Vale Tudo segue discutindo os contrastes sociais do país, um dos traços mais marcantes da obra. “Enquanto o Brasil debate a taxação de grandes fortunas, a trama mostra quem são essas pessoas privilegiadas e como vivem. Ao mesmo tempo, apresenta personagens como Lucimar, que refletem a realidade de tantas brasileiras. Essa identificação é muito forte”, observa.

Da cena teatral à televisão

Embora seja sua primeira novela, Ingrid carrega 13 anos de trajetória artística. No teatro, participou de musicais, montagens experimentais e peças variadas. Também já esteve em filmes e séries como Segunda Chamada, Lov3, Maníaco do Parque e A Mensageira.

Filha única e solteira, cresceu em uma família que sempre cultivou a arte de forma amadora: o pai como desenhista e os tios na música. A avó paterna chegou a atuar, mas desistiu diante do preconceito contra mulheres no meio artístico. “Minha família sempre viveu a arte como hobby. Eu fui a primeira a levar isso adiante profissionalmente. O teatro me alimentou esse tempo todo”, conclui.