Assistir à peça “A Loba de Ray-Ban” é entrar em um devaneio de atores envolvidos até o pescoço uns com os outros. Na trama, Christiane Torloni é uma atriz, dona de uma companhia de teatro, separada do marido, interpretado por Leonardo Franco, e envolvida por outra atriz, vivida por Maria Maya.

A artista vivida por Christiane pensa em se suicidar por causa do abandono de seus dois amores. Com leves pitadas de humor, a peça expõe todo o drama de uma bissexual. Sem saber se é atriz vivendo ou atuando, Christiane mostra as dores de sua personagem na trama das suas decisões.

Apesar disso, as frases soltas dos diálogos faziam o público se perder entre as conversas. A somar a isso, a acústica do Teatro Positivo deixou muito a desejar. Em muitos momentos, não se ouvia e não se entendia uma só palavra dita pelos atores, fato que fez muita gente levantar reclamando por não escutar as vozes dos artistas. O Teatro Positivo, famoso por ser arquitetado para que o público ouça qualquer palavra em qualquer parte do espaço, não cumpriu sua tarefa ontem (24). Falsa pretensão. Sentado a cinco fileiras do palco, não conseguia distinguir as palavras ditas. Um microfone teria resolvido. Pelos comentários dos espectadores, o espetáculo não empolgou. Quem sabe talvez por não ouvir – ou não compreender – o que era interpretado.

Aliás, a classificação que o site do Festival de Teatro deu à peça está errada: as quatro ou cinco risadas tímidas arrancadas do público não convencem como comédia.

Para tirar suas próprias conclusões, leia os comentários das pessoas que foram assistir à peça ontem (23) ou veja a entrevista de Christiane Torloni. “A Loba de Ray-Ban” ainda é apresentada hoje (24), às 21 horas, no Teatro Positivo. Quem não encontrar ingressos na bilheteria, pelo preço de R$ 45,00 ou R$ 22,50, pode tentar negociar com as pessoas que comentaram a peça. Estão fazendo qualquer negócio.