A ideia da vida como transformação. Este é um dos pontos de partida da companhia brasileira de teatro em seu novo espetáculo, “Vida”. A montagem tem estréia nacional na Mostra 2010 do Festival de Curitiba.
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A companhia, que possui patrocínio da Petrobras, realizará três apresentações da nova montagem dentro do Festival: dias 19, 20 e 21 de março, no Teatro José Maria Santos. Depois, cumprirá curta temporada no mesmo espaço teatral.
“Vida” traz para a cena o resultado de um longo e profundo período de pesquisas sobre a obra do poeta curitibano Paulo Leminski. A peça não é a adaptação de uma obra literária, mas sim um texto original escrito a partir da experiência de leitura e de convivência criativa com os textos do autor e suas referências.
Não existe no texto a citação de um único poema na íntegra, mas a essência da obra de Leminski, está por lá, viva e pulsante. Essência que flui por um vulcão de energia criativa e de vida, cultura, inteligência e constantes estímulos.
Transformação. Assim como o próprio inspirador do trabalho, o espetáculo Vida se apropria de referências múltiplas e as coloca num caldeirão próprio e pessoal. Com liberdade para criar e repensar, os integrantes da companhia se deixaram atravessar e contaminar pelo espírito rebelde e revolucionário de Leminski. A influência também se reflete no fluxo visceral de idéias, que remete a Catatau, obra maior do artista. Um fluxo urgente, nas águas do qual se é arrastado sem poder parar.
Enredo
O enredo de Vida é simples. Exilados numa cidade imaginária, dois homens e duas mulheres fazem parte de uma banda que ensaia para uma apresentação comemorativa do jubileu da cidade. Fechados numa sala vazia, convivem entre si e revelam comportamentos, relações, conflitos e histórias. Erupções de suas vidas prosaicas, repletas de humor, sensibilidade e um sentido de transformação.
A partir da relação dos quatro personagens, se transformando – a si próprios e aos outros, assim como ao ambiente que os cerca – brota e flui uma viagem para a mudança. Mudar, ou não conseguir mudar e apenas ver.
Forma e conteúdo ocupam um mesmo plano de expressão em todo o trabalho da companhia brasileira de teatro. Em Vida, esta relação é fortalecida. A construção de uma linguagem polifônica, com forte presença musical, misturas de idiomas e diversidade de pontos de vista narrativos, dá continuidade à pesquisa que a Companhia vem realizando ao longo de sua trajetória.
Também estão presentes, muito presentes, reflexões sobre linguagem, o diálogo com referências dispares e a própria montagem de uma dramaturgia original. Para a companhia brasileira de teatro, a construção de uma dramaturgia contemporânea leva como ingredientes fundamentais a troca de vivências, o processo colaborativo entre os artistas e todas as descobertas reveladas pelo caminho. Transformação é um processo.
A música, mais uma vez no trabalho da companhia, desempenha a função de um elemento dramatúrgico. Criada por André Abujamra, a trilha sonora promove o encontro de várias referências, em sintonia com o espírito de toda a obra. O jazz de Etta James encontra confluência em ritmos do leste europeu, revelando mais uma vez o universo plural de referências que se admite colher, essência leminskiana latente. Os atores não são músicos. Exploram naturalmente a limitação que possuem com os instrumentos. Tocam na medida de suas possibilidades, buscando relação entre eles mesmos e o mundo. Transformam o silêncio em vida, assim como fazem do vazio matéria prima da criação.
Ficha Técnica
Texto e Direção: Marcio Abreu
Dramaturgia: Giovana Soar, Marcio Abreu e Nadja Naira
Processo Colaborativo: Giovana Soar, Nadja Naira, Marcio Abreu, Ranieri Gonzalez e Rodrigo Ferrarini
Elenco: Giovana Soar, Nadja Naira, Ranieri Gonzalez e Rodrigo Ferrarini
Trilha sonora: André Abujamra
Preparação Vocal: Babaya
Cenário e Figurino: Fernando Marés
Iluminação: Nadja Naira
Assistente de iluminação: Mityko
Arte Gráfica: Solda
Design Gráfico: Adriana Alegria
Tradução dos textos: Anna Podlesna Guarize, Irina Starostina
Direção de produção: Giovana Soar
Produção Executiva: Cássia Damasceno
Duração: 90 minutos | Classificação: 14 anos