“Concerto para rameirinhas” é atração no Novelas Curitibanas

O novo trabalho da CiaSenhas fala de sexo e discute o prazer feminino

Redação Bem Paraná

Sexo é o tema central do mais novo trabalho da CiaSenhas de Teatro. Por que não é lícito vender prazer? Por que é tão embaraçoso falar sobre prazer em uma sociedade que o propaga o tempo todo? Por que não sexo sem amor? Concerto para Rameirinhas, que estreia na próxima quinta-feira (9), em Curitiba, sugere a reflexão de questões polêmicas como estas.

Dois contos da escritora curitibana Luci Collin, Cotação do Dia e Fotinha, foram fontes de inspiração para o projeto que tem como proposta olhar para o prazer sexual a partir de um foco feminino. O trabalho foi viabilizado com o apoio da Prefeitura Municipal de Curitiba, Fundação Cultural de Curitiba, por meio do Fundo Municipal da Cultura – Programa de Apoio e Incentivo à Cultura.

Um dos contos retrata uma mulher casada que não suporta mais sujeitar-se à estrutura convencional do casamento, no outro conto a irmã mais velha escraviza sexualmente a irmã caçula. Acho o trabalho da Cia Senhas muito corajoso, pois se trata de uma homenagem às prostitutas. É difícil lidar com esse constrangimento, com esse desconforto que elas, as prostitutas, nos trazem, mas é uma oportunidade de denunciar a hipocrisia. E o mais interessante é que a companhia faz isso de maneira leve, jocosa. Estou muito feliz com o resultado e grata pela possibilidade dos contos não ficarem presos ao papel e se transformarem em entidades sonoras, declara Luci Collin.

Por tratar-se de um concerto, a presença da música é substancial neste trabalho, a trilha é executada ao vivo e é um dos níveis de linguagem utilizado pela diretora Sueli Araújo. Ela explica que a peça é resultado de um processo de criação colaborativo entre atores, músicos e direção.
Trata-se de uma brincadeira erótica que discute o prazer feminino, o direito da mulher ao prazer, define a diretora.

Sueli é quem assina a dramaturgia do trabalho. A partir dos contos de Collin fizemos uma colagem e criamos um novo texto que fala de sexo o tempo todo, de forma escancarada, sem pudor. A idéia é liberar as palavras, sem agressão. Parece que sobre esse assunto tudo já foi dito, mas não é nada difícil, ainda hoje, em pleno século XXI, tocar em tabus e velhos preconceitos nessa área. Por isso, o tema é pertinente e necessário, revela. 

A diretora conta ainda que há muito tempo a companhia tinha interesse em trabalhar com os contos da autora curitibana por se identificar com a escrita, com o universo que ela aborda e seu humor ácido. Estamos muito excitados com esta possibilidade, pois o flerte era antigo, conta Sueli.

A construção dramática se dá a partir da exploração de sonoridades de palavras, sons e instrumentos musicais. É no jogo de sentido e significado entre sons, instrumentos, personagens-atores, atores-narradores que se estabelecem as relações e se estrutura a dramaturgia da peça.

 O espaço cênico sugere uma rua com a presença da platéia em ambos os lados proporcionando uma atmosfera de intimidade e cumplicidade. Neste espaço se desenvolvem dois ambientes: um fictício que sugere um cabaré numa perspectiva urbana e contemporânea, sobre o qual desfilam as personagens presentes nos contos de Collin e no segundo ambiente músicos e atores assumem a real função de concertistas e condutores do cabaré.

A encenação propõe o jogo dentro do próprio jogo teatral. Ora os atores são personagens, ora narradores da história, ou seja, ilusão e realidade se misturam e fazem parte do jogo. Os contos da Luci são muito tocantes e de certa forma também divertidos. Acho que neste trabalho estamos nos permitindo descobrir novos caminhos de criação, de relação com o texto e também com a sonoridade das palavras, conta a atriz Greice Barros.

Sobre o título da montagem a diretora explica que o termo rameirinha é uma forma graciosa escolhida para substituir rameira, cujo significado é prostituta. O sublime e o grotesco estão lado a lado nesta montagem que procura contrabalançar também a delicadeza e a crueldade. A dimensão dos textos de Collin trazida pela profunda humanidade dos seus personagens dialoga diretamente com a proposta de trabalho que a CiaSenhas vem desenvolvendo e buscando nos últimos anos.
 

SERVIÇO

Local: Teatro Novelas Curitibanas

Endereço: Presidente Carlos Cavalcanti, 1222 – São Francisco

Data e horário: De 9 de junho a 10 de julho de 2011 – De quinta a domingo, às 20h

Preço: Entrada franca