Depois do sucesso da estreia em abril, o espetáculo “Encantaria do Reino” retorna a Curitiba, em duas apresentações. É uma nova oportunidade para ouvir os dois talentos paranaenses transitando confortavelmente no mundo da percussão, usando ritmos, toques e gestos das diversas manifestações populares, como o Fandango, Cavalo Marinho, Capoeira, Frevo, Maracatus, Sambas, Cirandas e Cocos – e relacionando este universo de ritmos à musica erudita, ao som do cravo, da voz, da viola de cantoria e sanfona.
Fique por dentro da programação da peça.
É um espetáculo imperdível e conspira para um inevitável encantamento do público pela beleza do cenário e a energia dos sons emitidos pelos diversos instrumentos de percussão, que podem ser alfaias, gonguê, ganzá, timbau, congas, surdo, caixa, bage, sinos, tambor de onça, pandeirão, canos de metal, vasilhas de porcelana, botijão, potes, caixa do divino e marimba.
Vale destacar alguns momentos mágicos em palco, entre tantos que ocorrem durante a apresentação. Um deles é a regência que Luciano Fagundes faz com sua orquestra imaginária – a platéia. O artista personifica um maestro desengonçado, atrapalhado, mas que desses defeitos não têm nada, pois se ilumina ao reger, com ritmo, indicando com a batuta um som ali, outro acolá, que resulta numa orquestração bem conduzida, pela qual as pessoas vibram e interagem com a música que ele criou. Luciano é magnífico nesta performance.
É também fora de série e de forte impacto emocional o momento em que Leonardo faz percussão em vasilhas de porcelana. O percussionista integra o conjunto que compõe o instrumento de percussão e dele retira uma melodia suave. O silêncio na platéia é total, pois ela entra numa espécie de transe conduzido pela sonoridade delicada da porcelana que é executada pelas mãos de um grande mestre.
Os arranjadores – que são os próprios músicos do espetáculo – apresentam composições próprias, também as de domínio público e de compositores consagrados da música brasileira e da música ocidental européia. “A idéia é recriar o que há de melhor na identidade cultural brasileira a partir de estudos e pesquisas sobre nossos ritmos”, adianta Leonardo Gorosito.
O espetáculo conta com depoimentos de mestres e artistas populares, além de momentos de grande impacto para o público provocado pelos sons energicamente percussivos. Os músicos também se apropriam de malabarismos e acrobacias circenses, recriando elementos artísticos oferecidos por essas tradições culturais e afirmam uma linguagem de arte, divulgam e preservam a riqueza cultural do povo brasileiro.
“As cenas do espetáculo são construídas a partir de personagens, figuras significativas do nosso imaginário coletivo”, explica Luciano Fagundes. “Os temas concebidos na ‘edificação’ do espetáculo surgem de um material simbólico, atrelado a experiência humana na jornada evolutiva. A ‘escada’ em ascensão, representa o caminho gradativo da individuação. Uma vez que os significados simbólicos são ubíquos e eternos, as possibilidades de amplificá-los não se limitarão a este espetáculo”.