Os diferentes estilos de dança, as especificidades de cada expressão, os conhecimentos de técnicas e as questões ligadas à coreografia geram que tipo de dança? Para tentar responder a esse questionamento, quatro bailarinos fazem de seus corpos um roteiro de informações, no espetáculo Entre…Danças, que inicia temporada de apresentações no Teatro Cleon Jacques nesta quarta-feira (09).
Jall Martins, Malki Pinsag, Ryan Lebrão e Marila Velloso levam ao palco um trabalho de dança contemporânea que exige atuação conjunta e afinada. A produção solicita do espectador um olhar mais acurado, captando os diálogos entre vídeo e dramaturgia sonora, cenário, vídeo e iluminação, em meio a várias outras possibilidades. É um convite para que se descubra o que está articulado aos corpos, aos movimentos, à dança, enfim, diz Marila.
Segundo Marila, o universo da dança envolve muitos detalhes. O que investigamos é como o corpo se ajusta para aprender um novo passo de dança. Que tipos de conteúdo são similares no clássico, no contemporâneo, na improvisação?, questiona a bailarina e coreógrafa.
Pesquisar a adaptação do corpo é um caminho que Marila vem percorrendo desde 2007. Um vídeo feito naquela época, com performances no Pelourinho, na Bahia, numa rua vazia em Curitiba e também nas Salinas Grandes, deserto de sal nas províncias de Córdoba e Santiago del Estero, na Argentina, mostrava o corpo sendo testado em ambientes radicalmente diferentes, tanto nas questões culturais e sociais, como nas físicas, relacionadas à temperatura e altitude, por exemplo.
Agora, em vez da mudança de ambiente externo, trabalhamos a mudança de técnica, comenta Marila, que convidou Tom Reikdal para criar e editar um outro vídeo para o espetáculo no Cleon Jacques, com algumas imagens do trabalho anterior. O cenário é assinado por Olga Nenevê e a iluminação está a cargo de Cleverson Cavalheiro.
Em vários momentos, a concepção de Entre…Danças remete à experiência nas Salinas. Os tons de vermelho e as texturas trabalhadas no figurino de Amabilis de Jesus lembram as trilhas de barro percorridas até se conseguir chegar ao branco rígido e contrastante das salinas. Na dramaturgia sonora de Edith Camargo, o ruído de um pé que escorrega no sal é responsável por outro contraste poético, ligado ao barulho dos pés que dançam no tapete de linóleo, tão conhecido dos bailarinos. Que tipo de sensação essas diferenças unidas à tentativa de aprendizado de técnicas também diferentes provoca no espectador?, instiga Marila, deixando claro que a base do trabalho são as reflexões.
Serviço:
Local: Teatro Cleon Jacques
Endereço: Av. Mateus Leme, 4.700 – Parque São Lourenço
Data e horário: De 09 a 20 de maio de 2012 (quarta-feira a domingo), às 20h, exceto domingo às 18h
Preço: Entrada Franca