Os cinco grupos artísticos da UFPR mostram, em junho, o resultado do trabalho de aproximadamente três meses. Os ensaios começaram em março, no início do ano letivo, quando tradicionalmente ocorre o processo para a seleção de novos integrantes e a renovação dos grupos, que é aberto à comunidade em geral.

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Um exemplo disso é a Téssera Companhia de Dança, cujo espetáculo “Diacronia”, trabalhado neste primeiro semestre de 2010, faz parte das comemorações de aniversário do grupo, que completa 30 anos em 2011. O espetáculo mesclará performances da companhia consagradas nestas três décadas com outras inéditas. Ao todo, serão sete coreografias, criadas por Rafael Pacheco e Cristiane Wosniak, que são respectivamente diretor e coreógrafa residente da companhia.

Da mesma forma que a Téssera, o processo de criação dos espetáculos se assemelha em todos os grupos artísticos da Universidade, envolvendo também a pesquisa e o aprendizado teórico para os componentes. No caso da companhia de dança, o grupo parte de uma ideia inicial do que quer trabalhar, passa pela pesquisa, ensaio e só depois passa a definir elementos mais imediatos à performance, como trilha sonora, figurino e iluminação, por exemplo.

Segundo Rafael Pacheco, o espetáculo que será apresentado de 23 a 27 de junho, mescla várias vertentes da dança contemporânea, indo de performances mais abstratas às mais teatrais. “O espetáculo fala de uma inserção no tempo. Há momentos abstratos, críticos, divertidos”, resume Pacheco. “A Téssera sempre busca espetáculos que causem polêmica, estranhamento, questionamentos, debates. Como estamos dentro de uma Universidade, temos esse compromisso com a evolução”, continua o diretor.

Abrindo os trabalhos

A Companhia de Teatro PalavrAção, no entanto, foi a primeira a pisar no palco (na Praça Santos Andrade), no dia 09, com a peça “As aventuras de uma viúva alucinada”, que segue até 25 de junho. O espetáculo é um teatro de bonecos, escrito por Januário de Oliveira, o Mestre Ginú (1910-1977), segundo estudiosos um dos mais notáveis artistas populares brasileiros, e conta a história de um homem que tenta livrar uma viúva do inferno, para onde foi levada com seus filhos, depois de um ferrenho embate com o diabo. A peça trabalha com o mamulengo, uma forma de teatro de bonecos genuinamente brasileira, que trabalha com dança, música e integração entre palco e plateia.

No dia 11, foi a vez das execuções da Orquestra Filarmônica da UFPR, com um concerto dedicado integralmente a três compositores brasileiros: Villa-Lobos, Harry Crowl e Leopoldo Miguéz. Duas das peças que serão apresentadas (“Subtrópicos”, de Crowl, e uma releitura para o Quarteto de Cordas nº 4, de Villa-Lobos, feita pelo maestro regente da UFPR, Márcio Steuernagel) foram compostas especialmente para o Orquestra Filarmônica da UFPR. Fora isso, será a primeira vez que se executará em Curitiba a peça “Suíte Antiga”, de Leopoldo Miguéz, que também é autor do Hino da República.

Já no fim deste mês, subirá ao palco o Grupo de MPB da UFPR, com o espetáculo “Todos os Sentidos”. As principais influências do grupo estão nos sambistas da década de 40 e em músicos como Noel Rosa, Tom Jobim, Chico Buarque, Lenini e Guinga, além de ícones da bossa nova. Entre os paranaenses, estão Mara Fontoura, Lydio Roberto e Ronald Magalhães. Segundo a diretora musical, Doriane Rossi, o espetáculo se pautará pela busca da sensibilização do público. Daí que o espetáculo será musical-cênico, na tentativa de passar à plateia uma experiência sensorial e as experimentações sonoras que os próprios músicos foram descobrindo no decorrer dos ensaios.

Para finalizar a primeira temporada dos grupos artísticos em 2010, o Coro da UFPR apresentará um repertório formado pelas composições do alemão Johannes Brahms, tido pelos críticos como um dos mais importantes compositores do romantismo musical europeu do século XIX. “Brahms é um repertório bastante desafiador para o coro, uma música que exige um equilíbrio muito grande, porque tem melodias ricas e soluções incomuns”, analisa o maestro Álvaro Nadolny, regente do Coro. As apresentações ocorrem nos dias 1º, 02 e 03 de julho, sendo a do primeiro dia no formato de ensaio geral aberto ao público.

Programação

Villa-Lobos, Harry Crowl e Leopoldo Miguéz
Orquestra Filarmônica da UFPR – Regência de Márcio Steuernagel
De 11 a 18 de junho, às 20 horas, na Capela Santa Maria, Rua Conselheiro Laurindo, 273
Os ingressos custam R$ 10 ou R$ 5 mais um quilo de alimento não perecível. A bilheteria será revertida para o custeio operacional da própria Capela.

Todos os sentidos
Grupo de MPB da UFPR – Direção musical de Doriane Rossi
De 29 de junho a 03 de julho, às 20h30, no Teatro Experimental da UFPR – Teuni, Praça Santos Andrade, 50 – 2º andar do Prédio Histórico da UFPR
Entrada franca

As Aventuras de uma Viúva Alucinada
Companhia de Teatro PalavrAção da UFPR – Texto de Januário de Oliveira (Mestre Ginú) e direção de Alaor Carvalho
De 09 a 25 de junho, às 17h17, na Praça Santos Andrade, em frente ao Prédio Histórico da UFPR
Entrada franca

Diacronia
Téssera Companhia de Dança da UFPR – Coreografias de Rafael Pacheco e Cristiane Wosniak
De 23 a 27 de junho, às 21 horas, no Teatro Experimental da UFPR – Teuni, Praça Santos Andrade, 50 – 2º andar do Prédio Histórico da UFPR
Entrada franca

Músicas de Brahms
Coro da UFPR – Regência do maestro Álvaro Nadolny
Dias 1º, 02 e 03 de julho, no Salão Nobre do Colégio Estadual do Paraná, Avenida João Gualberto, 250 – Alto da Glória
Entrada franca