O diretor Gilberto Gawronski gosta do modo como a autora Daniela Pereira Carvalho aborda situações limites. E ela gosta da leitura cênica que o diretor faz do que escreve. Assim, nasceu uma parceria que já rendeu três montagens. A mais recente é Nem um dia se passa sem notícias suas, texto escrito especialmente para Edson Celulari e seu sobrinho Pedro Garcia Netto, que faz parte do 21º Festival de Teatro de Curitiba.
“É uma autora jovem com quem tenho identidade. O diretor geralmente dá uma possibilidade de leitura. Eu tento oferecer para a plateia uma pluralidade, não algo impositivo. Como já conheço o tipo de carpintaria do estilo dela, quando nasceu este projeto ela sugeriu meu nome para dirigir”, explica Gawronski.
No texto, Edson Celulari vive Joaquim, um bem sucedido cirurgião que acaba de perder o pai. Ao lado dele está Garcia Netto, como o irmão mais novo que no meio do turbilhão familiar se defronta com revelações surpreendentes. “O Pedro, que já conhecia meu trabalho, e o Edson foram ver Ato de Comunhão e ficaram comovidos com minha perspectiva de atuação”, conta o diretor, citando o monólogo em que atua e que também faz parte do Festival de Teatro de Curitiba. Gawronski diz que pode ser difícil dirigir atores com laços familiares, mas que neste caso foi tranquilo. “Acho até que a relação deles favoreceu a construção dos personagens”.
Celulari, explica o diretor, vinha de uma grande produção musical e estava interessado em trabalhar com dramaturgia contemporânea. “Acho interessante esse trânsito. Ele tem essa inquietação como ator, não quer ficar só na situação confortável de ator de televisão que já conquistou. Ele se permite também fazer um trabalho mais intimista como este”, diz Gawronski.
Como de praxe em seus trabalhos, o diretor também criou a cenografia, um gosto que guarda a memória da formação em arquitetura. “O espaço físico é um elemento que sempre me ajuda a contar a história”, explica, sobre o cenário que, desta vez, transita por ambientes realistas e um “plano mais alfa”. “Criei um clima como se transitasse por dois mundos, um da memória e outro de uma possibilidade de futuro”.
Participando duplamente do Festival de Teatro de Curitiba – Ato de Comunhão está na primeira edição da Mostra XXX -, Gawronski entende o evento como um “lugar do pensamento”. “Curitiba abriga isso há anos e esse é o lugar certo para estar presente com dois trabalhos. Um de autor contemporâneo carioca e outro de um argentino”, diz ele, cuja carreira é alavancada no teatro com participações esporádicas no cinema. “Sou um homem do teatro e quando o Festival de Teatro de Curitiba me convida para estar com dois trabalhos, entendo como reflexo importante de como tenho encaminhado minha vida”, pondera. “Adorei também estar neste projeto novo, a Mostra XXX. Considero importante uma postura como esta porque orienta o público sobre o que verá”, diz.
Patrocinadores — O Festival de Teatro de Curitiba é apresentado pelo Itaú e patrocinado pela Britania, Copel, Heineken, Nissan, Petrobras e Fundação Cultural de Curitiba, com apoio do SESI. A Vivo é a operadora oficial do evento. ParkShoppingBarigüi, Shopping Mueller e Shopping Palladium são as bilheterias, enquanto a Lúmen é a rádio oficial do Fringe.
Nos eventos associados, a Heineken patrocina o Risorama. Já o Guritiba, que tem parte da renda revertida para o Hospital Pequeno Príncipe, é patrocinado por Mili e Denso.
O Balaroti é o patrocinador do Mish Mash. E pela segunda vez o Gastronomix trabalha com princípios da Gastronomia Responsável difundidos pela Fundação Grupo Boticário. O Festival de Teatro de Curitiba tem ainda a contribuição cultural (pela aquisição de ingressos), da Arauco, Brose, Empalux, Furukawa, Neodent, Ouro Verde Transp. E Locação Ltda, Potencial, Totvs, Unimed e Volvo.
História – Ao longo de duas décadas, o Festival de Teatro de Curitiba construiu uma história de sucesso que o consolidou como a grande vitrine para artistas e companhias de teatro do Brasil e do exterior. Mantendo o pé firme no teatro, mas atento às mudanças no mundo das artes, foi abrindo espaço para as diferentes manifestações artísticas. Nessa caminhada, também firmou a cidade como referência no cenário teatral brasileiro e reservou seu espaço na agenda cultural do país.
Há mais de quatro anos, ele é o carro chefe de uma grande reunião de manifestações culturais, ao lado de outros eventos já consagrados como Risorama, Gastronomix e Guritiba, abrigados sob o grande guarda-chuva do Festival de Curitiba. Desde 1992, estréia que contou com grandes nomes do teatro brasileiro, como Antunes Filho, José Celso Martinez Correia e Gabriel Villela, março é o mês em que Curitiba transforma-se em um imenso palco, prestigiado, até agora, por 1,8 milhão de pessoas e que impactou 4 milhões.
Serviço
Nem Um Dia Se Passa Sem Notícias Suas. Drama – Rio de Janeiro-RJ – Teatro Bom Jesus. Dias 29 e 30 de março
às 21h – R$25 e R$50.