Uma história de pouco amor leva ao palco do Guairinha uma metáfora da
realidade. O texto de Edson Bueno alia-se à direção do carioca Moacir
Chaves e participação ao vivo do músico, Vadeco. O resultado é um
grande espetáculo voltado à reflexão sobre o destino e os caminhos
pelos quais transitam a humanidade. A peça realizada pelo Grupo Camelo
fica em cartaz no Guairinha de até 06 de setembro.

Na trama, dois casais, o publicitário Max (Sydi Correa) e sua esposa, a
modelo Ana (Partricia Kamis) e o publicitário aposentado, Erik (Zeca
Cenovicz) e a esposa Hilda (Laura Haddad), uma executiva em ascensão. 
Enquanto conversam em um bar, fazem declarações surreais – daquelas que
todo mundo pensa, ao menos uma vez na vida, e não tem a coragem de
dizer. O texto de Bueno explicita do seu ponto de vista: a grande busca
sobre o verdadeiro objetivo da vida e qual o combustível para manter-se
vivo. O que é a felicidade e como encontrá-la, se é que ela realmente
existe. “Esses dois casais são metáforas de uma sociedade que se
organiza dessa forma em que é preciso vencer. Uma sociedade na qual se
você não for o melhor, se você não for o mais rico, se você não for o
mais magro, se você não for o mais forte, você é um fracassado. Você
tem que atingir a meta. E aí, quando você atinge a meta você morre.
(Risos). Pronto! Atingi a meta. E a agora? E agora que eu sou rico e
agora que eu sou magro e agora que eu sou forte? E agora? E agora você
morreu, porque você não tem mais nada para fazer na vida, porque sua
vida era uma busca a um determinado alvo”, descreve o diretor Moacir
Chaves.

Temas como: amor, poder, sucesso, dinheiro, ascensão profissional, sexo
e consumismo tomam conta do palco. Cada personagem buscou ao longo da
vida a sua realização em algum desses aspectos e agora que conseguiu,
começa realmente a compreender que não pode ter o controle de tudo; aí
vem o desespero.

Na mesa de bar, “o álcool entra e a verdade saí”, confissões são ditas,
o amor que não se sabe se realmente existe, a amizade de “fachada”, a
traição, revelações que não prometem à história um final feliz. Só
assim, metaforicamente, é possível ver seres humanos tão sinceros. Uma
história realmente envolvente, capaz de entrar e circular por toda a
memória íntima de cada espectador. “Eu queria de alguma forma escrever
um texto sobre as relações contemporâneas, mas com muita realidade, e
levar a reflexão sobre essa sociedade em que você é o que você tem”,
conta Edson Bueno.

O diretor define a peça como “uma experiência sensitiva, mas que só tem
validade por esse caráter: o caráter palpável, concreto, sensível dali.
Falo da música, da beleza especial, falo do ritmo do texto e da
capacidade de presença dos atores. É uma experiência de percepção de um
trabalho artístico” observa Chaves. Para o renomado diretor que já
trabalhou com grandes celebridades do circuito Rio/São Paulo, os atores
curitibanos não deixam nada a desejar, pelo contrário o cenário local
possui grandes talentos, atores que trabalham até mais.  “Aqui o cara
vive de teatro, faz o que pintar”, ressalta, Moacir ao se referir ao
potencial dos profissionais e do cenário local.

Curitiba que já foi até escolhida como capital cultural das Américas,
tem lá seus méritos, mas do ponto de vista dos consumidores de
cultural, ainda tem muito que evoluir. “Eu olho o mundo todo e vejo que
Curitiba é uma cidade muito especial para a prática de teatro. A culpa
é mesmo da mentalidade que norteia as escolhas culturais. Eu falo isso
com intimidade, porque eu não falaria isso se não me sentisse íntimo da
cidade” confessa.



Serviço
Uma História de Pouco Amor. Até 06/09. De Quintas a Sábados, às 21h e
domingos, às 19h. R$14 R$ 10,00 (Bônus) e R$ 7,00 (Estudantes, Classe
Artística, Cartão Teatro Guaíra). Miniauditório do Teatro Guaíra (R.
Aminthas de Barros, esquina com Tibagi).