Escolham seus times e comecem a torcida, que o jogo vai começar. De bola só o nariz dos palhaços – digo, jogadores. O que conta nesse jogo é fazer rir improvisando. O espetáculo Jogando no Quintal permaneceu há mais de 7 anos em cartaz em São Paulo e, agora patrocinado pela Volkswagen, o grupo dá a largada para a turnê nacional, e Curitiba sedia o primeiro duelo de improvisação. Os idealizadores, César Gouvêa (Cizar Parker) e Márcio Ballas (João Grandão) se conheceram no projeto Doutores da Alegria. E da coincidência de que os dois são apaixonados por palhaço e por improvisação veio a ideia de montar este formato para treinar as duas habilidades. “E já há algum tempo eu estava querendo montar um “teatrinho” no fundo da minha casa, porque quando se fala em teatro existe o que eu chamo de “política do mendigar”. A gente tem que ficar mendigando verba, espaço enfim tudo, e aí acaba que muitos bons projetos ficam engavetados por falta de interesse de terceiros. Decidi que esse projeto eu ia colocar em prática sem ter que depender de apoios alheios”, diz César Gouvêa.
Por 7 meses os dois trabalharam no desenvolvimento do projeto inicialmente um duelo improvisado de piadas. Certa altura, mais uma ideia: “Já que somos brasileiros e falar de competição no Brasil é falar de futebol, decidimos fazer no formato de jogo. Convidamos palhaços de diversas formações para enriquecer as pesquisas”, conta Gouvêa. Tudo decidido estrutura montada,o espetáculo enfim estava pronto. Uma vez por mês a casa de César virava um estádio. Com direito a hino, placar, bandeiras, juiz, jogadores e, é claro, a torcida. Era inaugurado o Clube de Regatas Cotoxó. Govêa conta que fechava a porta do quarto e sinalizava com placas de “Diretoria” ou “Fisioterapia”; a cozinha se transformava em loja ou lanchonete com venda de camisa, bandeiras e acessórios do time. A torcida cresceu tanto que estrutura ficou pequena e o clube mudou de estádio várias vezes para espaços maiores. Assim conquistou mais de 180 mil torcedores.
As Regras do Jogo são simples: é disputado por dois times, Cotoxó contra ele mesmo, de três palhaços-atletas cada. O sorteio dos integrantes de cada lado do time é feito na hora, aumentando o potencial de improviso da peça. Os palhaços improvisam cenas a partir de temas sugeridos pelo público. Cada rodada é diferente e tem um desafio novo: improvisar uma cena em 10 segundos, criar uma história, o jogo das letras e muito mais. Ao final de cada rodada, o próprio público/torcida vota no time que fez a melhor improvisação. Cada vitória vale um ponto e, assim, o placar vai sendo construído. O grupo é acompanhado por uma banda que cria os sons e as melodias ao vivo. Cada apresentação é única impossível de repetir.
Jogando no Quintal é uma atração inteligente e cheia de surpresas. Propõe um contato mais próximo e uma experiência de teatro diferente. Dá aos expectadores a sensação de estar entrando em um estádio de futebol e não em um teatro. O uso de elementos proporciona a criação de um cenário lúdico que transporta o público para um clássico do futebol. Para criar um clima o grupo costuma servir uma dose de caipirinha para a torcida, o que não vai acontecer aqui, pois o teatro não permite bebidas alcoólicas. Mas, nem por isso a peça vai ser menos engraçada.
Serviço
Jogando no Quintal. Dias 30 às 21h e 31 às 19h. R$30 e R$15. Teatro da Reitoria (R. XV de Novembro, 1299).