“Os Catecismos segundo Carlos Zéfiro” em Curitiba

Peça de Paulo Biscaia Filho conta a vida do pai da pornografia dos anos 60 e 70, Carlos Zéfiro

Redação Bem Paraná

Nos dias 13, 14 e 15 de maio (sexta, sábado e domingo), chega ao palco do Guairinha a montagem Os Catecismos Segundo Carlos Zéfiro, após temporada de sucesso no Rio de Janeiro.

A peça desvenda um dos mistérios do submundo do mercado editorial carioca – a verdadeira identidade de Carlos Zéfiro – frequentador do melhor da boemia carioca dos anos 50 e 60, fonte inesgotável de inspiração para a criação de mais de 500 contos pornôs, sob a forma de quadrinhos, que fizeram a iniciação sexual de toda uma geração e o transformaram em lenda do erotismo brasileiro.

O enigma da identidade real de Zéfiro é desvendado por meio de uma reportagem investigativa do então editor da revista Playboy, Juca Kfouri, publicada em 1991 na mesma revista masculina, ao ligar a personalidade do artista ao carioca Alcides Caminha, morador da Zona Norte do Rio, considerado um pacato funcionário do Ministério do Trabalho e pai de cinco filhos. Casado desde os 25 anos com Dona Serat, Alcides Caminha trabalhou no setor de Imigração do Ministério do Trabalho e sempre escondeu a dupla identidade por medo de perder a aposentadoria – havia uma lei que condenava as chamadas condutas escandalosas dos servidores públicos.

Os Catecismos Segundo Carlos Zéfiro retoma a parceria de Paulo Biscaia Filho e da atriz Clara Serejo, que trabalharam juntos quando a atriz produziu um espetáculo da companhia Vigor Mortis, e teve sequência em 2009 com a peça A janela e o jardim. Contemplada com patrocínio pelo edital da Eletrobrás, Clara teve longa jornada até obter a autorização da família para encenar a história sobre a vida de Alcides/Zéfiro. Não foi fácil conseguir os direitos de adaptação, mas valeu muito a pena. A história do Zéfiro é linda, muito interessante, eu precisava encená-la, comenta Clara.

Biscaia, por sua vez, ganhou uma bolsa da Funarte para escrever o texto: O Carlos Zéfiro é um mito do erotismo nacional, e é um prazer levar a história dele para os palcos, admite o diretor, que utilizou a fusão das artes cênicas com o cinema para contar a história deste obscuro e popular artista.

Além de Leandro Daniel Colombo, como Juca, e Clara Serejo, no papel de Irene – mulher emblemática que representa as musas do artista -, compõem o elenco Marino Rocha, que vive Gordo, o livreiro que vendia os catecismos e manteve pacto de sangue de jamais revelar a verdadeira identidade de Zéfiro; Mariana Cônsoli, como Serat Caminha, esposa do artista; Rafa de Martins, como Carlos Zéfiro; e Martina Gallarza e Jandir Ferrari, que interpretam em cena alguns textos escritos pelo autor.

Compositor eventual, parceiro de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Britto, Caminha/Zéfiro foi autor da letra de A rosa e o espinho, mas não fez questão de levar o crédito pela obra. Esse detalhe foi, curiosamente, a principal pista que levou Juca a descobrir a verdadeira identidade de Zéfiro.

 
SERVIÇO:

Local: Guairinha

Endereço: Rua XV de novembro, s/no – Centro

Datas e horários: 13 e 14 de maio (sexta e sábado), às 21h e 15 de maio (domingo), às 19h.

Preço: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)