Com texto do dramaturgo italiano Dario Fo (Nobel de Literatura de 1997), direção de Hugo Possolo e interpretação do grupo Parlapatões, a comédia O Papa e a Bruxa se apresenta no Teatro da Caixa de 18 a 20 de junho. O espetáculo trata com humor crítico temas polêmicos e de difícil digestão para a Igreja, como a liberalização das drogas, o cebilato, o aborto e a disseminação da Aids.
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Em uma encenação repleta de improvisos e comunicação direta com a plateia, característica dos Parlapatões, e em meio a um cenário que reproduz as ante-salas do Vaticano, O Papa e a Bruxa remete ao jogo do poder em que a Igreja e a política usam a fé e a crença como meio de manipulação social. O Papa está com um problema de coluna que o faz caminhar todo torto e com pânico de receber milhares de crianças terceiro-mundistas na Praça São Pedro, no Vaticano. Cardeais de sua assessoria o pressionam para que atenda jornalistas que o aguardam para uma coletiva de imprensa. O Papa se coloca diante das soluções de um Médico e de uma Freira, até que descobre que esta tem poderes místicos. A partir daí a peça questiona as ações do Vaticano e da Igreja Católica.
O grupo já encenou Primeiro Milagre do Menino Jesus, também de Dario Fo, que marcou o início de uma busca de textos teatrais instigantes que reforçassem linguagem popular e épica que o circo trazia. O Papa e A Bruxa entrou nos planos da trupe já em 1995, porém em 2006, quando da visita do novo Papa Bento XVI ao Brasil e toda a campanha de recrudescimento da Igreja Católica em relação à teologia da libertação, os Parlapatões puderam fazer uma releitura do texto e descobrir novos significados e ver temas latentes e muito atuais no texto do autor.
Aliando o espírito anárquico e iconoclasta dos Parlapatões a uma dramaturgia estruturada, com alto conteúdo provocativo, forma-se a pólvora que torna o palco um componente explosivo de riso e reflexão.
Sobre Dario Fo
O escritor, dramaturgo e comediante italiano tem em seu currículo mais de cem farsas e comédias apresentadas em todo o mundo e traduzidas em 30 idiomas. Famoso por seus textos ácidos, o alvo mais polêmico das suas sátiras é a burocracia da Igreja Católica.
Trabalhou em projetos de teatro na última metade da década de 40 e participou do teatri do piccoli (teatros pequenos). Em 1977 a peça Mistério Bufo (1969), foi televisionada e considerada o programa mais blasfemo levado ao ar na história da televisão mundial pelo Vaticano. Em 2003 estreou a ópera satírica O anômalo bicéfalo, sobre Silvio Berlusconi, então chefe do governo italiano e presidente do conselho da União Européia. Dois anos depois Dario Fo recebeu da Universidade Sorbonne, Paris, o título de laurea honoris causa.
Dentre as premiações contam o Prêmio Nobel de Literatura (1997), a Comenda das Artes e das Letras (1998), do Ministério da Cultura francês, e três prêmios Molière (2000) por sua peça Morte acidental de um anarquista.
No Brasil, Dario foi interpretado em famosas montagens como Morte Acidental de um Anarquista, dirigida por Antônio Abujamra e com Antônio Fagundes no elenco e Brincando em Cima Daquilo, que valeu o Prêmio Molière à Marília Pêra. O Papa e a Bruxa é um texto inédito no Brasil.
Sobre o grupo Parlapatões
A história dos Parlapatões e a retomada do Teatro de Rua na cidade de São Paulo caminham juntas. O grupo surgiu e se fixou a partir da necessidade de se expressar com maior liberdade, longe das gastas convenções do teatro de então. No decorrer da carreira procurou aliar o circo ao teatro, tarefa que a primeira vista não parece ser novidade. Os Parlapatões, no entanto, apontavam uma perspectiva de rua, com espetáculos abertos e mutáveis, diálogo direto com a plateia e amplitude da visão sobre os temas.
Em certo momento, a trupe percebeu que deveria deixar os malabarismos um pouco de lado e, em vez, de fazer o circo deveria encenar o circo, pois até então nenhuma de suas montagens tinha o picadeiro como tema. Além dos espetáculos de repertório, participaram de projetos como o Pantagruel, que adaptou a obra de François Rabelais para o palco, o livro Riso em Cena – os dez anos de estrada dos Parlapatões, espetáculos em parceria com outros grupos, performances para eventos como o Skol Beats e criaram o Espaço Parlapatões em 2006.
Dentre as peças do repertório, estão: Nada de Novo, Parlapatões, Patifes e Paspalhões, Zèrói, Sardanapalo, Vamos Comer o Piolim [email protected], Não Escrevi Isto, Farsa Quixotesca, O Pior de São Paulo, Bolinha e Bolão, Vaca de Nariz Sutil e O Papa e a Bruxa, dentre outras.
Os Parlapatões receberam diversos prêmios ao grupo: o Prêmio Estímulo da Secretaria de Estado da Cultura (1995), com Zèrói; o Grande Prêmio da Crítica (1997) da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), com Vamos Comer o Piolim; o Prêmio Apetesp na categoria melhor direção com [email protected] e os Prêmios Estímulo Flávio Rangel (1997) Prêmio SHELL (1998) na categoria de Melhor Cenografia, com Não Escrevi Isto.
Ficha Técnica
Texto: Dario Fo
Tradução: Luca Baldovino
Adaptação e Direção: Hugo Possolo
Elenco: Hugo Possolo, Carmo Murano, Raul Barretto, Henrique Stroeter, Fabek Capreri, Alexandre Bamba, Melina Anthis, Hélio Pottes, Adonis Comelato e Ronaldo Cahin
Trilha Sonora original: Paulo Soveral
Iluminação: Reinaldo Thomaz
Voz em off: Antônio Fagundes
Produção Executiva: Cristiani Zonzini
Realização: Parlapatões (Agentemesmo Produções Artísticas)
Duração: Encenação com dois atos e intervalo.
Primeiro ato: 55 minutos
Intervalo: 10 minutos
Segundo ato: 45 minutos
Serviço
Teatro: O Papa e a Bruxa
Local: Teatro da Caixa
Endereço: Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro – Curitiba/PR
Data: de 18 a 20 de junho
Horários: sexta e sábado 21h e domingo 19h
Ingressos: R$20 e R$10 (meia – conforme legislação e clientes CAIXA)
Bilheteria: (41) 2118-5111 (de terça a sexta, das 12 às 19h, sábado e domingo, das 16 às 19h)
Classificação etária: Não recomendado para menores de 14 anos
Lotação máxima do teatro: 125 lugares (02 para cadeirantes)