Espetáculos Palco

Pequenos grandes talentos contam uma história ao pé da letra

A Cia. Verás Atores Mirins apresenta em curta temporada a peça, que pela quarta vez está em cartaz na capital

Simone Muniz/Especial para o JE

Teatro da Caixa, SESC da Esquina, Guairinha e agora é a vez do palco do Teatro Fernanda Montenegro receber o sucesso do espetáculo infanto-juvenil, Ao Pé da Letra da Cia Verás – uma companhia de atores mirins. No palco onze meninas interpretam o papel principal, intercalando com os demais personagens, o que se tornou um grande desafio para o diretor Orly Veras “creio que o maior desafio dessa montagem foi o fato de ter onze atrizes incorporando o mesmo papel sem perder a essência do personagem” afirma.  Mas a situação foi driblada com muito profissionalismo e destreza por parte de toda a equipe. O diretor procurou buscar em cada uma das meninas as características principais, para aproveitá-las e adequar às respectivas cenas. O resultado não poderia ignorar o tamanho do profissionalismo dessas meninas, uma única personagem em seus vários momentos e situações.

Na trama adaptada da obra homônima da escritora  Alina Perlman, Alessandra ou Lelé, como é chamada a personagem principal, é uma pré-adolescente muito especial. Sensível, alegre, romântica, amiga e muito agitada, mas sempre arranja tempo para tudo e,  não consegue parar quieta. Passa umaa boa parte do seu tempo com seus pensamentos e imaginação, “ela vive em um mundo muito dela” define Orly, O ponto marcante de Alessandra é ser uma garota muito certa de quem ela é “a Alessandra é uma menina que só quer ser feliz no mundo dela, ela não quer mudar, quer ser aceita como é” ressalta o diretor. E do lado oposto da personalidade decidida, ela conserva a ingenuidade e imaginação da criança.
O título Ao Pé da Letra é ressaltado por três aspectos principais: Lelé é uma garota que leva tudo de forma literal, então quando alguém solta uma frase feita como: tirar o cavalinho da chuva, dor de cotovelo, perder o fio da meada a imaginação dela logo aflora e começa a recriar as situações e imaginá-las de forma literal. No quarto ela tem uma letra A desenhada na parede, que serve como um diário, ali no pé do A ela cola pequenos bilhetes com seus pensamentos e reflexões sobre o que aconteceu durante o dia, e por último a inserção de clowns –  uma palhaço com um humor mais inocente, mais sutil –  durante a peça, que além de remeter ao mundo infantil, são figuras que assim como Alessandra têm o hábito de levar tudo ao pé da letra. Orly Veras conta que a essência do espetáculo além de passar várias mensagens para o público infantil e infanto-juvenil “é resgatar a imaginação, não só das crianças, mas também dos adultos, porque á através da imaginação que acabam surgindo grandes idéias, grandes projetos”.

Uma parceria com a bailarina Daisy Victor deu uma movimentação a maior para a peça. Analisando as condições de movimentos e aproveitando as coreografias das próprias garotas, ela realizou todo um trabalho de expressão corporal e coreográfica para dar ritmo ao espetáculo, seguindo claro a linha criada pelo diretor e o dinamismo de Lelé.

Cia Verás Atores Mirins – erradicado no Rio de Janeiro em 1996, desembarca em Curitiba tr}es anos depois e conquista seu espaço dia após dia.  Os fundadores Orly Veras e Isabelle Crystina deram início ao trabalho na capital fluminense, mas logo a saudades de casa falou mais alto. E cá estão, completando 13 anos de muitas histórias contadas e para contar. A cia é formada por crianças e adolescentes, com o objetivo principal de descobrir e formar novos talentos. Através de uma proposta ousada e inovadora, busca desenvolver um trabalho de qualidade, com ênfase na interpretação do ator, na valorização da palavra e expressividade do corpo. Buscando sempre a melhor linguagem para alcançar o mundo interior de cada criança. Com o auxílio de oficinas os atores mirins vão sendo selecionados para a cia. Aonde aos poucos constroem suas carreiras, artísticas ou não,  e desenvolvimento pessoal.

O diretor de teatr,o professor e ator Orly Veras completa este ano 20 anos de carreira e adotou uma filosofia sobre quem é profissionalmente “Eu sou um homem do teatro e levo o teatro a sério” conta. Ele se declara apaixonado pela arte, não só pelo fazer e ensinar teatro, mas também assistir as produções alheias. A seriedade do trabalho é notada no profissionalismo, responsabilidade e talento dos pequenos atores e atrizes. Durante os exercícios os atores fazem experimentações de todos os processos criativos, pesquisas, textos, linguagens, criação de perfis de personagens e por aí vai a brincadeira séria.
A peça mal termina e os “gigantes” mirins dos palcos já entram no próximo projeto para 2010. Mais um belo trabalho está no forno dessa galerinha. Aguardem!
 
Serviço
Peça Ao Pé da Letra. 17 e 18 às 18h. R$16 (inteira), R$ 8 (meia) e R$ 12 (bônus).
Teatro Fernanda Montenegro.