Depois do grande sucesso nas temporadas carioca e paulista, finalmente o Armazém Companhia de Teatro traz para Curitiba o espetáculo Toda Nudez Será Castigada, de Nelson Rodrigues. A peça narra o encontro entre o austero Herculano com a prostituta Geni, cuja história é regada a muito amor, sexo, ciúme e traição, culminando em tragédia.

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A estrutura narrativa de Toda Nudez Será Castigada foi o que seduziu a companhia nessa montagem de Nelson Rodrigues (1912-1980). A peça começa pelo fim, com a voz de Geni (Patrícia Selonk) em um gravador: “Herculano, quem te fala é uma morta. Eu morri. Me matei”. O autor abre mão da surpresa, o suicídio da protagonista. A história aparece em flash-back e a ação se constrói com fragmentos de memória do austero viúvo e chefe de família Herculano (Thales Coutinho), que quer tirar a musa da prostituição. Mas tudo termina em tragédia.

Essa narrativa – permeada pela ciência e fé, pelos princípios e dogmas – ganhou do autor o subtítulo “obsessão em três atos”. Amor, desejo e morte são os esteios que amparam e, ao mesmo tempo, balançam a estrutura das personagens. Herculano promete a Serginho (Sérgio Medeiros) – o filho de 18 anos, criado pelas tias – que será sempre fiel à sua mãe morta, mas seu irmão Patrício (Ricardo Martins), o antagonista ambicioso e cheio de ódio, aproxima Geni de Herculano, para quem o sexo pleno é quase pecado. Já o vigor de Geni é sustentado pelo instinto e pela vontade de viver, embora ela se consuma na idéia de que irá morrer de câncer no seio. Salva-se por meio do sexo, seduz Serginho, mas acaba com a própria vida.

A montagem do Armazém não é presa a uma época ou a um lugar. Sagrado e profano. A cenografia dá o suporte necessário a essa encenação não-realista, sugerindo as gavetas da memória de Herculano e suas portas giratórias que compõem uma caixa inteiriça de acrílico e ferro. As transparências sugerem vitrais coloridos de uma igreja ou de um bordel.

Serviço

Autor: Nelson Rodrigues
Direção: Paulo de Moraes
Elenco: Patrícia Selonk (Geni), Thales Coutinho (Herculano), Ricardo Martins (Patrício), Sérgio Medeiros (Serginho), Simone Mazzer (tia 1), Verônica Rocha (tia 2), Isabel Pacheco (tia 3), Simone Vianna (médico), Raquel Karro (padre), e Marcelo Guerra (delegado).
Iluminação: Maneco Quinderé – Figurinos: Rita Murtinho
Cenografia: Paulo de Moraes e Carla Berri
Música original: Arrigo Barnabé – Letra da canção-tema: Roberto Riberti
Trilha sonora pesquisada: Paulo de Moraes
Apresentações: Dias 23 e 24 de outubro – sexta e Sábado – às 20 horas
Teatro Guaíra – Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto
Rua Conselheiro Laurindo s/n – tel: (41) 3304-7914
Ingressos: R$ 15,00 e R$ 7,50 (meia-entrada p/ estudantes, idosos, funcionários e clientes do Banco do Brasil)