Volta em cartaz em Curitiba para segunda temporada, o espetáculo ‘Porque o Ogro Vermelho Chorou’ da Cia. de Teatro PalavrAção da UFPR, com apresentações no TEUNI – Teatro Experimental da UFPR.
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A peça foi inspirada no conto japonês de Hirosuke Hamada, cuja história fala sobre solidão, desejo e responsabilidade. A história mostra uma pacata vila de aldeões que recebe a visita de um ogro, um ser totalmente diferente dos padrões da vila, despertando os valores e sentimentos de um grupo que respeita cegamente a imposição de regras sociais. “Um ser que, aparentemente, bem na casca, parece um ser humano, mas que na verdade não é, é perfeito no sentido de ser coerente com sua própria vontade, de respeitar o pulsar de seu próprio desejo e de respeitar isso, por mais que as conseqüências sejam boas ou ruins”, descreve o diretor Paulo Marques.
A proposta é discutir “ética como estética contemporânea”, ou seja, oferecer novas perspectivas para o público, com o uso de metáforas e elementos visuais que representam o cotidiano da sociedade atual, o que, de acordo com Marques, seria uma espécie de “realismo fantástico”. Esse realismo, explica o diretor, pode ser encontrado em cada detalhe: a criação dos nomes dos aldeões, por exemplo, a partir de nomes de doenças humanas, sendo cada doença implícita em cada personagem, tanto fisicamente quanto psicologicamente. “Os cinco personagens representam os conflitos que o homem contemporâneo passa, então, de certa forma eles representam as mazelas do homem contemporâneo”, completa.
O espetáculo reflete a situação na qual se encontra hoje o homem e seus valores, questionamento da peça. “Na ausência deles, você acaba desenvolvendo uma ética própria, uma ética que não tem a ver com sua história de vida e sim com seu benefício próprio”, analisa Marques.
Inspirada em contos do folclore oriental, com colagens de escritores como Sartre, Shakespeare, entre outros, a peça tem como objetivo despertar a reflexão, falar o que o homem contemporâneo faz com sua solidão em meio à falta de valores. “O que o ogro fez com a própria solidão é a continuação da afirmação Porque o Ogro Vermelho Chorou”, conclui.