O ator Aury Porto é o motor da peça O Idiota, montagem com seis horas e meia de duração, baseada na obra homônima de Fiódor Dostoiévski. O espetáculo da ‘mundana companhia’, com direção de Cibele Forjaz, faz parte da Mostra do 21º Festival de Teatro de Curitiba, que acontece de 27 de março a 08 de abril, em 74 endereços diferentes.
A diretora foi convidada para o projeto pelo ator. Quando estreou, O idiota estava dividido em três partes – e tinha duas versões. Em uma das propostas, o trabalho era apresentado na íntegra uma vez por semana; e na outra, era apresentada em partes em diferentes dias da semana. Para festivais ela funciona melhor mostrada inteira. E é mais emocionante também, diz Cibele. O que noto é que as pessoas nem sentem que ficaram seis horas, por conta do dinamismo, observa. A adaptação do romance para o teatro é de Aury Porto com a colaboração de Vadim Nikitin, Luah Guimarãez e de Cibele Forjaz.
Ela reconhece que é comum as pessoas levarem um susto ao ouvir a duração a peça. Mas passa muito rápido, porque é uma novela teatral. Tem tanto romance, com estrutura de folhetim, cada cena um lugar diferente, que as pessoas não se dão conta porque mudam de ambiente junto com a peça sem perceber, observa ela, sobre a montagem que faz a plateia se movimentar o tempo todo ao longo de 12 capítulos cheio de paixões, suspenses e crimes.
A estrutura, adianta a diretora, é de superprodução. Dizemos que é uma super produção de grupo, porque realmente contamos muito com cada um da equipe. Sinal disso também é que estamos concorrendo em premiações para cenografia, luz, figurino, direção e elenco, diz Cibele, acrescentando que tem gente de várias companhias de São Paulo envolvidas.
Foram dois anos, desde o convite para a direção até conseguir o apoio que viabilizou o projeto. O grupo fez apresentações em Bruxelas, Montevideo, além de temporadas em Minas Gerais, Rio de janeiro e São Paulo. Mas, o que acho mais incrível é um evento como o Festival de Teatro de Curitiba nos convidar porque é uma peça que realmente demanda muita energia, tanto na montagem quanto dos atores. E isso é oferecido com muita generosidade a qual o público responde com uma interação muito forte, diz. Acho que assistir a esta peça é uma experiência que não se esquece. Demanda tempo, mas a gente leva para a vida, assegura ela, que já esteve no Festival de Teatro de Curitiba por duas vezes. Pode parecer estranho eu falar isso, mas é este o retorno que temos de crítica e público. Às vezes a gente se acerta e acho que o acerto, desta vez, se deve ao elenco e a esta equipe tão forte que temos, finaliza. Baseada na obra do escritor russo Fiódor Dostoiévski, a montagem será apresentada no Festival de Teatro de Curitiba em cinco récitas de seis horas e meia de duração cada uma, incluindo-se nesse tempo os dois intervalos (o primeiro de trinta minutos e o segundo de vinte minutos). Os cinqüenta capítulos da obra original de um dos mais geniais escritores foram resumidos em doze capítulos na adaptação, e divididos em três partes.

Companhia — Desde o ano 2000, inspirados pela militância política dos artistas de teatro da cidade de São Paulo junto ao movimento Arte contra a Barbárie, Aury Porto e Luah Guimarãez desejavam criar um núcleo artístico formado essencialmente por atores-produtores.
Almejavam formar uma companhia teatral na qual, a cada projeto, idealizado e produzido necessariamente por um ou mais atores, um diretor, com afinidades afetivas e estéticas com os participantes da companhia, seria convidado. O mesmo ocorreria com os profissionais das outras áreas, como cenografia, figurino, música, luz, e até mesmo com outros atores. O primeiro trabalho foi A Queda (2007). Vieram depois, Das Cinzas (2009), O Idiota, que estreou em 2010, e Tchekhov 4 – uma experiência cênica (2010), no qual pela primeira vez o diretor russo Adolf Shapiro dirigiu um trabalho com atores brasileiros.

Sinopse
O Idiota – Uma Novela Teatral
Drama | São Paulo-SP | Cietep – Horácio Coimbra
28, 29 e 30 de março e 1º e 2 de abril às 19h30 | R$25 e R$50