ABLF
Ernani Buchmann (foto: Academia Paranaense de Letras), Heriberto Ivan Machado (foto: Lycio Vellozo Ribas) e Carneiro Neto (foto: Academia Paranaense de Letras)

A Academia Brasileira de Letras de Futebol (ABLF) completa nesta terça-feira (12) um mês de fundação. A ideia é uma iniciativa de nomes como o piauiense Severino Gomes de Oliveira Filho para escritores de livros de futebol, nos moldes da Academia Brasileira de Letras. Três desses representam o Paraná: o advogado e cronista Carneiro Neto, o professor Heriberto Ivan Machado e o advogado e publicitário Ernani Buchmann, que é nascido em Joinville, mas veio ainda jovem para Curitiba e está radicado no Paraná – foi presidente da Academia Paranaense de Letras e também do Paraná Clube.

“Minha iniciativa, abraçada por inúmeros companheiros de literatura do futebol, tem por finalidade valorizar um pouco mais o nosso trabalho, uma vez que, embora estejamos no país do futebol, mais parece que escrevemos uma literatura marginal, tal o descaso de uma forma geral”, afirmou Severino Filho, conhecido como Buim, referência em pesquisa do futebol do Piauí e organizador da Academia Brasileira de Letras do Futebol.

A ABLF foi fundada no dia 12 de novembro de 2023. Para compor o quadro de membros fundadores, foram adotados alguns critérios. São admitidos escritores que já sejam da Academia Brasileira ou de alguma outra Academia Estadual. Também são admitidos escritores que publicaram livros até 1979, valorizando quem apostou na publicação de livros de futebol num período bem mais difícil. É o caso da professora doutora Maria do Carmo Leite de Oliveira, da PUC-RJ, autora de ‘Futebol: Fenômeno Linguístico’, publicado em 1974. Ela é a primeira mulher a escrever um livro com o tema futebol no país e está no quadro da academia.

Por fim, podem entrar escritores com mais de cinco livros publicados sobre futebol. “Neste caso, existem muitos autores, mas é preciso que ele queira participar”, afirmou Severino Filho. “É importante ressaltar que procuramos a obra (ligada a futebol) sem restrição do gênero literário. Pode ser história, almanaques, poesia, linguística, crônica, humor, não importa. O que vale é o sentido voltado para valorizar a publicação de livros de futebol”.

Segundo Severino Filho, o lançamento oficial da Academia deverá ocorrer na segunda quinzena de janeiro ou primeira de fevereiro. Os registros estatutários estão sendo feitos em São Paulo. A partir daí, funcionará como a Academia Brasileira de Letras. Uma vez composto o quadro de 40 acadêmicos, o processo para novos membros será o de eleição, quando houver vacância. Nas eleições, ganhará quem obtiver mais votos. “Havendo empate, (é escolhido) quem tiver mais livros publicados”, afirmou Severino Filho.

Ernani Buchmann, que está na Academia Paranaense de Letras desde 2004, será o dono da cadeira 17 na ABLF. “Me chamaram faz uns 10 dias. Acho uma iniciativa de alto gabarito. Temos grandes literatos e escritores produzindo matérias sobre futebol. Caso do Ruy Castro, como foi o Nelson Rodrigues, Armando Nogueira… Fico muito orgulhoso de ter sido incluído entre os 40 integrantes”, afirmou ele.

“Foi o Ernani quem me trouxe a notícia de que (a ABLF) vai ser instalada. Meu nome havia constado em razão dos livros de futebol que escrevi”, disse Carneiro Neto, jornalista esportivo há 60 anos e que integra a Academia Paranaense de Letras desde 2016. “Fiquei satisfeito, sensibilizado, agradecido. Espero honrar as tradições do estado como representante nesta nova academia”. Na ABLF, ele terá a cadeira 18.

Heriberto Machado foi convidado para a academia no dia 28 de novembro e aceitou. Será o dono da cadeira número 14. No Paraná, é quem mais publicou livros de esportes, sozinho ou em parcerias – 20 ao todo, incluindo os álbuns de figurinhas de Copas do Mundo. “Para alguém que dedicou a vida a pesquisar e a documentar o desporto no Paraná, é uma honra ser lembrado por pessoas que também fazem esse tipo de trabalho no Brasil. A criação da academia, com 40 cadeiras, nos moldes da Academia Brasileira de Letras, vem premiar o trabalho dessas pessoas que se dedicam a pesquisar, catalogar e documentar o futebol no Brasil”, afirmou ele. “Para mim é uma honra muito grande, tendo em vista esses 61 anos de pesquisa que venho fazendo ao longo da vida”.

Academia Brasileira de Letras de Futebol: integrantes definitivos

Cadeira 1
Patrono: Armando Nogueira
Ocupante: Ignácio De Loyola Brandão (1982/ABL)

Cadeira 2
Patrono: Pelé
Ocupante: Benedito Ruy Barbosa (1961)

Cadeira 3
Patrono: Marcos De Castro
Ocupante: João Máximo Ferreira Chaves (1965)

Cadeira 4
Patrono: Leopoldo Sant’ Anna
Ocupante: Carlos Said (1966)

Cadeira 5
Patrono: Cid Pinheiro Cabral
Ocupante: Ruy Carlos Ostermann (1970)

Cadeira 6
Patrono: Mauro Pinheiro
Ocupante: Dídimo De Castro Pereira (1971)

Cadeira 7
Patrono: Homero Homem
Ocupante: Maria Do Carmo Leite De Oliveira (1974)

Cadeira 8
Patrono: Edilberto Coutinho
Ocupante: Ivan Cavalcanti Proença (1976)

Cadeira 9
Patrono: Lóris Baena Cunha
Ocupante: Ferreira Da Costa (1977)

Cadeira 10
Patrono: Nelson Rodrigues
Ocupante: Ruy Castro (1992/ABL)

Cadeira 11
Patrono: Sandro Moreyra
Ocupante: Deusdeth Nunes Dos Santos (1978)

Cadeira 12
Patrono: Geraldo Romualdo Da Silva
Ocupante: Manoel Luis Melo – Luizinho Bola Cheia (1979)

Cadeira 13
Patrono: Ney Bianchi
Ocupante: Mário Jorge Lobo Zagallo (1971)

Cadeira 14
Patrono: Francisco Genaro (Helênico)
Ocupante: Heriberto Ivan Machado (1983)

Cadeira 15
Patrono: João Saldanha
Ocupante: Juca Kfouri (1983)

Cadeira 16
Patrono: Sergio Ortiz Porto
Ocupante: José Roberto Padilha (1985)

Cadeira 17
Patrono: Alba Veiga Mazza
Ocupante: Ernanni Lopes Buchmann (1987)

Cadeira 18
Patrono: Max Valentim
Ocupante: Antônio Carlos Carneiro Neto (1989)

Cadeira 19
Patrono: Orlando Duarte
Ocupante: Severino Gomes De Oliveira Filho – Buim (1990)

Cadeira 20
Patrono: Otelo Caçador
Ocupante: Cláudio Aragão (1994)

Cadeira 21
Patrono: Carlos Drumond De Andrade
Ocupante: Luís Fernando Veríssimo (1994)

Cadeira 22
Patrono: Edison Pires
Ocupante: Ivan Sotter (1995)

Cadeira 23
Patrono: Duílio Domingos Martino
Ocupante: Antônio Carlos Napoleão (1996)

Cadeira 24
Patrono: Mário Cardim
Ocupante: Marcelo Duarte (1996)

Cadeira 25
Patrono: Augusto Rodrigues
Ocupante: Clóvis Martins (1997)

Cadeira 26
Patrono: Mário Filho
Ocupante: Roberto Assaf (1997)

Cadeira 27
Patrono: Thomaz Mazzoni
Ocupante: Celso Dario Unzelte (2000)

Cadeira 28
Patrono:Rocha Netto
Ocupante: José Jorge Farah Neto (2000)

Cadeira 29
Patrono: Achilles Chirol
Ocupante: Odir Cunha (2003)

Cadeira 30
Patrono: Luís Mendes
Ocupante: Paulo Vinícius Coelho, o PVC (2003)

Cadeira 31
Patrono: Milton Pedrosa
Ocupante: Bernardo Borges Buarque De Hollanda (2004)

Cadeira 32
Patrono: Airton Silveira Fontenele
Ocupante: José Renato Sátiro Santiago Júnior (2004)

Cadeira 33
Patrono: Solange Bibas
Ocupante: Mauro Beting (2004)

Cadeira 34
Patrono: Michel Laurence
Ocupante: Rodolfo Rodrigues (2004)

Cadeira 35
Patrono: Adelchi Ziller
Ocupante: Wagner Augusto (2009)

Cadeira 36
Patrono: Roberto Porto
Ocupante: José Ricardo Caldas e Almeida (2010)

Cadeira 37
Patrono: Paulo Coelho Neto
Ocupante: Dhaniel Cohen (2010)

Cadeira 38
Patrono: Renato Pompeu
Ocupante: Celso Campos Júnior (2011)

Cadeira 39
Patrono: Adriano De Vaney
Ocupante: Julio Bovi Diogo (2016)

Cadeira 40
Patrono: Lourenço Diaféria
Ocupante: Rodolfo Pedro Stella Júnior (2017)
(Entre parênteses, o ano de publicação do primeiro livro de cada autor)

Os paranaenses na Academia Brasileira de Letras de Futebol

Carneiro Neto

  • Nascido em Wesceslau Braz (PR) em 1948. É advogado, formado pela Faculdade de Direito de Curitiba, e cronista esportivo. Autor dos livros: ‘Jogo limpo’ (1989); ‘Atletiba, a paixão das multidões’ (1994); ‘Paraná Clube, o vôo certo’ (1996); ‘Efabulativos do futebol’ (2003); ‘O campeoníssimo, a trajetória de Evangelino Neves’ (2003); ‘Hélio Alves, o feiticeiro do futebol’ (2007); ‘É disso que o Povo gosta’ (2019). Desde 2016 ocupa a cadeira nº 40 da Academia Paranaense de Letras.

Ernani Buchmann

  • Nascido em Joinville (SC), em 1948 e radicado em Curitiba desde os anos 1960. É formado em Ciências Sociais e em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Autor dos livros ‘Cidades e chuteiras’ (1987); ‘O livro do truco’ (1996); ‘Heróis da liberdade’ (1999); ‘Quando o futebol andava de trem’ (2002); ‘Onde me doem os ossos’ (2003); ‘O ponta perna de pau’ (2005); ‘A camisa de ouro’ (2006); ‘O caçador de moscas’ (2007); ‘O Bogart curitibano’ (2008), Sumiços Delirantes’ (2011), ‘Sobre Touros e Homens’ (2011), O Homem com Dois Lados Esquerdos (2013), ’A Voz da Pelerine’ (2016) e ‘Copa 42 – O Símbolo Mundial Nazi-fascista’ (2022). Desde 2004 ocupa a cadeira nº 2 da Academia Paranaense de Letras.

Heriberto Machado

  • Nascido em Santo Antônio do Sudoeste (PR) em 1950. É formado em Letras pela Universidade Federal do Paraná e professor de língua portuguesa. Autor dos livros ‘CAP Nacional/83’ (1983); ‘Atlético – Todos os Times Campeões’ (1985); ‘Futebol/Paraná/História’ (1991) co-autoria Levi Mulford Chrestenzen; ‘Atlético, a Paixão de um Povo’ (1994) co-autoria Valério Hoerner Júnior; ‘Anedotário de Zé Fubá & Cia’ (1988); ‘O Anedotário de Zé Fubá & Cia II’ (2000); ‘História Ilustrada do Clube Atlético Paranaense’ (2000); ‘O Basquetebol no Paraná’ (2002); ‘Rio Branco Sport Club-90 Anos de História’ (2003); ‘Os Veteranos do Basquetebol’ (2005); ‘Futebol do Paraná – 100 Anos de História’ (2005) co-autoria Levi Mulford Chrestenzen; ‘Literatura: Ensaios Críticos’ (1990-2005); ‘O Pescador de Lambaris’ (2005); ‘Memórias de Um Caçador’ (2006); ‘Trieste: O Campeoníssimo Suburbano’ (2006), co-autoria Levi Mulford Chrestenzen; ‘Biografia de Nestorino Ferrari’ (2006); ‘Graciosa: Um Brilho Eterno’ (2007) co-autoria Valério Hoerner Júnior; ‘Antes que o Tempo Apague’ (2007); ‘Santo Antônio do Sudoeste: sua gente, sua história’ (2009); ‘Clube Atlético Paranaense: Uma Paixão Eterna’ (2010) co-autoria Valério Hoerner Junior; ‘Nilo Izidoro Biazzetto: A Marca da Altivez’ (2012) co-autoria Valerio Hoerner Junior e Cahuê Miranda; ‘Consult: 35 anos’ (2012); ‘Foz do Iguaçu – 100 anos’ (2014); ‘Estádio Joaquim Américo Guimarães – Arena da Baixada – 100 anos’ (2014) co-autoria Milene Szczaikovski; ‘A visão de um empreendedor’ (2015); ‘Livro Ilustrado – Football World Cup 1930’ (2015); ‘Livro Ilustrado – Football World Cup 1934’ (2016); ‘Livro Ilustrado – Football World Cup 1938’ (2017); ‘Casteval 55 Anos – Uma História Construída com Sucesso’ (2017); ‘Família Aguiar – História’ (2017); ‘Livro Ilustrado – Football World Cup 1950’ (2017); ‘Em Busca de Novos Horizontes – A História de Kátia’ (2018); ‘Livro Ilustrado – Football Worid Cup 1954’ (2018); ‘Livro Ilustrado – Football World Cup 1958’ (2018); ‘Coletânea – Pescarias & Amizades’ (2019); ‘Livro Ilustrado – Football World Cup 1962’ (2021); ‘Livro Ilustrado – Football World Cup 1966’ (2021). Club Athletico Paranaense – Centenário’ (2024); ‘Club Athletico Paranaense – Almanaque’ (2024).