
Karatê, que significa “mãos vazias” em japonês, é uma das artes marciais mais tradicionais e conhecidas mundo afora. Inspirado nos movimentos dos guerreiros chineses e originado na ilha de Okinawa (Japão), não se sabe ao certo a data em que os brasileiros começaram a praticar o esporte, que virou olímpico em 2020, ajudando clubes e federações a ganharem visibilidade em seu trabalho na formação de atletas e histórias inspiradoras.
Com apenas 16 anos, o curitibano Gabriel Cavejon é exemplo de como o esporte forma caráter e encaminha talentos: apresentado ao Karatê aos 5 anos de idade pelo Sensei Gilmarcos Bastos – seu treinador até hoje – Gabriel tomou gosto pela prática e, aos 10 anos, já participava de competições. “Representar o Brasil em competições é o que me inspira a seguir em uma rotina puxada de treinos diários e preparação especial – tanto muscular, quanto psicológico. O karatê não é apenas uma arte marcial, é uma forma de viver com respeito, dedicação, disciplina e alcançar o equilíbrio e aperfeiçoamento do caráter”, conta Cavejon.
Algumas das conquistas de Gabriel são três campeonatos paranaenses em sua categoria, o topo do pódio em fases do campeonato brasileiro individual e ótimas colocações nas lutas em equipe. Hoje, Gabriel ocupa o 2º lugar no Sul Americano de Karatê e tem uma cadeira na seleção brasileira que vai disputar o Pan Americano, em Santiago do Chile, em agosto.
KARATÊ GANHOU VISIBILIDADE, MAS AINDA FALTA APOIO AOS ATLETAS
“Nunca houve tanta oportunidade para atletas do karatê como agora por conta da entrada da prática nos Jogos Olímpicos ajudou a disseminar a nossa disciplina. No entanto, o apoio aos atletas e ao esporte como um todo ainda caminha a passos lentos aqui no Brasil”, afirma Gilmarcos Bastos, sensei de Karatê há 45 anos e vice-presidente da Federação Paranaense de Karatê e técnico da Seleção Brasileira de Karatê.
Segundo o mestre, há um trabalho em gerar visibilidade para os atletas e, desta forma, garantir que eles tenham as necessidades básicas de atletas em competições supridas. “Tenho o privilégio de acompanhar alguns desses atletas desde o começo da história deles com o karatê e é muito bonito ver como a prática ensina valores para a formação de seres humanos melhores e também trabalha as técnicas de auto-defesa. O Gabriel, por exemplo, nos inspirou muito quando, mesmo tendo fraturado o dedo no meio de uma luta para a competição, seguiu na competição e conseguiu se classificar. São histórias que nos mostram que estamos no caminho certo e ajudar a contá-las para que tenhamos cada vez mais atletas despontando e seguindo apoiados é muito gratificante”, diz.
Hoje, a Federação Paranaense de Karatê tem 42 clubes filiados, representando centenas de karatecas em todo o estado, com atletas selecionados para representar o Brasil em campeonatos. Sem apoio e verbas destinadas diretamente ao esporte, o patrocínio que garante a presença dos atletas nas disputas fica por conta dos próprios pais e atletas, que usam da criatividade e da coletividade para arrecadar os montantes necessários. No caso específico de Gabriel Cavejon na viagem ao Chile, ainda faltam alguns recursos:
QUANTO CUSTA UM ATLETA DE SELEÇÃO BRASILEIRA?
PARA O PAN AMERICANO, NO CHILE
- 2 Kimonos oficial com listras vermelhas e azuis R$1.600.
- Caneleiras GG: R$800
- Protetor Bucal: R$280
- Passagens: já estão compradas para ele e para seu pai acompanhá-lo.
- Hotel: estimativa de R$2.000
- Alimentação: estimativa de R$800
ROTINA MENSAL - Apoio psicológico mensal: R$ 200 (x 6) – R$3.000
- Atividades de reforço muscular: R$600 (x 6) – R$3.600
- Mensalidade Clube Morgenau: R$ 286 (x 6) – R$ 1716