Mario Celso Petraglia, presidente do Athletico Paranaense
Mario Celso Petraglia, presidente do Athletico Paranaense (Crédito: Valquir Aureliano)

A Associação Nosso Atlético entrou com um requerimento na Câmara de Ética e Disciplina do Athletico Paranaense pedindo a suspensão preventiva e a destituição de Mario Celso Petraglia da presidência do clube.

A ação é assinada por nove sócios do Athletico, entre eles José Henrique de Faria (ex-presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Karam (ex-diretor), Murilo Santos e Fernando Azevedo (atual conselheiro), todos integrantes da Associação Nosso Atlético.

O grupo pede a abertura Procedimento Disciplinar Ético por ‘atos imorais praticados pelo sócio Mario Celso Petraglia’. “No dia 28/01/2025, após o final do jogo realizado entre Athletico e Cianorte, quando na qualidade de Presidente do Conselho Administrativo, ocupando a Tribuna/Camarote da Presidência, num gesto vulgar, de ofensa coletiva, mostrou o dedo do meio para a torcida ali presente, mandando todos, indistintamente, idosos, mulheres, jovens e crianças para um lugar inadequado, cujo fato se tornou conhecido em âmbito nacional, transmitido por rádios, TVs e Internet”, alega a ação.

“Fez com que a maior representação do Athetico Paranaense, na figura do Presidente do Clube, se mostrasse um sócio e, ao mesmo tempo, um dirigente indigno de frequentar a casa que leva o seu próprio nome. Praticou o Sr. Mário Celso Petraglia o maior desrespeito já visto de um dirigente de Clube para com o seu valor maior: a própria torcida, símbolo de amor incondicional ao Clube”, argumenta o requerimento.

A argumentação também afirma que Petraglia não se desculpou pelo ato. “Eximiu-se de qualquer mea-culpa ou pedido oficial de desculpas desde então, limitando-se a trocar uma ou outra mensagem com pessoas selecionadas, dizendo-se ‘arrependido, porém agredido’”, explica o texto.

Reincidente

“Não é mesmo a primeira vez que o sócio Mario Celso Petraglia age assim, de forma inadequada, indevida, inaceitável, contra torcedores que ousam discordar de seu modo de conduzir o Clube. Mandar torcedores calar a boca, ameaçando-os, já é um artifício comum usado por ele, o Presidente”, afirma o requerimento da Associação. “Tanto que assim ocorreu na Assembleia do dia 17/02/25, reunião do Conselho Deliberativo realizada na Arena da Baixada, onde o mesmo, diante de todos os Conselheiros ali presentes, mandou o Conselheiro Fernando Azevedo calar a sua boca (fato público), com ameaças e impropérios”, detalha a ação.

Estatuto do clube

Os atos de Petraglia se enquadram em dois artigos do clube, segundo o requerimento. “Manter das dependências do Clube e fora delas conduta moral, social e desportiva irrepreensíveis, abstendo-se da prática de atos imorais ou ilegais’ (art. 14) ou infrinja o mesmo Estatuto ao ‘Praticar ato que atente contra a lei, a moral e os bons costumes ou contra a imagem, tradições ou patrimônio do clube (art. 15)”, argumenta a Associação Nosso Atlético.

A ação também lembra que dois sócios do Athletico foram punidos pela mesma Câmara de Ética e Disciplina por discutir com um segurança do clube, dentro do avião com a delegação (jogadores e comissão técnica), na semana passada. A Associação pede que o mesmo rigor seja aplicado a Petraglia.

Agora, a Associação aguarda uma resposta da Câmara de Ética e Disciplina do Athletico.

Nota Oficial

A Nosso Atlético divulgou nota sobre a situação. Confira o texto, na íntegra:

“Nota Oficial da Associação Nosso Atlético

Dois pesos, duas medidas!

Ficamos surpresos ao receber a notícia de que um casal de sócios torcedores foi punido pela Câmara de Ética e Disciplina do Clube Athletico Paranaense com suspensão liminar de seus smart cards, por protestarem contra a delegação do CAP durante o voo de retorno à Curitiba, após mais um resultado decepcionante em uma partida disputada em Volta Redonda.

Respeitamos a importância da segurança e da ordem, mas o que causa espanto é a velocidade e o rigor da punição aplicada ao torcedor comum, enquanto gestos graves, como o obsceno protagonizado pelo presidente do clube na Arena da Baixada, seguem sem qualquer consequência.

É inadmissível que a cobrança tenha pesos diferentes, dependendo de quem comete o ato. A Câmara de Ética do clube precisa agir com independência e isonomia, sem medo de apurar os episódios que envolvem quem está no topo da gestão.

O gesto obsceno feito por quem representa institucionalmente o clube ainda não teve nenhum tipo de julgamento ou retratação oficial. O silêncio é grave e a omissão, perigosa.

O que está em debate é a credibilidade das instituições internas do Athletico Paranaense e o respeito à sua torcida. Não aceitaremos que torcedores sejam tratados como bodes expiatórios enquanto dirigentes seguem blindados, mesmo quando envergonham publicamente o clube.

Seguiremos atentos, cobrando por transparência, coerência e justiça.

O Furacão é da torcida.
O respeito tem que valer para todos.”