
O Athletico pode trazer o técnico Cuca para o lugar do colombiano Juan Carlos Osorio, demitido neste domingo (3). O clube não confirmou sequer a negociação — o que pode ocorrer nesta segunda-feira (4) ou terça-feira (5). Mas a simples possibilidade está dividindo internautas nas redes sociais. Isso porque Cuca carrega consigo uma acusação e um processo por estupro ocorridos em 1987, quando ele era jogador do Grêmio.
O caso de estupro nunca atrapalhou o andamento da carreira de Cuca como treinador pelo menos até o ano passado. Ele dirigiu quase todos os grandes clubes brasileiros (alguns mais de uma vez) e conquistou títulos relevantes no Palmeiras (Brasileirão de 2016) e no Atlético-MG (Libertadores de 2013 e Brasileirão de 2021). Mas tudo mudou em 2023, quando ele foi chamado para assumir o Corinthians. Então, o caso voltou à tona e ele foi bombardeado nas redes sociais. Pressionado por boa parte da torcida, acabou pedindo demissão após duas partidas.
Desta vez, com a possibilidade dele assumir o Athletico, o assunto foi resgatado. De um lado, lembraram o caso do estupro. “Além de ter técnicos melhores, o Cuca traz uma carga negativa e um oceano de polêmica, completamente desnecessário para o clube, principalmente no ano do centenário”, disse um internauta, no X. “Que ódio. Que vergonha. Vou me cancelar meu sócio e não contem comigo para mais nada”, disse outra internauta. “Cuca não é um grande treinador, não resolve o problema do Athletico; não é torcedor do time; desdenhou do clube em momentos de auge; estuprador”, escreveu mais um.
Por outro lado, havia quem defendesse a contratação. “O que importa é o Athletico. Queremos um time competitivo, vencedor, o que o cara fez, se fez ou se não fez, não é problema do Athletico. A Justiça está aí pra isso”, escreveu um internauta. “Problema de Cuca era de imagem; juridicamente a pena estava prescrita. Recentemente o processo foi extinto”, disse outro. “Por favor, paladinos da moralidade que apedrejam o inocente Cuca: cancelem seus sócios e parem de encher o saco! Venha, Cuca, queremos seu trabalho agora que sua situação está resolvida”, postou mais um.
A negociação
Cuca foi o único nome que a diretoria do Athletico procurou após a queda de Osorio. E é o nome que o presidente Mario Celso Petraglia queria desde dezembro. Neste domingo houve uma negociação. Segundo informações da jornalista Monique Vilela, que tem um canal sobre assuntos do Athletico, a ideia é concretizar tudo nesta segunda-feira (4). Os dois lados estão otimistas.
O processo
Cuca e outros três jogadores do Grêmio – o goleiro Eduardo, o zagueiro Henrique (que teve passagem pelo Corinthians) e o atacante Fernando – foram acusados de estuprar uma jovem de 13 anos na Suíça. Após 30 dias presos em Berna, foram liberados e retornaram ao Brasil. Os quatro chegaram a ser julgados e condenados à revelia em 1989. Mas, como o Brasll não extradita condenados em outros países, ninguém cumpriu a pena. O caso prescreveu.
Em novembro de 2023, a juíza Bettina Boschler reabriu o caso, atendendo pedido da defesa de Cuca. Ele sempre se disse inocente no caso e dizia que queria resolver a situação de uma vez por todas. Após analisar os procedimentos do processo entre 1987 e 1990, a magistrada, em função de diversas irregularidades ocorridas no processo de 1989, tendo levado a um “veredito injusto”, reconheceu as razões do técnico e submeteu o processo ao Ministério Público suíço para análise de eventual prescrição. O Ministério Público, por sua vez, alegou que o crime estava prescrito e não poderia haver outro julgamento. Sugeriu a anulação da pena e, por tabela, a extinção do processo.