Yago Dora campeão mundial de surf: homenagem do Athletico
Yago Dora campeão mundial de surf: homenagem do Athletico (Crédito: Divulgação/Athletico)

O curitibano Yago Dora é o mais novo membro do clube dos campeões mundiais de surfe. O brasileiro de 29 anos triunfou nesta segunda-feira (1º), em Fiji, e se juntou aos compatriotas Gabriel Medina, Adriano de Souza, Italo Ferreira e Filipe Toledo, outros vitoriosos membros da “Brazilian Storm”, a “tempestade brasileira” que tomou conta do circuito na década passada.

Os atletas do Brasil levaram oito das 11 edições da WSL (Liga Mundial de Surfe, na sigla em inglês) realizadas desde 2014. O único não brasileiro a concluir a temporada em primeiro lugar nesse período foi o havaiano John John Florence, campeão em 2016, 2017 e 2024 -ele ficou fora do circuito neste ano; surfou pelo mundo, sem competir, produzindo rentável material audiovisual.

O Athletico Paranaense fez uma homenagem ao novo campeão, que é torcedor declarado do clube.

A disputa

Sem John John, ninguém foi capaz de tirar o título do campeonato masculino do Brasil. Quem chegou mais perto foi o norte-americano Griffin Colapinto, que avançou até a decisão. Acabou superado pelo curitibano criado em Florianópolis, que se mostrou o surfista mais sólido ao longo de todo o certame.
Em sua temporada de maior regularidade, Dora concluiu a fase de classificação do Mundial com a camisa amarela, usada pelo líder do campeonato. Venceu duas etapas (Portugal e Estados Unidos) e assumiu a primeira posição na décima das 11 paradas do circuito, com o segundo lugar na África do Sul.

A posição no ranking lhe deu vantagem na etapa decisiva, chamada de WSL Finals, disputada pelos cinco primeiros nas cercanias da ilha de Tavarua. Nessa disputa, o quinto colocado enfrenta o quarto pelo direito de enfrentar o terceiro. Sai desse embate o adversário do segundo. E só nesse duelo é conhecido o adversário do dono da camisa amarela.

Um dos candidatos era Italo Ferreira, campeão do mundo em 2019 e dono da primeira medalha olímpica da história do surfe, em 2021. Ele era o único dos cinco finalistas com um título mundial no currículo e começou a etapa derrubando o australiano Jack Robinson. Na sequência, porém, parou em Griffin Colapinto.

O norte-americano, que chegou a Fiji em terceiro, superou o segundo, o sul-africano Jordy Smith. E foi à final contra Yago, que tinha uma vantagem extra para o líder adotada neste ano. Ao primeiro colocado bastaria vencer a primeira bateria da final para erguer o troféu. Em caso de triunfo do desafiante, viraria uma disputa melhor de três.

O brasileiro resolveu a questão logo na primeira bateria. Tirou um 7,33 no início da disputa, assumindo o controle. Depois, obteve um 8,33, totalizando 15,66 na soma de suas duas melhores ondas. Griffin Colapinto não chegou a verdadeiramente ameaçá-lo, com um 6,33 e um 6,00, um total de 12,33.

Foi um desfecho feliz para o paranaense após uma escolha difícil. Ao fim do campeonato de 2024, ele decidiu trocar de treinador. Essa decisão, por si, geralmente não é fácil, mas quem orientava o brasileiro era seu pai, o ex-surfista Leandro Dora, conhecido como Grilo, substituído por Leandro da Silva -com quem Yago competiu e treinou na adolescência.

Pai e filho

“Foi uma decisão muito difícil de tomar. Era um trabalho com o meu pai, tem todo o afeto entre pai e filho, mas sinto que tem sido muito positivo. Conheço o Leandro desde moleque, temos uma conexão muito boa. Pai e filho acabam misturando um pouco as coisas. Foi um processo difícil para ambos”, disse Yago, antes do WSL Finals.

Deu certo, o que gerou uma situação desconfortável. Grilo passou a treinar Jack Robinson, um dos cinco classificados à etapa derradeira. E fez a escolha de pausar a parceria, para não se expor à possibilidade de orientar um atleta no caminho do grande sonho de seu filho, o título mundial de surfe.

Robinson perdeu logo na primeira bateria e acompanhou o triunfo de Yago, o mais novo campeão do mundo. “Oh, meu Deus! É inacreditável! Estou muito feliz!”, afirmou o campeão, ainda no mar, em entrevista à transmissão oficial da WSL. “Isso é fruto de muito trabalho, muita dedicação. Feliz demais de levar este título para o Brasil.”