Esportes Tênis de praia

Beach tennis cresce no Paraná, ganha espaço em Curitiba e produz campeões mundiais

Silvio Rauth Filho

A curitibana Marcela Vita, campeã mundial de beach tennis (Crédito: Franklin de Freitas)

Não é apenas mais uma ‘febre’, uma modinha. Não é apenas um ‘frescobol gourmet’. E também não virou apenas um ‘quebra-galho’ durante a pandemia.

O beach tennis superou todos esses rótulos e veio para ficar no Paraná.

Se há dez anos o esporte era praticado por pequenos grupos, hoje já ganha espaço nas academias, em locais públicos e conta com competições oficiais.

Em Curitiba, são 450 quadras dedicadas ao beach tennis, segundo estimativa da Federação Paranaense de Tênis (FPT). Além das academias especializadas para quem pode pagar, a Prefeitura de Curitiba mantém quatro locais públicos para a prática desse esporte. E a própria FPT tem uma quadra aberta à população.

Para quem decidiu levar o esporte a sério, como competição e até uma profissão, o crescimento é expressivo. Em 2018, a FPT tinha 226 atletas filiados nessa modalidade. Em 2022, o número saltou para 1.814. No ano passado, a entidade organizou 85 torneios de beach tennis no Estado. Para 2023, a previsão é de 130.

E o Paraná já virou referência internacional no esporte. No feminino, conta com três campeãs mundiais: Marcela Vita, Rafaella Miiller e Vitoria Marchezini. No masculino, os paranaenses em destaque são Giovanni Cariani e Miguel Peres, com títulos internacionais e boas posições no ranking mundial.

O rápido crescimento do esporte é facilmente explicado. “É um esporte agregador, democrático. Não precisa você ter jogado ou feito outro esporte para começar. É fácil, é sociável. O pé na areia e a descontração ajudam a se apaixonar pelo esporte”, explica a curitibana Marcela Vita, campeã mundial da modalidade.

Não há restrição de idade ou condição física para iniciar, o que atraiu praticantes de todas as idades, dos 7 aos 70 anos. Além de relaxar e cuidar da mente, o esporte melhora no condicionamento físico, queima calorias e fortalece os músculos, principalmente dos membros inferiores, já que acaba exigindo um trabalho maior do corpo para se manter firme em um terreno de menor estabilidade.

O beach tennis teve grande crescimento durante a pandemia, já que pode ser praticado com distanciamento seguro. O esporte atraiu o ex-jogador de futebol profissional Igor, zagueiro campeão brasileiro pelo Athletico Paranaense em 2001. Em 2021, durante a pandemia, o futebol amador de Curitiba foi interrompido por questões de saúde pública. Igor decidiu não ficar parado e se entregou ao beach tennis. “Foi a forma que encontrei de entrar em forma e foi uma grata surpresa”, conta. “O esporte é fácil de se aprender e fui me encantando com a receptividade do pessoal e a interação com as pessoas. Consegui perder peso e isso me motivou a continuar”, diz.

O esporte, porém, não foi apenas um ‘quebra-galho’ durante a pandemia. Igor passou a levar o beach tennis ainda mais a sério e hoje virou professor da modalidade. Além disso, passou a competir em competições oficiais.

BENEFÍCIOS DO ESPORTE

Tricampeã mundial, curitibana explica o crescimento do esporte

Curitiba tem uma tricampeã mundial de beach tennis. Marcela Vita é uma referência no esporte, tanto pelas conquistas na areia como pela academia que fundou na capital paranaense, a Vita Beach Sports.

Além dos três títulos mundiais pela seleção, Marcela compete no circuito mundial da ITF – Internacional Tennis Federation, viajando ao redor do mundo atrás de conquistas. Hoje esta em 14º lugar do ranking mundial.

E essa jornada ao topo do mundo começou há dez anos, quando Marcela conheceu o beach tennis por acaso, em uma viagem de férias a Barcelona. Ela praticou tênis de quadra desde a infância, mas só depois dos 20 anos de idade encontrou o grande amor da sua vida. “Foi amor à primeira vista. É superdinâmico, fácil de jogar. Você tira o tênis, coloca o pé na areia e dá um bem estar absurdo”, conta a curitibana.

Em seguida, Marcela largou o emprego para se dedicar ao esporte. “Eu estava trabalhando em uma multinacional. Chegou um dia que eu eu estava cansada de trabalhar lá e ficava pensando mais no beach do que no trabalho. Decidi largar a multinacional para fomentar o esporte em Curitiba. Comecei a dar aulas no Parque Barigui”, diz.

Em 2019, Marcela inaugurou a Vita Beach Sports, junto com o treinador Gabriel Farah. A academia virou referência na modalidade.

Além das aulas, Marcela compete no circuito mundial e explica que o esporte caminha para o profissionalismo. “Hoje tem muitas marcas significativas apoiando e muita gente jogando, o que dá grande visibilidade”, conta. “Os atletas top do ranking conseguem viver só do beach tennis. Ainda é uma pequena parcela. Ainda existem os atletas que precisam dar aula para se sustentar, mas tudo está caminhando para ser cada vez mais profissional e que tenham cada vez mais atletas que vivam apenas do esporte”, explica.

Evolução do beach tennis no Paraná (Crédito: Divulgação/Federação Paranaense de Tênis)

REGRAS BÁSICAS DO JOGO

Regulamentação

– A Confederação Brasileira de Tênis (CBT) regula o esporte nacional

– Cada estado possui sua federação (vinculada à CBT)

– A ITF – International Tennis Federation regula o esporte mundial

Lugares públicos para a prática em Curitiba

HISTÓRIA DO ESPORTE

O beach tennis foi criado em 1987 na Itália. Começou a se profissionalizar em 1996. Hoje, a Federação Internacional de Tênis (ITF) organiza anualmente 300 torneios da modalidade em 37 países.

O esporte chegou ao Brasil em 2008, no Rio de Janeiro. O primeiro torneio foi em Florianópolis, em 2010, com 36 inscritos. Hoje, segundo a ITF, o Brasil é a segunda maior força do mundo, atrás apenas da Itália, o país criador da modalidade. A CBT estima que atualmente são cerca de 1,1 milhões de praticantes no país.

O esporte mistura tênis tradicional, vôlei de praia e badminton. As regras e práticas vêm se modificando ao longo dos anos.