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Como o Brasil está se preparando para a Olimpíada de 2028

Time Brasil completa o primeiro ano de ciclo olímpico com conquistas e renovação; nova gestão aposta na formação de talentos e vê apoio dos clubes como peça-chave para resultados

editado por Silvio Rauth Filho
Equipe brasileira de ginástica

Equipe brasileira de ginástica (Crédito: Divulgação/CBG)

Com Paris 2024 já no passado, o Time Brasil concluiu recentemente o primeiro ano de ciclo olímpico para Los Angeles 2028 e algumas características chamam atenção nesta trajetória: grandes conquistas e campanhas, qualidade na infraestrutura esportiva e renovação de atletas com foco na base.

E o período inicial, considerado estratégico para o planejamento esportivo, vem confirmando o potencial de uma nova geração de atletas, com campanhas expressivas no cenário internacional.

Estrutura

O bom desempenho neste início de ciclo também reflete a estrutura e o suporte oferecidos pelos clubes formadores no país, com protagonismo do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), responsável por contribuir com a formação de atletas em diversas modalidades olímpicas.

“O primeiro ano de um ciclo é decisivo para identificar e preparar os talentos que chegarão no auge em 2028. O trabalho integrado entre Clubes, Confederações e o Comitê Olímpico do Brasil (COB) é fundamental para que possamos ampliar a base e manter o Brasil competitivo no cenário mundial”, analisa Paulo Maciel, presidente do CBC.

Calderano

Entre os destaques individuais está Hugo Calderano, número 3 do mundo no tênis de mesa, que fez história ao conquistar a Copa do Mundo da modalidade, em Macau — tornando-se o primeiro jogador das Américas a erguer o troféu — e ao ser vice-campeão do Mundial, em Doha, quebrando um domínio histórico de europeus e asiáticos. O mesatenista ainda brilhou em três etapas do WTT.

Hugo Calderano (Crédito: Divulgação/Alexandre Loureiro/COB)

Ginástica Rítmica

Na ginástica rítmica, o país faturou duas medalhas de prata inéditas na competição – no conjunto geral e série mista, com três arcos e duas bolas. Além do desempenho esportivo, o Brasil foi sede do Campeonato Mundial da modalidade. A competição aconteceu no Rio de Janeiro, na Arena Carioca 1 do Parque Olímpico, e contou com a participação das melhores ginastas do mundo. “Uma infraestrutura adequada e de nível internacional potencializa o desempenho de atletas de alto rendimento, além de ajudar na prevenção de lesões e na longevidade esportiva. O Brasil alcançou um patamar de respeito inaugurando espaços em todo o país”, opina Sergio Schildt, presidente da Recoma, empresa brasileira especializada em infraestrutura esportiva, que atua há 45 anos no setor.

Surfe

O surfe brasileiro conheceu mais um campeão mundial. Yago Dora superou o norte-americano Griffin Colapinto, na primeira bateria do WSL Finals e conquistou o título – o oitavo do Brasil na modalidade nas últimas 11 disputadas realizadas. O curitibano, radicado em Florianópolis, havia sido líder na temporada regular e confirmou o favoritismo na etapa decisiva, em Cloudbreak, Fiji. Italo Ferreira, atual medalhista de ouro dos Jogos Olímpicos e campeão mundial, também disputou o Finals deste ano, porém, foi eliminado por Griffin na segunda rodada.

Yago Dora campeão mundial de surf: homenagem do Athletico (Crédito: Divulgação/Athletico)

Skate

Com o título do SLS Brasília, Rayssa Leal iniciou o ciclo para Los Angeles em ótima fase. A brasileira se sagrou a maior campeã da história do torneio, com três conquistas. A Fadinha segue quebrando recordes na modalidade e terá apenas 20 anos em 2028, onde deve chegar para a disputa no auge da carreira.

Vôlei

O vôlei feminino brasileiro é outra força no início do ciclo. Com uma equipe repleta de novas jogadoras, a seleção foi vice-campeã da Liga das Nações, caindo para a atual campeã olímpica Itália por 3 sets a 1. As comandadas de José Roberto Guimarães ainda terminaram o Campeonato Mundial, na Tailândia, na terceira colocação. A exemplo da Liga das Nações, as italianas foram a pedra no sapato das brasileiras e as venceram nas semifinais.

Basquete

Ainda nos esportes coletivos, o basquete masculino brasileiro vive um grande momento, no início do ciclo para Los Angeles-2028. O Brasil se sagrou pentacampeão da Copa América de Basquete, em campanha que contou com vitória de virada sobre os Estados Unidos e revanche na final contra a Argentina, atual campeã do torneio. A seleção brasileira de basquete universitário também foi ouro nos Jogos Mundiais Universitários de Rhine-Ruhr 2025, após 62 anos, em mais uma remontada contra os norte-americanos na final.

Pan

No cenário continental, o Brasil fez uma campanha histórica no Pan-Americano Júnior, realizado em Assunção, no Paraguai — quebrando o próprio recorde de medalhas e garantindo 48 vagas para o Pan Adulto 2027, que será em Lima, no Peru. Essa foi a primeira grande competição do ciclo para LA-2028 e vitrine para atletas que devem compor o futuro do Time Brasil.

Com bases sólidas e um olhar estratégico para o futuro, o Time Brasil inicia sua caminhada rumo a Los Angeles com sinais claros de que a combinação entre renovação e investimento na formação pode render resultados ainda mais expressivos nos próximos anos.