Coritiba “cascudo e redondo” e Atlético “jovem e quadrado”

Experiência dos jogadores e opções táticas marcam clássico 353, que será neste domingo

Lycio Vellozo Ribas e Silvio Rauth Filho

Coritiba e Atlético fazem neste domingo o clássico de número 353 de uma história de quase 90 anos. Nesse tempo todo, raras vezes os adversários se mostram tão diferentes como agora. A partida no Couto Pereira vai contrapor um Coritiba cascudo e redondo e um Atlético jovem e quadrado.

No futebol, o termo cascudo é aplicado a jogadores experientes em idade ou com vasta rodagem. Há vários no Coritiba. Os meias Alex e Lincoln e o atacante Deivid, que já passaram da casa dos 30 anos, têm várias partidas da Liga dos Campeões da Europa em seu currículo – bem como  o zagueiro Leandro Almeida, 25. Outro zagueiro, Pereira, 33 anos, já disputou pelo menos três Copas Libertadores. O time titular ainda conta com Vanderlei e Rafinha, ambos de 29 anos e tricampeões estaduais pelo Coritiba.

No lado do Atlético a situação se inverte. O clube vem usando uma equipe sub-23 no Estadual. Na última partida – vitória de 3 a 1 sobre o J. Malucelli –, os dois jogadores mais velhos eram o zagueiro Bruno Costa e o volante Renan Foguinho, ambos de 23 anos. A média de idade era de 20,63 anos. A maioria deles nunca disputou sequer uma partida de Campeonato Brasileiro. A experiência internacional desse time se resume ao goleiro Santos (duas partidas pela Copa Sul-Americana de 2011), a Bruno Costa (um jogo pela Sul-Americana de 2009) e a Renan Foguinho (quatro jogos por Copas Sul-Americanas).

Outro ponto característico do Coritiba é a rotatividade tática. O time começou o Estadual atuando no 4-1-4-1. Chegou a usar também o 4-2-3-1 e, nos últimos jogos, aplicou o 3-5-2. Marquinhos Santos tem à disposição jogadores versáteis, que podem trocar de posição ao som de um simples assobio do treinador. Com isso, o time pode mudar o esquema durante os 90 minutos. As possibilidades são tais que o treinador, sem saber se pode contar com o lateral Patric para compor o 3-5-2, não descarta usar uma formação no 4-3-3.


No Atlético, Arthur Bernardes escala um 4-4-2 bem quadradinho, composto por uma linha de quatro defensores, dois volantes em linha, dois meias e dois atacantes. Quase não há trocas de posições. Os laterais avançam pouco e os volantes ficam presos à marcação. Assim, a equipe depende essencialmente dos meias e dos atacantes, os únicos que têm mais liberdade para se mexer no campo. Até agora, só usou esse esquema no Estadual.
A última diferença é a posição de ambos na tabela. Passadas nove rodadas do primeiro turno, o Coritiba lidera, com 21 pontos. O Atlético tem pouco mais de metade dessa pontuação – 11 ao todo – e está em 7º lugar dentre 12 equipes. O time coxa-branca pode até ser campeão do turno por antecipação, dependendo do que aconteça entre J. Malucelli e Londrina (vice-líder, com 20 pontos), na véspera. Sem perspectivas de título, a graça do clássico para o Atlético pode se resumir a atrasar o maior rival.