Divino no Couto Pereira
Divino no Couto Pereira (Crédito: Acervo pessoal/Divino dos Santos Filho)

Divino dos Santos Filho é um paranaense que quase ficou de fora do futebol coxa-branca por causa de uma chuteira dele que foi roubada. Deu um jeito de conseguir outra para um jogo decisivo ainda garoto. Foi o duelo, garante, que o deu cancha para ser campeão nacional em 1984 representando a Seleção Paranaense de Juniores – o que provavelmente o ladrão não conseguiu. Por conta de uma contusão no joelho, teve que parar com o futebol. Mas ainda que trocando de esporte, engrenou: no mundo do tênis.

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Carteira do Coritiba de Divino dos Santos (Crédito: Acervo pessoal/Divino dos Santos Filho)

Conhecido também como Tuca Santos, Divino dos Santos Filho é paranaense. Nasceu em Tapejara, em 4 de junho de 1963. Foi campeão no título brasileiro do selecionado paranaense contra o Rio de Janeiro, em janeiro de 1984 – sob comando de Paquito, da Dupla Caipira de União Bandeirante e Coritiba, com Tião Abatia, nas décadas de 1960 e 70.

Zagueiro do Coritiba

Divino foi zagueiro do Coritiba integrante do elenco do título nacional de 1985, ainda que jogando as partidas do Campeonato Paranaense daquele ano. Os torneios ocorriam paralelamente. A equipe do Alto da Glória precisava de um grupo maior para poder dar conta de todos os jogos. Era um dos pupilos do eterno ídolo coxa-branca, Dirceu Krüger. O consagrado coxa-branca ao comentar sobre Divino, e mais alguns outros jogadores da época em que foi auxiliar do treinador da Seleção Paranaense de Juniores, disse: “Quando está subindo túnel, meu maior orgulho sempre foi com os moleques. Continua sendo quando um dos garotos nossos está subindo o túnel com a camisa titular”, relatou, pouco tempo antes de falecer. Divino foi um desses piás, porém, encerrou permanentemente a carreira no futebol em 1988, quando realizou uma operação no joelho.

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Divino dos Santos no Coritiba (Crédito: Acervo pessoal/Divino dos Santos Filho)

Na história do esporte, Divino superou a lesão e não se limitou apenas ao futebol. Virou treinador de tênis e entusiasta do xadrez. Ele tem como grande simpatia o quesito de contar os detalhes de cada amigo que fez no esporte. Um deles é o motorista que dirigia o ônibus da seleção de futebol do Estado nos Jogos Abertos Escolares, em Brasília, 1981, quando o Paraná foi vice-campeão, com Barcimio Sicupira Júnior de auxiliar técnico. O motorista em questão é “Bichinho”, um desconhecido que graças ao amigo entrou no imaginário popular do esporte do Paraná.

Tapejara

Nos campos da região da cidade natal, Tapejara, jogava futebol em times locais. Havia entre a garotada uma espécie de “Campeonato Brasileiro”, utilizando uniformes similares aos dos clubes nacionais. Ali foi uma primeira decisão, próxima a 1978, em um campeonato regional realizado em Cianorte. Foi quando conheceu um pouco da malícia do mundo da bola. Foi uma decepção que quase o fez desistir. A sua chuteira foi roubada às vésperas do jogo final. Teve de jogar com uma de numeração maior, atrapalhando os movimentos da partida. “Era futebol amador e não conseguimos acreditar que isso poderia acontecer até que toda a história foi confirmada e comprovada”, relata ele, que posteriormente ganhou confiança para ser colocado nos cobrinhas do Coxa treinados por Arzemiro Bueno, o Professor Miro. Passou no teste com um ar de ingenuidade, pois foi ao Coxa com a camisa do rival. “Quanto à camiseta com o distintivo do Athletico Paranaense, acho que até passou despercebido com todas as situações de harmonia naquele dia”, comemora ele, que foi procurado pelo técnico da base do Coritiba na Farmácia do Eurico, na capital do Paraná, onde o pai dele trabalhava.

Trocas felizes

Ao longo da vida, Divino passou por mudanças de cidade que marcaram trajetória. Uma delas foi a troca de Tapejara, em 1979, por Curitiba, onde foi campeão nacional de juniores pela Seleção Paranaense em 1984. Também compôs o elenco do Coritiba campeão nacional de 1985. Encerrou a careira precocemente com pouco depois, por causa de uma lesão. Por isso foi parar no interior paulista, em Cerquilho. Redescobriu as atividades desportivas. “Um amigo me convidou para entrar em uma quadra de tênis e dar umas raquetadas. Achei que esse esporte iria exigir muito”, conta, antes de concluir. “Pra minha surpresa, os movimentos curtos e nada de contato, é claro, faziam com que eu pudesse praticar quase que sem problema físico algum. Muitas as bolas fora da quadra, mas a ótima sensação de poder continuar praticando um esporte”, comemora.

Tornou-se professor de tênis. Renascia para o esporte, com o nome Tuca Santos. “Passei em um curto período de tempo a participar dos torneios municipais, regionais e do Estadual, como também a realizar os cursos e estudos necessários para poder atuar nessa área como instrutor. Hoje é minha principal atividade profissional”, destaca Tuca, como é conhecido no mundo das quadras. Apenas os fãs de futebol o chamam de Divino.

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Divino dos Santos e o grupo de tênis (Crédito: Acervo pessoal/Divino dos Santos Filho)

Um dos frutos desse trabalho é a escola Tênis Universal Carlos Alberto Santos, daí surgiu o apelido Tuca. Também é dono de uma grife de confecção esportiva destinada aos tenistas. Está no interior de São Paulo, mas está buscando espaço entre outras praças esportivas do Brasil. Inclusive o Paraná. “É um objetivo, com certeza. Mas o mais importante é a prática esportiva”.