O técnico do Coritiba, Mozart, entrou na eterna polêmica dos esquemas com ‘três volantes’. Após o empate em 0 a 0 contra o Goiás, na última sexta-feira, ele foi perguntado sobre o tema e explicou que esse é um discurso cansativo.
O debate é antigo. No Brasil, a palavra ‘volante’ virou sinônimo de jogador defensivo para parte da imprensa e para muitos torcedores. Nos países de língua espanhola, a palavra é praticamente um sinônimo de meio-campista. Um exemplo: no resto da América do Sul, o ‘volante de enganche’ é o termo o meia ofensivo, o camisa 10. Os meio-campistas defensivos são chamados de ‘volante de contención’. Os armadores são rotulados de ‘volante de construción’.
Escalação
Aqui, porém, Mozart teve que explicar por que escalou Wallisson, Vini Paulista e Sebástian Gómez juntos, enquanto o meia Carlos De Pena começou no banco. “Vamos tentar quebrar alguns mitos que existem no futebol. Primeiro que não são três volantes. O Wallisson não é um volante de origem. Eu tenho dois volantes no elenco, que são o Geovane e o (Filipe) Machado. O Wallisson é um camisa 8, o Vini é um camisa 8, e o Carlos (De Pena) é um 8 barra 10. E o Sebas (Gómez) é um 8 barra 5”, argumentou o treinador.
“Talvez dos três, o único que tem um pouco mais de característica de um 5, que eu já utilizei em alguns momentos, é o Sebas”, explicou.
Atacar e defender
“Entendo que os jogadores de meio campo hoje são jogadores que têm que saber fazer tudo. E não sou eu que estou inventando. É só assistir ao jogo. Tem um milhão de jogos por dia na televisão. É só assistir. O jogador de meio campo precisa ser o mais completo possível: precisa saber atacar, saber defender, saber infiltrar e saber fazer gol. Tanto é que quem fez o gol foi o Sebas, mas infelizmente anulado, um volante pisando na área”, detalhou o técnico do Coritiba.
“Está cansativo esse discurso, se é três volantes, se não é três volantes. O importante é a produtividade coletiva. Se nós finalizamos 21 vezes, tivemos sete chances de gol contra o segundo colocado (Goiás), acredito que tudo aquilo que tínhamos planejado para o jogo deu certo. Infelizmente, não fizemos o gol, mas as chances nós criamos. Bola na trave, milagre do Thiago (Rodrigues, goleiro do Goiás), volume ofensivo, não concedendo nada ao adversário”, afirmou Mozart.
O esquema tático
Mozart vinha armando o Coritiba no esquema tático 4-2-3-1, com Filipe Machado (direita) e Sebástian Gómez (esquerda) como volantes. Na linha de três: Lucas Ronier (direita), Josué (centro) e Clayson (esquerda).
Sem Josué, lesionado, a expectativa era que De Pena fosse titular, mantendo o 4-2-3-1. No entanto, Mozart mudou para o 4-1-4-1, com Wallisson como único volante, mas com certa liberdade ofensiva. A linha de quatro tinha dois médios (Sebas pela esquerda e Vini Paulista pela direita), além de dois pontas (ou extremos).
Versatilidade
Chamados de ‘volantes’ no Coritiba, Wallisson e Vini Paulista já jogaram como ponta em outros clubes e também no próprio time paranaense.