
Trigésimo terceiro jogo de simulação de futebol lançado pela EA Sports e o terceiro desde o fim da parceria para o licenciamento do nome da Fifa (Federação Internacional de Futebol), o EA FC 26 será lançado no dia 25 deste mês com o desafio de recuperar as perdas econômicas que o estúdio teve com o último título da série.
Em janeiro deste ano, ao divulgar os resultados de suas operações em 2024, com números abaixo dos projetados, o estúdio viu suas ações caírem 7%. As perdas chegaram a US$ 6 bilhões (R$ 32,8 bilhões) em valor de mercado.
Ao justificar o desempenho, a companhia apontou a performance mais baixa de alguns de seus jogos, em especial do EA Sports FC 25. A versão não teve a mesma recepção dos fãs em relação a edições anteriores, recebendo críticas sobre a falta de novos recursos e inovações, o que prejudicou a receita no segmento de serviços ao vivo, principal fonte de faturamento da EA.
No período, o estúdio registrou vendas totais de US$ 2,215 bilhões (R$ 12,1 bilhões), abaixo das projeções, que estimavam um valor entre US$ 2,4 bilhões (R$ 13,1 bilhões) e US$ 2,55 bilhões (R$ 13,9 bilhões).
O CEO da EA, Andrew Wilson, afirmou que o engajamento dos usuários foi menor do que o esperado. Muitos preferiram continuar jogando o FC 24, primeiro título da série após o fim da parceria com a Fifa, encerrada em 2022.
Nova estratégia
Diante desse cenário, a EA adotou uma nova estratégia para o FC 26, com o desenvolvimento de dois tipos distintos de “gameplay”, como é definida a jogabilidade de um game. Batizados de “competitivo” e “autêntico”, os dois modos são uma tentativa de atender às expectativas dos jogadores casuais e renovar a conexão com os mais aficionados.
“Antes, nosso problema era criar um jogo que fosse atrativo para todos os jogadores. Isso simplesmente era impossível”, disse à Folha Sam Rivera, diretor de “gameplay” da EA. “Então, nosso desafio foi entender quais são as duas principais características que os jogadores querem. Uma é um jogo rápido, com tempos de resposta mais curtos, uma experiência em que você está no controle e precisa reagir o mais rápido possível. A outra é mais lenta, mais tática, onde você tem que pensar à frente.”
Competitivo
Segundo Rivera, o primeiro grupo se encaixa no perfil do modo “competitivo”, que inclui o Ultimate Team, principal fonte de receita da EA com vendas ao vivo — estima-se que o estúdio fature até US$ 2 bilhões (R$ 10,9 bilhões) por ano com modos como esse.
Já o segundo grupo deve se identificar com o Carreira, voltado para uma experiência mais autêntica. “Aqui, os jogadores preferem partidas com menos gols para que seja mais próximo do real”, disse o executivo.
Ao separar as duas “gameplays”, o estúdio promete atualizações distintas ao longo do ciclo do jogo, que dura, em média, um ano. Essas atualizações contemplam ajustes a partir de sugestões dos fãs, como ocorre antes mesmo do lançamento oficial, quando alguns usuários são convidados a testar uma versão beta.
Acesso antecipado
A reportagem conversou com jogadores que acessaram o game nesta fase — eles pediram para não ser identificados, a fim de não violar as regras da EA para acesso antecipado — e ouviu opiniões positivas sobre o jogo. Há, no entanto, uma preocupação de que a empresa não mantenha o que foi apresentado na versão beta caso a recepção do público geral não seja boa logo no lançamento.
De acordo com Sam Rivera, a EA está preparada para lidar com essa fase de adaptação. “É sempre bom ter o feedback da comunidade, mas talvez tenhamos que esperar um pouco para nos assegurar se esse feedback é realmente um problema ou não. O bom é que agora podemos separar esse feedback tanto para o modo competitivo quanto para o autêntico.”
Goleiros
De forma geral, as principais críticas ao FC 25 citavam aspectos que envolviam a física de movimentos em ações fundamentais no futebol, como passe, chute, drible e movimentação dos goleiros.
“Os goleiros são completamente diferentes no FC 26. O posicionamento é controlado por uma inteligência artificial que aprendeu qual a melhor posição para defender um chute”, disse Rivera, que também destacou a evolução dos passes. “Agora, eles são mais precisos e um pouco mais rápidos. E, o mais importante, na minha opinião, eles são mais responsivos.”
‘Rage quit’
Outra mudança importante observada é em relação às regras de desistência de uma partida online. Uma vitória será atribuída se o oponente desistir ou se desconectar da partida quando o placar estiver empatado em eventos ao vivo, como nos modos Rivals e Champions.
Salto
Na EA Sports há quase 17 anos, o produtor espera que o novo título represente um salto significativo em relação a edições anteriores. Entre as inovações mais lembradas estão os motores gráficos Frostbite (Fifa 17), HyperMotion (Fifa 22) e HyperMotionV (FC 24), além do aprimoramento da “gameplay” com recursos como dribles 360º (Fifa 10), defesa tática (Fifa 12) e finalização cronometrada (Fifa 19).
“Este é um ano em que nós trabalhamos mais perto da comunidade. Quando você compara o FC 25 com o novo FC 26, em termos de condução e como os jogadores se sentem, a mobilidade que eles têm, quanto a bola se movimenta, quanto o jogador se movimenta cada vez que você muda sua direção com o controle, a diferença é enorme”, afirmou Rivera.