Ícones olímpicos apoiam Anderson Silva, mas não creem em vaga olímpica

Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ingresso de Anderson Silva, 40, na seletiva para do taekwondo para os Jogos do Rio-2016, anunciado na semana passada pela confederação brasileira da modalidade, é apoiada mas vista com cautela por ícones olímpicos. A avaliação de cinco renomados expoentes nacionais é a de que a tentativa de classificação do lutador, tido como o maior da história do UFC, atrairá atenção para o esporte e não prejudicará seus eventuais atletas rivais. A maioria, porém, acredita que ele não obterá a vaga. “Acho que ele vai apanhar bastante. Quem está na estrada há mais tempo conhece os caminhos, e ele saiu desta estrada há tempos”, disse Robson Caetano, 50, dois bronzes olímpicos na carreira. “O próprio Anderson vai tropeçar nas próprias pernas, porque as regras são muito mais restritas que no MMA. Creio que encontrará dificuldades. Mas isso é uma forma de promoção”, acrescentou. Quando jovem, Anderson praticou a arte marcial, contudo contou ter deixado a modalidade de lado aos 17 anos. Ele tentará se qualificar para disputar a categoria acima de 80 kg, o mais pesado dos pesos do taekwondo do programa dos Jogos Olímpicos. Além de tentar contornar o hiato de 23 anos, Anderson terá de correr atrás. Ele não tem resultados oficiais no esporte. O presidente da CBTkd, Carlos Fernandes, vai adotar um novo modelo de classificação olímpica que possa contemplar o “novato”. “Se ele for o melhor no processo seletivo, por que não? Quem sabe ele não ajuda a difundir?”, indagou Lars Grael, 51, velejador com bronzes em Seul-1988 e Atlanta-1996. Embora endosse a participação na seletiva, Grael alertou para o fato de Anderson estar suspenso preventivamente por ter sido flagrado duas vezes com substâncias proibidas, como um esteroide, antes da luta com o americano Nick Diaz, em janeiro. “Resta saber se ele estará elegível. Torço para que sim”, disse. O lutador será julgado nas próximas semanas. Prata na natação em Los Angeles-1984, Ricardo Prado, 50, não se opõe à tentativa, “desde que por méritos”. “Não sou a favor de qualquer regalia a favor dele. Mas estamos a 15 meses dos Jogos do Rio e não há classificados, ou seja, qualquer atleta pode ir. Mas é difícil”, assinalou. Técnico da seleção feminina de vôlei e tricampeão olímpico, José Roberto Guimarães, 60, acha que “chance todo mundo tem que ter”. Porém, entende que se trata mais de uma estratégia de marketing do que interesse real em expandir o esporte. “Particularmente, não acho que ele vai entrar no time olímpico. Nem na seletiva. É um cara consciente, ótimo lutador, mas especializado em outra arte marcial”. Veterano de quatro participações olímpicas, o ex-jogador de basquete Marcel, 58, é mais objetivo para a resolução de eventuais queixumes. “Os outros atletas estão reclamando que Anderson vai lutar? É simples, dá um pau nele”.