O mítico ex-jogador húngaro Ferenc Puskas morreu na madrugada desta sexta-feira (horário local), em Budapeste, aos 79 anos de idade, em conseqüência do mal de Alzheimer. O estado de saúde do lendário jogador também se agravou em conseqüência de problemas respiratórios e cardiovasculares, de acordo com informações da imprensa local.
Puskas estava internado desde meados de setembro no Hospital Kütvolgyi, na capital da Hungria. Seu estado de saúde era crítico há dias, por causa de uma pneumonia, segundo Gyoergy Szollosi Gyorgy, porta-voz da família. O ex-jogador foi internado na UTI do hospital em setembro e praticamente perdeu o contato com o mundo, segundo informou seu amigo Jenö Buzanszky, também ex-jogador da seleção húngara.
“Esta é uma enorme perda para a Hungria e especialmente para nós seus amigos”, disse Buzanszky, ao saber da notícia, à agência húngara MTI. “Falei com os médicos e eles comentaram que Puskas viveria até que seu coração agüentasse. Morreu o maior nome do esporte do país”, acrescentou.
Com a morte de Puskas, só restam vivos dois integrantes da seleção húngara que encantou o mundo nos anos 50: Buzanszky e o goleiro Gyula Grosics. Nesta década, a Hungria ganhou facilmente a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1952, em Helsinki (Finlândia); provocou a primeira derrota da Inglaterra em toda a história no Estádio de Wembley, em Londres (6 a 3, em 1953); e ficou com o vice na Copa do Mundo de 1954, na Suíça – perdeu a final para a Alemanha por 3 a 2, em Berna, depois de ter goleado os alemães por 8 a 3 na primeira fase.
Puskas defendeu o Real Madrid, da Espanha, entre 1958 e 1966, quando ganhou duas Taças da Europa (como era chamada a atual Liga dos Campeões). Recebeu da Uefa, em janeiro de 2006, a condecoração Campeões da Europa. Foi eleito pelos húngaros o maior nome do esporte nacional e o maior estádio do país, em Budapeste, leva seu nome há sete anos.
Puskas estreou na seleção húngara em 1945 em um jogo com a Áustria, no qual marcou um gol. Na equipe húngara, da qual foi capitão em 56 jogos, jogou 84 vezes – a última também contra a Áustria – e marcou 83 gols.
Di Stéfano: “Puskas era ainda melhor como pessoa”
O presidente de honra do Real Madrid, Alfredo di Stéfano, que dividiu o ataque do time com Puskas no início da década de 60, disse que seu antigo companheiro, morto nesta sexta-feira, aos 79 anos, era no convívio pessoal ainda melhor do que como jogador de futebol.
“Todos sabem que ele foi um jogador extraordinário, mas era ainda melhor como ser humano, um homem generoso, íntegro, carinhoso, estupendo”, elogiou Di Stéfano, avisando que, por problemas de saúde, não poderá viajar até Budapeste para o funeral de Puskas, que sofria de Mal de Alzheimer e viveu num hospital nos últimos seis anos.
Di Stéfano entrou em contato com a família de Puskas para manifestar seu pesar, em nome do Real Madrid, e lamentou que o craque húngaro não tenha deixado herdeiros no futebol. “Infelizmente ele só teve filhas, netas e bisnetas, então não poderemos ver um ‘Puskitas'”, disse.
O técnico do Real Madrid, Fabio Capello, também foi só elogios ao craque, que brilhou com a seleção da Hungria na década de 50. “Tenho lembranças extraordinárias dele. Foi um dos grandes do futebol, era impressionante como definia bem com a perna esquerda quando pegava a bola a cerca de 20 metros do gol”, elogiou.