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A torcida do Paraná na Vila Capanema (foto: Valquir Aureliano)

Após anos trágicos, com gestões temerárias e rebaixamentos consecutivos que deixaram o clube sem divisão no futebol nacional e afundado na Segunda Divisão do Campeonato Paranaense (e tudo isso em meio a uma grave crise financeira), a torcida do Paraná Clube poderá cantar, mais aliviada e esperançosa, um “feliz aniversário” para o clube – especialmente o trecho da música que diz “muitas felicidades, muitos anos de vida”.

Nesta terça-feira o Tricolor da Vila Capanema comemora 34 anos de história e o motivo para o otimismo paranista é óbvio: na última semana, a juíza Mariana Fowler Gusso, titular da 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de Curitiba, autorizou a venda de 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Paraná Clube. A promessa é de um investimento de aproximadamente R$ 430 milhões no Tricolor ao longo dos próximos 10 anos. E a expectativa é por um recomeço.

A venda da SAF paranista foi intermediada pela Pluri Consultoria, responsável pela assessoria de clubes brasileiros no processo de transformação para SAF, e os investidores adquirindo a Sociedade são liderados pela Carpa Family Office, de Celso Colombo (fundador da Piraquê). Junto com ele, vários outros paranistas estariam investindo no clube, como Carlos Werner, Alphonse Voigt e Renato Trombini.

Entre as promessas dos investidores está o foco e revitalização das categorias de base paranista; mudanças na estrutura do clube (como a transformação da sede no Boqueirão em um centro de treinamentos); resolução do imbróglio com a União sobre a propriedade da Vila Capanema; e o retorno do clube à Série B do Campeonato Brasileiro até 2027.

Ascensão meteórica e queda brusca

Sensação na década de 1990, com seis títulos estaduais (com direito a um pentacampeonato entre 1993 a 1997) e um da Série B (em 1992), o Paraná ainda viveu bons momentos no começo dos anos 2000, inclusive chegando à Libertadores em 2007 (após terminar o Brasileirão do ano anterior em quinto lugar) e avançando até as oitavas-de-final da competição (acabou sendo eliminado pelo Libertad, do Paraguai).

O ano que marcou a estreia do clube na principal competição continental, entretanto, marcou também o início da derrocada paranista. Isso porque ainda em 2007 o Tricolor fez um péssimo Brasileirão e acabou em penúltimo lugar, sendo rebaixado à Série B. Na sequência, foram nove anos disputando a Segunda Divisão nacional (com direito a um rebaixamento no estadual nesse período, em 2011), até o retorno à elite do Brasileirão uma década depois.

A retomada do protagonismo paranista no futebol brasileiro, contudo, durou pouco. Já em 2018 o clube foi rebaixado novamente para a Série B após ficar na lanterna do Brasileirão. E a partir daí o clube foi ladeira abaixo: foi rebaixado para a Série C em 2020; caiu para a Série D em 2021; e foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Paranaense em 2022.

Pela primeira vez em sua história sem calendário nacional, fora até mesmo da Série D, o Paraná tinha uma única missão em 2023, que era voltar à elite do futebol paranaense. E fracassou: foi eliminado ainda na primeira fase da Segunda Divisão do Campeonato Paranaense e, com isso, o Paraná não entra em campo desde junho.

Após uma história de fusões, a possibilidade de uma inusitada incorporação

Como citado, um dos objetivos da SAF é devolver o Paraná à Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro até 2027. E para que isso seja possível, o clube terá de antecipar algumas “subidas de degraus”. Isso porque em 2024 o Tricolor disputaria apenas a Segunda Divisão do Campeonato Paranaense. Para voltar a disputar campeonatos nacionais, teria de não só retornar à elite do estadual, mas ainda fazer uma boa campanha no Paranaense para garantir vaga na Série D do ano seguinte.

E para viabilizar a missão de estar na Série B até 2027, a SAF estaria planejando um curioso negócio: a aquisição de outro clube estadual, que tenha vaga na elite do estadual, na Série D do Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil já em 2024. A compra do Cianorte é a mais especulada, mas outros clubes também estariam na mira dos investidores paranistas.

O Paraná, inclusive, nasceu no final de 1989 a partir da fusão entre duas equipes curitibanas, o Colorado Esporte Clube e o Esporte Clube Pinheiros. Agora, no entanto, o que aconteceria não é uma fusão, mas sim uma incorporação. Ou seja, o clube a ser adquirido seria absorvido pelo Paraná, que lhe sucederia em todos os direitos e obrigações (como capital, funcionários e estrutura, além do direito de disputar os campeonaros que a equipe incorporada disputaria).

No mesmo despacho em que autorizou a venda da SAF do Paraná, inclusive, a Justiça também autorizou a incorporação de outro clube SAF que esteja jogando a elite do estadual e competições nacionais.