Documentário De Virada, no HBO Max
Documentário De Virada, no HBO Max (Crédito: Divulgação/HBO)

Quando pensamos em mulheres no futebol, a primeira lembrança pode ser a de jogadoras como Tamires, do Corinthians, defendendo um time em campo. Mas as mulheres estão presentes em todos os níveis no esporte — e não só na categoria feminina. Roberta Fernandes, primeira mulher a se tornar CEO de um time de futebol, e a árbitra Edina Alves (nascida em Goioerê, no Paraná) são algumas das que atuam em outras áreas da indústria futebolística.

A história dessas mulheres, desde os bastidores até o jogo final, é contada no documentário “De Virada – Bastidores e Desafios do Futebol”, que estreia nesta terça-feira (7), na HBO Max. Fernanda Menegotto, diretora do filme, diz que a ideia é mostrar as histórias invisíveis como a de líderes empresariais, preparadoras físicas e até mesmo advogadas, como Roberta.

Protagonistas

Para isso, a diretora elegeu nomes de impacto para serem as protagonistas dessa história. Além de Tamires, Edina e Roberta, o documentário mostra como as mulheres participam de uma logística complexa para que a bola possa rolar por 90 minutos de jogo.

Esse mote surgiu para Menegotto em uma conversa rotineira com os filhos, ao ser questionada pela filha de nove anos sobre o porquê de não ver mulheres “mandando” no futebol. A resposta veio do filho, de seis anos, que rebateu que a mãe de seu colega de turma, Roberta Fernandes, mandava no futebol.

“Quando entrei não tinha em quem me inspirar”, diz Roberta à Folha. “É um movimento que precisa expandir e eu acho que eu tenho uma responsabilidade e uma chance de ser essa voz, esse agente de transformação.” Ela vê a sua participação no documentário como uma chance de inspirar outras garotas que também querem ocupar esse lugar.

Representatividade

A representatividade nas telas também é um ponto de destaque para Sabrina Nudeliman, CEO da Elo Studios, que produz o filme. “Eu acho que nos últimos anos a gente deu vários passos para trás com a diversidade. Então eu acho que mais do que nunca a gente precisa celebrar os avanços e garantir a sua manutenção”, diz, afirmando que esse é um projeto para falar com aqueles que ainda “não estão convertidos”, o que considera um grande desafio do entretenimento de impacto.

Menegotto compartilha do mesmo sentimento, afirmando que o documentário pode ser um catalisador para as conversas do protagonismo feminino, mas sem afastar o público masculino. “A gente quer que esses homens reconheçam que por trás dessas grandes decisões, as mulheres estão lá também participando”, diz.

Ela atuou junto de outras três diretoras: Dani Tolomei, Carla Meireles e Roberta Cunha, que reiteram que o filme quis mostrar histórias de bastidores, de superação e vitórias das mulheres, ao invés de focar apenas nos obstáculos.

Futebol feminino

O interesse de mercado no futebol feminino existe, afirma Nudeliman. A produtora e Fernandes apontam que o mais recente relatório de transferências globais da Fifa mostra que as movimentações no futebol feminino este ano dobraram em relação a 2024.

Roseli de Belo, ex-atacante da seleção brasileira na primeira Copa do Mundo Feminina, se diz confiante com o cenário atual do esporte. “Antes a gente jogava por amor mesmo. Até para ter um uniforme era difícil. Hoje deixamos um legado, e ele está crescendo cada vez mais.”

Copa do Mundo

Roberta diz acreditar que a Copa do Mundo Feminina de 2027, que acontecerá no Brasil, será uma oportunidade única. “Eu acho que a gente tem um longo caminho ainda pela frente, mas eu já vejo uma mudança muito grande. A Roberta de 20 anos atrás jamais imaginou que algo assim seria possível, mas quando eu olho para trás, eu tenho a certeza absoluta que é um caminho sem volta, a virada é agora e já está acontecendo aqui.