Bandeira à meio mastro. Foi a primeira visão que teve o torcedor do Coritiba que foi ao Couto Pereira e acompanhou a vitória sobre o Toledo. A cena revelava a dor da perda do maior ídolo da história do clube, o ex-presidente Evangelino da Costa Neves, que faleceu na madrugada do último sábado, sábado, aos 82 anos, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Antes do início da partida de ontem, os torcedores já entoavam o nome do “China” – apelido carinhoso pelo qual Evangelino era conhecido entre os amigos. Cortando o Couto Pereira estavam faixas negras, que também faziam parte dos uniformes das torcidas organizadas.
Ao entrarem em campo, os jogadores também traziam uma faixa, onde se lia: “Evangelino eterno presidente”.
Depois da execução do hino do Estado Paraná e nacional, os torcedores cantaram o hino do clube. Antes do apito inicial, foi respeitado um minuto de silêncio, que de silencioso não teve nada. Os 15 mil torcedores aplaudiram de pé o ex-presidente. A manifestação foi interrompida pelo apito do árbitro, que acabou sendo alvo de sonora vaia.
Ao longo do jogo, o nome de Evangelino era entoado a todo momento nas arquibancadas.
Santista de nascimento, o China desembarcou em Curitiba com 19 anos, como vendedor de títulos de capitalização. Em 1966, já dono de uma transportadora, aceitou o convite de amigos que tentavam reestruturar um clube endividado e sem títulos há seis anos, e tornou-se diretor de relações públicas.
No ano seguinte, o presidente Lincoln Hey pediu licença do cargo e Evangelino o substituiu. O primeiro título estadual veio em 1968, sendo que a conquista foi garantida no último minuto de um Atletiba disputado na Vila Capanema.
A maior de todas as conquistas foi alcançada em 1985, quando diante de um Maracanã lotado, os guerreiros do Coritiba, em final não recomendada para cardíacos, derrotou o Bangu nas cobranças de pênalti, para se tornar campeão Brasileiro.
Antes de se despedir da torcida, Evangelino completou 22 anos de excelentes serviços prestados ao Coxa.