
O fundador e diretor do Instituto Opinião, Arilton Freres, considera o momento político do país e do mundo como “muito complexo”, porque, segundo ele, “as pessoas estão muito fechadas em sua bolha”. E, graças a isso, é difícil mover os números nas pesquisas de aprovação ou intenção de votos em políticos. Mas admite que o movimento feito pela esquerda em favor do governo Lula nos últimos dias obteve algum êxito. “O governo vinha com muita dificuldade de emplacar uma narrativa. Esse movimento dos últimos dias, em que criaram o Hugo Nem se Importa (uma sátira inspirada no presidente da Câmara, Hugo Motta), conseguiu emplacar de certa maneira uma narrativa, principalmente com o eleitor lulista decepcionado”, disse ele.
Freres considera que essa retomada do discurso mais à esquerda por parte do governo Lula antecipou a campanha, mas diz que a polarização continuaria existindo de qualquer forma. Ele não vê muito espaço para crescimento do discurso que vem sendo adotado por alguns pré-candidatos, de que a população estaria cansada da polarização e preferiria menos radicalismo.
Em relação à eleição estadual, o diretor do Instituto Opinião vê o nome do senador Sergio Moro (União), que lidera todas as pesquisas com folga, com muita força pelo “recall da Lava Jato”. Freres também admite que a sucessão de Ratinho Junior pode ser disputada de fato entre nomes à direita, sem espaço para uma candidatura à esquerda. Neste caso, a esquerda voltaria a funcionar como um fiel da balanço, como aconteceu no segundo turno da eleição municipal de Curitiba, quando ela pendeu para a candidatura de Eduardo Pimentel (PSD), contra Cristina Graeml (PMB), mais associada ao bolsonarismo.
Na entrevista, Freres ainda fala da importância das pesquisas como fonte de informação ao eleitor. Mas diz que entende que o Congresso Nacional poderia ter se preocupado mais na exigência de regulamentação das empresas que fazem as pesquisas, para evitar o descrédito por parte dos eleitores.
Arilton Freres é sociólogo e foi o criador do Instituto Opinião, que tem sedes em Curitiba, Porto Alegre e Salvador e atua há mais de dez anos com pesquisas voltadas a empresas, políticos e instituições. O Instituto Opinião tem experiência em pesquisas nacionais, atuou em praticamente todos os estados e em mais de 300 municípios do país.
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Ficha técnica
Coordenação e produção: Josianne Ritz
Apresentação e produção: Martha Feldens
Operação: Luiz Fernando Hanysz
Edição: Luísa Mainardes