Paulo Betti apresenta monólogo em Curitiba
Paulo Betti comemora 49 anos de carreira em 2024. Foto: Arte Bem Paraná / Mauro Khouri.

Com uma trajetória que completa 49 anos nas telas da televisão e nos palcos do teatro, o ator Paulo Betti retorna à Curitiba com o monólogo “Autobiografia Autorizada” entre os dias 21 e 23 de junho, na Caixa Cultural.

O ator foi o entrevistado no programa Bem na Pauta do Estúdio do Bem Paraná (acesse a entrevista completa em vídeo no final desta matéria). Com texto e atuação de Paulo Betti, o espetáculo foi criado por ele em 2015. A direção é de Juliana Betti e Rafael Ponzi. A peça foi indicada ao Prêmio Shell de melhor texto em 2015 e finalista do Prêmio Faz Diferença (do jornal O Globo).

Ao Bem Paraná, Paulo falou sobre a peça e disse que assim como outros atores da geração, sempre quis criar um monólogo.

“Paulo Autran tinha um monólogo, a Fernanda Montenegro também. Com ideias de teatro ou sair por aí fazendo – de uma forma mais viável – o nosso ganha-pão. O meu monólogo é de alguém que é filho de uma empregada doméstica, que nasceu em um quilombo, numa senzala”

O ator ainda conta que sempre teve o costume de anotar aquilo que considerava importante registrar. “Fazia 25 anos que eu escrevia uma coluna semanal para o Jornal de Sorocaba. E eu não me dava conta que aquilo era escrever. Uma vez por semana, eu escrevia uma coluna. Então, eu percebi ali que o meu monólogo estava escrito porque eu tomei nota de tudo a vida inteira”.

No espetáculo, Paulo representa vários personagens de sua vida, como seu pai, mãe e avó, os textos divertidos são inspirados em escritos feitos por ele durante a adolescência. Além de diretora do espetáculo, Juliana Betti é também filha do artista.

Workshop para artistas

Além do monólogo, Paulo Betti também vai fornecer um workshop de interpretação para artistas e autores de Teatro e TV.

“Vou dar algumas orientações, não dá para aprofundar tanto em uma hora e meia ou duas horas, mas dá para estabelecer conexões. Eu tenho também um curso de adaptação literária que está disponível e dentro desse contexto dessa viagem, desse meu desejo de aproximação com o público. Para fazer o curso de adaptação literária eu vou me basear em cima do filme ‘A Fera na Selva’, que eu dirigi”

Versatilidade na carreira

Paulo Betti interpretou personagens das mais diversas especificidades ao longo da carreira. Entre os destaques da lista estão o badalado colunista de fofocas Téo Pereira, capitão Carlos Lamarca, Barão de Mauá, até o vilão Wanderlei na novela Mulheres de Areia.

Sobre o assunto, Paulo ressaltou que teve a oportunidade de trabalhar junto com diferentes autores ao longo da carreira. “É uma figura central no nosso trabalho! Os dois primeiros autores que eu tive foram Maria Clara Machado. Depois eu tive a sorte de fazer O Pagador de Promessas, do grande Dias Gomes. Sílvio de Abreu, Glória Perez, essa é a palavra. São aquelas pessoas que escrevem”.

O ator ainda destaca que o trabalho dos maquiadores, cabelereiros e figurinistas são essenciais para descobrir a identidade do personagem.

Inspiração na irmã

São tantos personagens na carreira de Paulo Betti que é impossível não mencionar Téo Pereira e seu tradicional bordão: “cruzes!”.

“Uma coisa curiosa que acontece comigo é que sempre eu pego traços do personagem na observação familiar. Uma irmã minha, Tereza, usei muito… Usei não! Eu recebi traços dela. Minha irmã Tereza falava, tinha gestos e fazia bocas. Eu botei isso em um papel! Téo Pereira falava muito como minha irmã Tereza”

Paulo acredita que cada personagem requer uma abordagem diferente. “O resto é decorar bem o texto e ser adequado àquilo que está sendo dito. O ator usa seu próprio corpo e o nosso corpo é nosso instrumento!”, diz.

Atores são os personagens

Na entrevista, Paulo afirmou que existem artistas que dizem que os atores não costumam levar personagens para casa. No entanto, para o ator, essa visão é equivocada.

“O ator leva sim personagem para casa. O nosso instrumento é o corpo, sua mente, suas emoções. Então, a gente vai buscar dentro da gente o personagem e você acaba sendo o personagem. Se eu fosse o Téo Pereira eu seria daquela maneira!”

Uma das condições da atuação é o que o artista precisa se entregar ao personagem. Foi o que Paulo Betti fez quando interpretou o capitão Carlos Lamarca em 1994. O ator emagreceu 15 quilos para viabilizar o papel no cinema.

“Foi muito marcante para mim e até perigoso. Não sei se eu faria hoje. Em um mês, eu emagreci 15 quilos, algo que era necessário porque a gente teria que começar a filmar do fim para o começo”

Assista a entrevista completa pelo Youtube