Nesta quinta-feira, dia 26, o Era Só O Que Faltava (Avenida República Argentina, 1.334) lança a nova edição do Projeto Parede, mostra de artes visuais renovada a cada dois meses pela casa. Com a curadoria de Fabrício Vaz Nunes e Jeanine Lemos Boggio e organização da artista plástica e assistente do Ybakatu Espaço de Arte, Débora Santiago, o projeto apresenta “A Morte da Carne”, uma exposição fotográfica autofágica, da artista curitibana Karen Tortato. O conjunto de 13 retratos, a preto e branco e colorido, retrata a morte de Karen e sua autofagia.

 

Nesta série Karen é seu próprio cadáver. A súplica da morte, o desejo de renascimento, assim como um último suspiro, uma pequena morte da artista por ela mesma. A exposição exibe apenas a primeira parte de uma tríade. A fase Azul que retrata os primeiros momentos da morte, em que o cadáver está gelado. Tem ainda a segunda parte que se chama “Vermelha” e mostra o sofrimento da carne. Na terceira fase, quando Karen completa a tríade, intitulada de “Branca”, ela mostrará a fase da purificação, ressurreição.

Esta obra é a visão da morte através dos olhos e mãos de duas artistas intrinsecamente unidas pelo fetiche e pela arte sociológica do “ser” enquanto carne, matéria podre, refrigerada. A carne também representa a fragilidade e a efemeridade da vida material e terrena, em contraposição à vida espiritual, eterna. Toda a idéia de Karen Tortato está retratada através da contribuição e do olhar de um ângulo diferente de sua amiga, a jornalista e fotógrafa Jeanine Lemos Boggio, numa leitura dramática, humorada e sensual da “Morte da Carne”.“Eu vejo uma certa poesia nesta exposição que tem um fascínio mórbido pela morte. A Karen glamouriza a morte crua/comum inserida dentro da obra”, finaliza Jeanine.

 Sobre a Morte da Carne:

 

“Estava quase morrendo quando ele veio naquela noite e viu a faca no meu peito pela metade. Como é um cavalheiro, forçou a faca até o fim, até sentir as costelas se abrindo e o peso macio da navalha bem perto do meu coração. Meu coração, enganou-se ele, era duro como pedra e a faca quebrou, deixou estilhaços de bomba em meu vazio… Agora eu deixo que a morte venha me buscar e minha carne cada dia parece mais branca, mais límpida das impurezas que pela terceira vez. (3 reis magos, 3 patetas, pai, filho, espírito santo, amém).” 

Suzanne Vegas

 

Projeto Parede

A arte deve ser bela e útil. O Projeto Parede nasceu, como o próprio nome diz, nas paredes do Era Só o Que Faltava, em abril de 2002, com uma exposição de desenhos de Luciano Boletti. O objetivo — além de reforçar o lema da casa, “Comida, diversão e arte” — é divulgar a produção de jovens artistas do Paraná e expandir os limites da intervenção artística para além dos museus e galerias, em um lugar informal. Dessa forma, o público fica mais à vontade para desfrutar as obras. Já participaram do projeto, artistas como Gleyce Cruz, Leandro Peixoto, Bruno Machado, Karen Tortato, Milena Costa, Karin Schwarz, entre outros. O projeto, que vem sendo amadurecido há alguns anos, já rendeu vários frutos e promete produzir resultados ainda por um longo tempo.

 

Serviço:

PROJETO PAREDE ERA SÓ O QUE FALTAVA

A MORTE DA CARNE – EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA AUTOFÁGICA

Organização: Débora Santiago
Curadoria: Fabrício Vaz Nunes e Jeanine Lemos Boggio
LOCAL: Era Só O Que Faltava (Av República Argentina, 1.334)
ESTRÉIA: 26.10.06 (Quinta-feira) / TEMPORADA: 2 meses

Horário: a partir das 18 hrs

Informações para o público: (41) 33420826