O público paranaense pode estar em contato com obras de Victor Brecheret, das fases indígena e marajoara, etapas marcantes de sua trajetória artística. A exposição “A Arte Indígena de Victor Brecheret” reúne 23 esculturas e 16 desenhos originais, acompanhados de documentação de época e ampliações fotográficas, oferecendo ao público um painel didático e informativo do trabalho do artista.

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Expoente da arte brasileira, Victor Brecheret é representado em destacadas coleções particulares e institucionais de nosso país e no exterior, desfrutando de reconhecimento internacional e permanecendo um dos grandes marcos do movimento Modernista.

Sua obra em escultura – mármore, pedra, bronze e terracota – teve forte influência da arte indígena nas décadas de 1940 e 1950, quando o artista manifestou, já ao final de sua existência, intenso interesse pela cultura da região amazônica.

Cativado pelas civilizações que habitaram o Brasil há muitos séculos na Ilha de Marajó, ao norte do país, Brecheret criou sua arte Marajoara. Aproximando-se do primitivismo milenar, pré-histórico, ele inspirou-se em nossos antepassados e inventou sua arte indígena, um estilo novo, antropofágico, com fixação de motivos brasileiros, típicamente nacional.

Com incisões e grafismos que lembram a escrita cuneiforme, o artista esculpe em terracota temas que representam a volta para uma época na qual lendas e mitos indígenas faziam parte do cotidiano desses povos inspiradores. “O Índio e a Suaçuapara” (obra vencedora do I Prêmio Nacional de Escultura Nacional da I Bienal de São Paulo), “A Luta da Onça”, “Veado Enrolado”, obras em que consegue dar-nos intensa emoção com poucas linhas e cujo ritmo marca a sensibilidade da massa, são alguns dos temas que estão nesta exposição de obras Marajoara.

Além da terracota, Brecheret utilizou-se de pedras. Pedras que vieram do mar. Um tesouro que as ondas não quiseram mais e depois de descoberto nas areias da praia, foi levado para o atelier: três pedras que durante milênios viveram sob o dorso verde do oceano. Esculpindo-as, Brecheret deu-lhes uma história. Marcou ali, em traçados rústicos, a figura de uma índia, de um peixe. E suas pedras criaram vida. Nessas três obras, principalmente, o escultor aproxima-se do primitivismo milenar, do instante em que a escultura deixa de ser baixo relevo para se tornar gravura. E tanto são gravuras as suas pedras, que Brecheret fez, para todas elas, uma série de estudos em desenho, procurando a melhor construção, o melhor ritmo, a melhor composição bidimensional sem nenhuma preocupação com o relevo. É apenas o traço que acompanha as curvas da pedra, em sulcos profundos, fazendo brotar não a projeção de uma forma, mas a ilusão dela.

Com a chancela do Instituto Victor Brecheret/SP e texto crítico da historiadora e doutora em artes Maria Izabel Branco Ribeiro, a mostra conta com a especial participação da obra “O Beijo”, pertencente ao acervo do Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado.