Curitiba abrigará duas exposições simultâneas: “Peso” e “Pleno”. Em “Pleno”, o artista plástico catarinense André Rigatti, especialista em Artes Visuais pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, apresenta 15 obras distribuídas em pinturas a óleo sobre papel e desenho de vinil sobre papel.

Na mostra “Peso” a artista paulistana Julia Amaral e a catarinense Aline Dias refletem a noção de peso e do seu antônimo – a leveza – nas 14 séries de fotografias e duas instalações, desenvolvidas entre 2002 e 2007. A proposta das artistas chama a atenção ainda para o peso nas esculturas (formas de lidar com suspensão, densidade e gravidade) e, sobretudo, aponta a carga metafórica do peso através da sobrecarga, excessos e movimentos.

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Os trabalhos expostos em “Pleno” são resultados da pesquisa de Rigatti sobre suporte e espaço, em que a elaboração e ordenação dos movimentos sobre o papel são o ponto chave. “Minha idéia sempre foi a busca pelo estudo do espaço do papel. Esse material, que se liga ao desenho, tem a possibilidade de uma grande imersão, maior que a tela e a fotografia. No desenho, sempre estudei a colocação das linhas na folha e como pontuavam o espaço. Depois disso, cheguei à cartografia em que há o delineamento de territórios”, explica Rigatti. “Penso a superfície do papel como o lugar onde se realizam articulações entre visão, imaginação e sensibilidade, onde sua significação situa-se na linguagem”, completa.

O papel branco como suporte diário abriu espaço para o artista pensar também na questão cromática, nas possibilidades de pintura e no estudo de cores. Segundo ele, a base branca permite que as cores vibrem entre si, a partir da escala cromática. Nas obras de Pleno, destacam-se os tons de verde, vermelho e terra. As obras foram produzidas pela junção de pequenas partes recortadas e coladas, linhas que vão se constituindo e se justapondo.

Construindo o espaço ocupado e, por isso, pleno. “No trabalho de Rigatti, as delicadas linhas coladas potencializam a base, ressaltando sua cor, textura, trama. Assim, salientar o uso do espaço vazio soa contraditório. São espaços plenos e não vagos”, considera Simone Landal, mestre em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná.

Peso x leveza

Utilizando objetos não convencionais como pedras, insetos, casas de papel e balões, Aline Dias e Julia Amaral propõem um exercício de apreensão e articulação do peso e da leveza dos objetos. Em algumas obras, as artistas retiram o peso das coisas, subvertendo as qualidades, densidades e tensões delas. Os exemplos mais notáveis estão nas obras “Pedra e balão” de Aline Dias, fotografia que apresenta um pequeno balão amarrado a uma grande pedra, próximo a praia ou em “Aranhas” de Julia Amaral, série de cinco fotografias que registram o processo de nascimento de um grupo de aranhas. A instalação de Julia também ilustra a percepção de peso e leveza.

“Pedra de sonho” traz um balão composto por um revestimento em forma e textura de pedra, preenchido por bexigas de gás hélio. O balão ficará situado na área externa do MAC, amarrado a um paralelepípedo e será solto ao céu no último dia da exposição. Como ilustra Ana Lucia Vilela, doutoranda no programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), “Quem pensa pende. Está pendurado por um fio, se retesa e se estica e aproxima. Aqui as imagens estão atadas umas às outras, tencionam as outras, se pensam por um fio”.