Um dos maiores nomes da arte naif mundial apresenta telas inéditas em exposição individual na Galeria de Arte Um Lugar ao Sol. Do dia 21 de novembro a 10 de dezembro, admiradores de arte curitibanos poderão conferir o trabalho do santista Louis Marius Amorim Ferreira, ou apenas Ferreira, um dos grandes representantes brasileiros dessa estética que privilegia a pureza, ou mesmo a inocência do artista, que se expressa livremente.
Naif, termo de origem francesa que significa ingênuo, é a arte da espontaneidade, um estilo que pertence a artistas sem formação sistemática, autodidatas em sua grande maioria, que não possuem qualquer compromisso com os moldes acadêmicos. Nem com as tendências modernistas e tampouco com a arte popular. Mesmo rompendo com o conhecimento tradicional de arte, propondo uma nova estética, totalmente inovadora, a arte naif brasileira é considerada a mais bela do mundo.
As obras naif geralmente apresentam uma composição plana, bidimensional, tendendo à simetria. Não há qualquer perspectiva geométrica linear e as pinceladas apresentam tons muito fortes. Mas nem mesmo essas poucas características são sempre respeitadas. Cada artista possui seu estilo fortemente marcado. “O termo naif abrange desde as pinturas rupestres da pré-história, dos loucos de hospícios, até uma pintura muito sofisticada. É um termo bastante abrangente”, revela Ferreira.
Apesar de não gostar de rótulos, o artista explica que é um paisagista. Coloca nas telas sua vivência, uma interpretação poética, pessoal, com cores e formas, expressando seu sentimento em relação àquilo que viveu. “Para mim, a pintura não é somente uma questão estética, de beleza, é uma vivência”, completa.
Para a marchand Munira Calluf, proprietária da Galeria de Arte Um Lugar ao Sol, Ferreira talvez seja hoje o nome de maior destaque no Brasil. “A história de Ferreira teve início na década de 70 quando ele era pescador no litoral de São Paulo e, durante um período impróprio para a pesca, começou a pintar. Logo de imediato, fez muito sucesso, principalmente com capitães de navios estrangeiros que atracavam no porto, e hoje é um dos grandes destaques mundiais da arte naif”, destaca.
Ferreira conta que o gosto pela arte vem de sua infância. “A pintura sempre foi uma paixão muito grande. Já ‘lambuzava’ algumas telas desde pequeno”. No início, pintava sem a preocupação de se encaixar em algum estilo. “Depois é que fui saber que o que eu fazia era arte naif”.
Apesar do grande talento, Ferreira não imaginava que poderia realmente largar a pesca e viver da arte. Foi somente em 1991 que, depois de expor durante dois anos na Praça República, em São Paulo, decidiu entrar em contato com galerias especializadas em arte naif. Então não parou mais, era uma exposição depois da outra. O reconhecimento foi imediato. Vendeu todos os quadros em sua 1ª exposição individual e passou a exportar para França e Estados Unidos. “Os EUA estão descobrindo a arte brasileira. Para se ter uma idéia, em apenas dois meses, vendi minha produção toda para um marchand norte-americano”, revela o artista.
Mas não apenas os americanos são grandes admiradores de Ferreira. Depois do sucesso de exposições em Israel, Canadá, Espanha, Suíça, México, Japão e França, agora é a vez de Curitiba conhecer o melhor da arte naif. “Tenho grande admiração pelo aspecto cultural de Curitiba, altamente ligada à cultura. É exemplo para o país de como temos que nos desenvolver”, desabafa Ferreira.
Quem se interessa por sua arte, ou mesmo quem ainda não a conhece, pode conferir algumas de suas telas em sua 8ª exposição individual.
As obras de Ferreira podem ser encontradas com exclusividade na Galeria de Arte Um Lugar ao Sol. O espaço, localizado no centro histórico de Curitiba, tem uma sala dedicada exclusivamente à arte naif.
Em tempo
Exposição Louis Marius Amorim Ferreira
Data: 21 a 10 de dezembro
Local: Galeria de Arte Um Lugar ao Sol
Av. Jaime Reis, 134
Horário: 10h às 19h (finais de semana até às 13h30)